Eu venho de uma família grande, digo grande mesmo, éramos em quatorze filhos meus pais lutavam para poder nos criar , a minha mãe não tinha estudo nenhum, mas sabia ler escrever, a leitura era o que ela mais amava, o meu pai um caboclo, homem bruto, marcado pelo sol do litoral de Ilhabela,ele trabalhava de sol a sol. Gostava muito da pescaria, tinha suas próprias canoas.
Eu sou uma dos quatorze filhos que meus pais tiveram no relacionamento de quase cinquenta anos.
Para começar essa história que é uma realidade, é que acontecia naquela época, lá pelos anos de 1929 o meu pai era neto de uma escrava, minha bisavó era negra e ainda escrava!.. No Brasil a escravidão ainda era uma realidade, sei que na parte da Europa a escravidão já havia terminado, mas aqui no Brasil ainda era um problema, os donos das fazendas de cafés não aceitam que fossem ficar sem seus escravos. Mas isso já é outra história.
Não sei muito da vida da minha bisavó, só sei que ela teve a minha avó , nessa época a escravidão aqui no Brasil já estava no final, crianças nascidas a partir daquela data nasceriam livres. Minha avó se casou e teve o meu pai, em que na época era filho único, também sei muito pouco da vida da minha avó,mas meu pai dizia que a minha avó não tinha juízo nenhum, talvez porque casou muito cedo, e naquela época não tinha muito o que fazer, papai dizia também que a minha avó era tão imatura que quando ele tinha apenas meses de idade, ela saia para para correr com os cachorros na praia. Ela sempre deixava meu pai sozinho em casa. Meu pai dizia ainda que ele tinha uma tia que tomava conta dele, porque a minha avó não tinha responsabilidade nenhuma.Passando algum tempo a minha tia pegou meu pai para criar, assim que meu pai cresceu as pessoas que o conheciam chamavam ele de o incorrigível. meu pai não gostava de estudar, a tia dele mandava para escola mas ele mudava de rumo, queria se aventurar. A minha mãe era filha da ilha , o pai da minha mãe era português, a minha mãe dizia que o pai dela veio de Portugal com trinta e cinco anos, já era um homem, ele veio de navio nessa época, sei que eram tempos difíceis, a minha avó era muito menina quando conheceu o pai da minha mãe ele era muito mais velho do que ela, mas a minha mãe disse que foi amor a primeira vista, meu avô que nasceu atrás dos montes em Portuga, não comentava nada a respeito da vida dele em Portugal, ela dizia que não ele não dava abertura para os filhos perguntar sobre a vida dele, mas isso ele levou com ele na morte. sabia que a minha avó era muito nova, ela contava para a gente que iria esperar ela ter um pouco mais de corpo para poder se casar com a minha avó, pelo que sei ele era muito amigo da família dela. A família da minha mãe conheceu meu avô em viagens pelo mar, eles tinham barcos de camarão, e foi assim que a família da minha avó acabaram aceitando meu avô. Ele começou a frequentar a casa do meu bisavô, e assim meu avô começou a namorar com a minha avó.
Sei que naquela época os casamentos eram arranjados pelas famílias, creio que o meu avô tinha uma vida instável, acho que para os meus bisavós queriam um bom casamento, não sei de detalhes, sei que dessa união nasceriam três filhos.
O mais velho dos filhos tinha quase trinta anos quando a minha mãe nasceu,o do meio que tinha um apelidado carinhosamente tio Nino, nós chamávamos assim, depois a minha tia clara, apelidada também de mana, essa minha tia era mais velha que a minha mãe vinte e dois anos de diferença.
A minha mãe contava que essa minha tia tinha muito ciúmes dela, talvez porque ela era Caçula dos filhos, e depois de dois homens veio essa tia, a minha mãe foi criada como a Caçulinha, a minha mãe também tinha um apelido de Lolita, eu acho que foi o meu avô que colocou ao passar dos anos. Assim a minha avó se casou com esse português, e depois de vinte dois anos a minha mãe nasceu.
A minha mãe morava atrás da Ilha num pequeno bairro, alí todo mundo conhecia todo mundo, a minha mãe nunca foi para escola, a minha avó queria que ela estudasse, mas, eu creio que tinha ela não estímulo da família por isso nunca frequentou uma escola. A minha mãe aprendeu a ler e escrever com os filhos depois nós conseguirmos alfabetizar- lá.
Passando algum tempo, a minha a minha tia se casou e foi embora com o marido, a minha mãe continuou morando com a minha avó e meu avô, os meus tios casaram-se também é foram viver as suas vidas, a minha mãe contava que quando ela tinha uns cinco anos de idade, ouve uma catástrofe aqui na Ilhabela, ela conta que todos o moradores ficaram chocados com com o ocorrido, havia uma pedra muito grande que os navios naquela época não sabiam, hoje em dia os navios são rebocados até quase perto da ilha.No ano de 1916 , a minha mãe contava que ouviu muitas pessoas saírem de suas casa horrorizadas, estavam indo para e praia com o barulho terrível (era o navio Príncipe de Astúrias que havia afundado ali) ouviram pessoas gritando dentro do navio, pois estavam perto da praia onde a minha mãe morava, imaginem que perto dali, a minha mãe dizia que havia corpos por todo lugar, criança com cinco anos de idade como aquilo ficou na cabeça dela para o resto da vida, não digo só a minha mãe, mas todos os moradores daquele lugar. Sei que muitas pessoas daquele navio morreu, pois esse navio acabou chocando contra as pedras do fundo da Ilhabela, esse navio havia saído cheio emigrantes vindo p o Brasil da Espanha.
O tempo foi passando, a minha mãe dizia que o meu pai era filho do lugar também, eles se conheciam desde criança e a minha mãe não tinha amizade com ele, sei que o meu pai nessa época já gostava da minha mãe em segredo. A minha mãe dizia que o meu pai com os meus tios tinham muita amizade, ela falava que era até de farra, palavras da minha mãe.
A minha mãe e o meu pai foram crescendo alí numa comunidade pequena e se tornaram se adultos, quando a minha mãe completou quinze anos o pai dela morreu de câncer, a minha avó ficou sozinha para acabar de criar a minha mãe, sei que naquele tempo a mulher só trabalhava em casa, a minha avó dependia do meu avô, dali em diante ela tinha que se virar para sobreviver.
E assim a minha mãe foi crescendo com muita dificuldade, era uma época muito sacrificada para o mundo, pois estavam sentindo aqui no Brasil a segunda guerra Mundial, a minha mãe dizia que tudo era bem escasso, ela também dizia que até o sal de cozinha era um quilo para cada família, se acabasse o sal não tinha mais até o outro mês, com a comida era a mesma coisa, tempos difíceis aqueles, a luta era grande, o bom nessa história é que os caiçaras viviam da pesca que antigamente peixes no mar não faltavam.A minha mãe foi crescendo alí naquele vilarejo, mas meu pai já olhava a minha mãe com outros olhos, ele tinha muita amizade com os irmãos dela, principalmente com o mais novo que tinha a idade dele, meu pai começou a frequentar a casa da minha avó, como ele tinha muita amizade com um dos meus tios, ele não saia da casa dela, a minha mãe dizia que um dia a minha avó Chegou p ela e disse. Minha filha você precisa arrumar um marido, eu não vou viver para sempre.
A minha mãe era uma filha sossegada, eu creio que se ela pudesse ficaria com a minha avó para sempre, e com essas idas e vindas, ela foi se tornando uma mulher bonita, e naquela época havia muitos bailes em casas das famílias, e ela ia com as primas dela.
Meu pai também gostava muito de dançar, ele adorava samba, a minha mãe dizia que eles dançavam a noite toda, e nesses bailes da vida; e foi nessa época que ela começou a namorar com o meu pai.
E assim eles acabaram se casando, meu pai era muito namorador , não podia ver um rabo de saia, como se dizia antigamente. Eram épocas muito difíceis, a comida era escassa por causa da guerra de trinta, mas assim eles viviam. A minha mãe começou a namorar com meu pai, e quando lá um dia, ele pediu a minha mãe em casamento, e assim se casaram. Como havia dito as coisas a vida era muito difícil pois eles não tinham estudo, e tbm emprego era muito complicado, temos difíceis aqueles.