Capuz Escarlate -Legado do lobo

Capítulo 19

Era de se esperar que Victor iria surtar quando chegasse o momento derradeiro de compartilhar a cama com Klaus, ainda mais, depois daquela desastrosa conversa com Hansel, contudo, ao chegar na pousada, ao colidir com as fofas e aconchegantes cobertas... Apagou. Quanto tempo tinha dormido? Isso Vicky não podia responder, só tinha noção que se sentia recuperado e estranhamente confortável. Abriu os olhos, soltou um resmungo devido aos feixes de luz que teimavam a passar pelas frestas das cortinas.

— Droga... — gemeu querendo pegar um travesseiro e cobrir o rosto, assim conseguiria alguns minutos a mais de escuridão e serenidade, mas havia um pequeno problema: não conseguia mover o braço. O que levou a constatação de outro problema diretamente atrelado ao anterior: não podia mover o braço pois Klaus o estava abraçando. Sendo mais específico, ambos estavam deitados de lado na cama, sendo que o Lobo estendia seus membros superiores e inferiores sob o corpo do humano. Um abraço frouxo, pernas entrelaçadas, literalmente estavam na famosa posição de conchinha.

— Eu não acredito... — balbuciou o caçador tentando permanecer calmo diante da situação, conforme a sua mente despertava outros detalhes ficaram evidentes, tais como o fato de tanto Gallego quanto Jägered estarem vestidos somente com as roupas de baixo, mais especificamente? Estavam só de cuecas! Victor não recordava quando se despia, mas no momento tinha que se concentrar nos acontecimentos. Em resumo, estava seminu e compartilhando a cama com um lobo a qual detinha sentimentos mais que uma simples amizade.

Quiçá estivesse dramatizando demais a situação. Não era a primeira vez que dormiam juntos. Na ocorrência anterior, também tinha despertado em uma posição comprometedora, aninhado sob o amplo peitoral de Klaus. Sim, já devia estar acostumado a esse tipo de constrangimento, contudo o acelerar do seu coração provava o contrário. Para piora, podia sentir o respirar do Lobo em seu pescoço, gerando calafrios que percorriam a sua espinha.

"Tenho que escapulir sem acorda-lo..." começou a planejar a sua fuga, não queria que Klaus despertasse e se aproveitasse da vantagem tática que teria. Nisso, Victor começou a se remexer, tentando "escorregar" por entre os braços fortes do seu parceiro, estava quase se livrando quando esses mesmos braços se fecharam sob o caçador e o puxou para de encontro com o corpo musculoso e incrivelmente quente de Klaus Gallego.

— Você estava acordado, não é? Todo esse tempo?! — concluiu Victor rangendo os dentes de raiva e embaraço, as respostas para as suas perguntas foram prontamente obtidas através de uma risada abafada emitida pelo Lobo.

—Como poderia dormir quando meu companheiro de cama não para quieto? — falou com uma voz embargada, evidência de sono, mas Vicky não se deixaria enganar, Klaus poderia muito bem estar fingindo, afinal ele já provara o quão ardiloso poderia ser...

—Eu não me mexeria tanto se não estivesse preso! — enfatizou essa realidade se remexendo e não conseguindo se livrar dos membros que o imobilizavam.

— Preso? Só estou compartilhando um pouco de calor lupino com você. Deveria apreciar e não reclamar, afinal o amável dono da pousada, senhor Rumpelstiltskin, parece ter cortado o aquecimento dos quartos.

— Como é? — bem que não seria uma verdadeira surpresa, levando-se em consideração a natureza muquirana do duende.

— Ele pretende nos matar congelados para depois roubar nossas coisas e vender no mercado negro? — conjeturou o humano já imaginando as formas que poderia se vingar da miniatura irritante e de nome esquisito.

—Isso é uma possibilidade plausível, que eu saiba esse dito "mercado negro" é de fato controlado por duendes e uma pequena parcela pelos anões. Não é à toa que se chama, na verdade, de mercado dos duendes.