Capítulo 31

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As ruas da vila estavam desertas. O silêncio era quase sufocante. Se não fosse as luzes acesas dentro das casas, se podia imaginar que estavam em uma vila abandonada. O temor do que veria a seguir fez com que a população Alsfeld buscasse o abrigo de seus lares. Contudo, eles não estavam só se escondendo, Victor pode ver a sombra de canos de armas enquanto passavam por uma das casas. Os pacatos moradores podiam estar com medo, mas estavam preparados para enfrentar os inimigos. Ou assim pensavam...

— Eles irão ficar traumatizados pelo o resto de suas vidas. — comentou o caçador, com as mãos dentro de seu casaco cor vermelho sangue. Sentia pena por aqueles que foram arrastados para aquele conflito. Pelas famílias que perderam as suas crianças. Pelo medo que tornaria um companheiro constante daquele povo que vive sobre as sombras da imponente floresta.

— Alsfeld já sofreu outros ataques no passado. Vocês devem ter visto as ruínas da antiga sede do vilarejo. Ora, ela foi a sede da Ordem dos Capuz Escarlate. Os anos podem ter passado, mas esse povo é descendente dos primeiros caçadores da Ordem. Não devemos subestimá-los. — lembrou Malcom.

— E não são eles o alvo dos sectários do Barba Azul... — acrescentou Klaus enquanto caminhava lado a lado de Victor. Contudo, sua atenção não focava nas casas ou no desolado ambiente. O Lobo fungava.

— Está gripado? Ou chorando? — inqueriu Victor, preocupado. Era só o que faltava, no meio de um evento épico o seu parceiro estaria espirrando e com febre! Era uma variável claramente desfavorável para a crise que enfrentavam.

— Ele está farejando. — respondeu Malcom que também levantou o nariz para o alto de inspirou profundamente.

Estava no meio de dois Lobos. Para ser mais específico, um Lobo e um Híbrido. Ambos com habilidades sobre-humanas que na visão de Victor Jagäred, era só uma forma de o excluir do clubinho sobrenatural que parecia se formar entre Klaus e Malcom.

"Eu não preciso de super-sentidos lupinos para ser eficiente em meu trabalho!" pensou, irritado.

— Alguém se aprox....

Antes que Klaus pudesse terminar a sua sentença, Vicky já tinha sacado a sua arma e apontado para atrás. Sua mira direcionada para a cabeça do perseguidor, que cambaleou para trás, surpreso.

— Ameaçar um guarda Real, servidor da Rainha Vermelha... Isso é uma afronta a lei que nos rege... — tagarelou o homem. Calvície. Sobrancelhas grossas que nem taturanas. Gordura. Não demorou para Victor identificar Jerome, o chefe da guarda Real daquela região.

— Eu não estou ameaçando. — disse Victor notando a presença de outros guardas se aproximando pela ruela em que se encontravam. As luzes dos postes apagadas, a única luz advinha das casas o que tornava a visualização precária, pelo menos para o caçador humano. Isso não era problema para seus companheiros sobrenaturais.

— Então, por que não abaixa a arma?

— Não estou a fim. As vezes tenho essa vontade instintiva de empunhar minha arma e apontar para cabeça das pessoas, sabe? Fale para ele Klaus.

— É, realmente ele tem essa mania. — Anuiu Gallego.

— Isso não é uma atitude adequada para um caçador, subordinado a Rainha e...

— E sumir quando a população a qual você jurou proteger mais precisa de ajuda seria uma atitude adequada para um guarda Real? — questionou Vicky engatilhando a sua arma.

Jerome engoliu em seco. Os guardas levaram as mãos ao cabo de suas espadas. Sim, guardas eram antiquados ao ponto de usarem espadas e lanças ao invés de armas de fogo. Eles pareciam ter parado no tempo, esquecendo que uma bala podia ser bem mais rápida do que a lâmina de uma espada.

Capuz Escarlate -Legado do loboOnde histórias criam vida. Descubra agora