Logo pela manhã, Joseph vai até o quarto de Alina para notificá-la que, a partir de agora, ela fará todos os serviços diretamente ligados à rainha, a começar pelo café da manhã.
Já em frente ao aposento da rainha, a jovem respira fundo e bate na porta.
- Entre! - Exclama Cordelia.
- Com licença, majestade - Diz Alina friamente fazendo a reverência.
Ao entrar, ela se depara com Cordelia e seus longos cachos louros soltos, sentada em sua imensa cama, cercada por finos lençóis brancos. Ela dá uma breve olhada ao redor do cômodo e fica encantada com a beleza e o luxo que há naquele lugar. Porém, logo o encantamento dá lugar à revolta. Ela não entende como uma rainha com tanta riqueza pode permitir que o povo padeça na miséria diante de seus olhos.
Caminhando em direção à rainha ela coloca a bandeja sobre seu colo e a serve. Enquanto esta toma seu café, Alina aguarda em pé, evitando olhares.
- Sente-se! - Exclama Cordelia amigavelmente.
- Estou bem, majestade - Responde Alina com indiferença.
Cordelia não gosta da resposta da jovem, porém não a contraria.
- Há muito vive aqui? - Pergunta a rainha.
Alina hesita, mas poucos segundos depois, responde:
- Eu nasci aqui, majestade.
Abismada, Cordelia pergunta retoricamente:
- Como ainda não nos conhecíamos?!
Porém, a jovem prontamente lhe responde:
- Acredito que vossa majestade, não olhe para quem está abaixo de seu nariz! E eu fico num lugar, que certamente nunca foi alcançado por seus olhos.
Cordelia fica irada diante da resposta de Alina, porém, para sua própria surpresa, ela se contem e não expressa sua raiva diante de tamanha fronta.
- Estou satisfeita! - Exclama Cordelia se dirigindo à jovem, com seu velho sorriso cínico no rosto.
Ouvindo isso, Alina retira a bandeja do colo da rainha e caminha em direção à porta. Porém, é interrompida.
- Aonde pensas que vais? - Pergunta a rainha ironicamente - Deixe isso aí - Diz ela apontando para um móvel - É hora de meu banho!
Alina novamente respira fundo, e atende as ordens da rainha.
Enquanto a jovem coloca a bandeja no móvel, Cordelia, altiva se levanta e caminha até sua banheira. Alina a segue. Ao perceber a falta de reação da jovem, ela ordena em tom de pedido para que esta retire suas vestimentas. Sem condições de recusar, ela faz o que lhe mandam.
Sem muita habilidade e, certo receio, ela começa a despi-la. Em seguida, a rainha entra na banheira e fica de costas para sua mais nova criada. Esta pega uma barra de sabão e, começa com pouca intimidade, esfregar levemente os ombros de Cordelia. Neste momento, um desejo intenso de por fim a vida daquela mulher, toma a mente de Alina. Afogá-la, ali em sua banheira. Seria rápido e fácil. Porém, sua consciência se equilibra e pensa na conversa que outrora teve com o irmão. Ela esperaria o momento certo.
Ao sentir o toque das mãos - um pouco ásperas - de Alina, a rainha sente algo estranho percorrer-lhe o corpo. Uma sensação inédita. Por um momento, ela se sente em uma espécie de transe. Totalmente relaxada. Um súbito desejo de olhar para a jovem a toma, e ela pede então para que Alina esfregue seus pés. Rapidamente, ela atende o pedido da rainha.
Cordelia a observa com atenção, como se novamente procurasse algo. Uma outra resposta cuja pergunta, ela ainda desconhecera. Alina faz movimentos circulares nos pés da rainha, subindo vagarosamente até suas rijas e macias cochas e, assim como Cordelia, ela também sente algo diferente ao tocar a carne da mulher que odiara e, também não sabe explicar o que é. A única certeza era que algo acontecia quando seus corpos estavam próximos.
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AMADORAS
Short StoryEis que lhes apresento, um conto de fadas. Não o idealizado, ao qual estamos acostumados, mas um conto hostil. Violento. Porém, com amor. Amor vindo de duas pessoas completamente amadoras na arte de amar.