Capítulo 4

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Logo pela manhã, Alina se encontra na cozinha junto à outros serviçais, preparando o café da rainha, pensando indagada ainda sobre a noite anterior, em que Cordelia desabara de forma tão frágil diante de seus olhos.

Ela precisava saber sobre Elena. Ela precisa saber o que havia acontecido com a mãe da rainha.

- Isobel?! - Se dirige Alina, à cozinheira e mais antiga criada do castelo.

- Sim, menina. - Responde a senhora maternalmente, com algumas muitas décadas de vida, e uma voz já um pouco fraca e trêmula.

- Já trabalha aqui a um bom tempo, não é mesmo? - Pergunta Alina.

Isobel faz um gesto positivo e lento com a cabeça, enquanto meche um grande caldeirão de água com alguns legumes.

- Deve conhecer todas os mistérios que rondam este castelo, e este reino... - continua ela tentando não desmontrar seu muito interesse - E certamente, deve saber a história da rainha.

Neste momento, Isobel pára, e dirige seu olhar a jovem.

- Onde quer chegar, menina? - Pergunta a senhora com os olhos semicerrados e um semblante sério.

Alina percebe que não deve proceguir com esse assunto, visto o olhar de reprova da cozinheira, porém, mesmo assim, a jovem continua.

- Quero saber sobre a mãe de Corde... - Antes que ela pudesse terminar a frase, é surpreendida por Isobel.

- Você enlouqueceu? - Diz a senhora, segurando no braço de Alina com toda pouca força que ainda se encontra em seu corpo - A rainha não permite que toquem nesse assunto. A ultima vez que ousaram fazer isso, houve duas pessoas empaladas e queimadas, menina. Se tens ao menos um pouco de amor por tua vida, não volte a falar nisso - finaliza Isobel, soltando o braço da jovem e voltando sua atenção para o caldeirão depois de se recompor.

Alina percebe que terá que encontrar outra forma de descobrir sobre o passado da rainha.

Já diante da grande mesa de carvalho, repleta de comida, Cordelia dirige-se à seu criado.

- Joseph! - Diz ela, segurando uma xícara de chá na altura do rosto - Prepare meu cavalo! Irei dar um passeio pelos campos. Faz um belo dia!

Surpreso, ele prontamente atende a ordem de sua rainha.

Junto com seu criado, Alina e, alguns soldados, ela parte cavalgando elegante, em seu robusto e negro frisão.

Realmente, faz um lindo dia. O sol, que a muito não era visto, apareceu majestoso naquela manhã de primavera.

Cordelia cavalga por entre as mazelas de seu reino, apática. Ela ao menos olha para a plebe que padece. Apenas segue altiva, em direção aos campos, cujo os quais estão se recuperando de um intenso inverno, e voltando aos poucos à um agradável tom esverdeado.

Alina, diante de toda essa indiferença e maldade, sente uma revolta intensa. Suas mãos sentem uma necessidade enorme de pegar a adaga, dada pelo irmão que está escondida por debaixo do pano de seu vestido, e enfiá-la sem piedade no peito daquela rainha desumana.

Se distanciando de toda miséria, e se aproximando dos campos, Cordelia anuncia à seu criado e aos soldados, para que permaneçam ali à sua espera. Irá continuar o passeio somente com Alina.

Alina fica supresa diante da ação da rainha, assim como Joseph.

- Minha rainha, não posso permitir isso. É perigoso demais. - Fala ele como se tivesse alguma autoridade sobre Cordelia.

- Por acaso você está indo contra uma ordem minha? - Pergunta ela intimidando-o.

- Perdoe-me por ter me equivocado. -Responde Joseph abaixando a cabeça.

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