Waves

Chapter Four - Replay

(Y/N):

 Acordo instintivamente com um grande sorriso, lembrando, apenas mais tarde, dos acontecimentos mais recentes. Sinto uma raiva enorme dentro de mim, seguida por uma tristeza que me põe a chorar durante alguns minutos. Quando me levanto e me dirijo ao espelho, tenho os olhos inchados e os meus pés pesam. Decido ficar hoje em casa. Não me apetece arranjar-me, muito menos ver os meus falsos amigos. É só um dia, e talvez vá ás aulas da tarde. Cubro-me com os lençóis e ligo a televisão.

 Jug:

 - Viram a (Y/N)? - pergunto, ao chegar ao pé do Archie e da Betty. Ela desvia o olhar. Sei que ficou chateada comigo por a ter posto nesta situação toda. Eu percebo que não esteja a ser razoável, mas neste momento só me preocupo com a (Y/N).

 - Acho que não veio... Eu tentei ligar-lhe e não me atende - responde o Archie.

  Preciso de falar com ela. Sei que o que fiz não tem desculpa, mas pelo menos quero que ela me oiça. Vou para a minha primeira aula. Passando pelos corredores, tento encontrar a (Y/N), mas nem sinal dela. Sento-me na mesa da sala, mas não me consigo concentrar. De repente, vem-me uma ideia á cabeça. Será que ela foi embora? É possível que tenha ficado tão chateada comigo que se tenha ido embora? Afinal foi eu que lhe pedi que ficasse... Saio imediatamente da sala para ir ter com ela. O Archie está na aula, mas eu faço-lhe sinal da porta para vir ter comigo, enquanto o professor resmunga connosco:

 - Archie, dá-me a morada da (Y/N)! - digo apressando-o.

 - Não sei, Jug... - diz ele, fitando o chão. Porém, ele vai dar-me a morada quer queira, quer não.

 - Anda lá! Preciso de falar com ela. Eu vou resolver tudo, prometo - imploro eu.

 - Ok, mas não faças mais porcaria - diz, enquanto entrar novamente na pequena sala.

 Estou parado á porta dela. Está a chover intensamente cá fora, e estou completamente encharcado. Espero, pacientemente que ela abra a porta. Mas, no entanto, sei que não o fará.

 - (Y/N) , por favor abre. Só preciso que me oiças.

 (Y/N) :

 Ele permanece na minha porta á 15 minutos. Vou abrir a porta, não porque queira, mas sei que se não o fizer, ele não sairá. Ele parece surpreendido quando o faço. Entra, calmamente.

 - Só quero que me oiças. Eu sei que fiz tudo errado mas só preciso de um pouco da tua atenção - diz, docemente. Senta-se no sofá velho e começa ligeiramente nervoso:

 - Então... eu sempre senti uma pequena atração pela Betty, só que ela nunca quis nada comigo - reviro os olhos e ele continua - mas quando tu chegas-te eu esqueci-a completamente, juro! Eu apaixonei-me no primeiro momento em que te vi. Nunca mais pensei na Betty daquela maneira - olho pela janela, já é noite... - (Y/N), eu amo-te. Ontem, o que viste não passou de um erro, nós estávamos muito juntos e foi um impulso.

 - Não quero ouvir mais nada! Sai! - impulso? Como é que ele tem coragem de dizer uma coisa destas?

 Ele não liga ao que eu disse e continua:

 - E a Betty não teve nada a ver com isto. Eu é que a beijei. Mas não foi intencional, tens de acreditar em mim, foi uma coisa do momento. Eu nunca mais te volto a fazer nada assim. Confia em mim... - ele parece que está a chorar. É muito bom ator.

 - Eu já foi muito magoada, Jug. Não posso deixar isso acontecer de novo.

 - Como assim?- devo contar-lhe? Devo contar-lhe tudo o que me aconteceu. Efetivamente, apetece-me desabafar, preciso de falar com alguém sobre isto, sem ser a minha mãe.

 - Queres saber porque me mudei realmente para cá? - estou mesmo a dizer isto? Nunca contei nada a ninguém. Achava que tinha de lidar com isto sozinha, mas apesar de tudo, tenho vontade de contar tudo a este rapaz, que também já me fez sofrer.

 - Então é assim... - ele olha atentamente para mim - antes de vir para cá, eu namorava com um rapaz que era um cantor muito famoso... chamava-se Luke. A nossa relação era complicada porque nunca tínhamos tempo para estar um com o outro, e havia os concertos, turnés... - ele parece impressionado com o que estou a contar - Mas gostávamos muito um do outro, eu amava-o. E ficámos juntos durante quase 2 anos. Até chegámos a viver no mesmo apartamento.

 Ainda me custa tanto a falar disto, não sei se chego ao fim desta história... O Jug ás vezes olha-me atentamente e, outras vezes fita a lua que permanece lá fora.

 - Porém, um dia ele foi em turné. Não nos vimos durante muitos meses. No inicio, falávamos todos os dias, mas isso mudou. Lá para o fim da turné, nem comunicávamos. Um dia, eu vou á net e tinha esta noticia horrível - começo a chorar, mas recupero rapidamente. O Jug parece preocupado e senta-se mais perto de mim - aliás, isto estava por toda a Internet. O Luke traiu-me múltiplas vezes com todas as raparigas que lhe apareciam á frente, durante o tempo que esteve fora. Ficava bêbado, constantemente. Foi como se tivesse vindo uma pessoa totalmente diferente. Eu fui falar com ele, fui até á Austrália onde ele estava... Porém, ele nem se desculpou, nem deu nenhuma explicação, era como se eu tivesse á minha frente um desconhecido e não a pessoa com quem havia passado 2 anos. Isto foi o que me mais me magoou. Nem se deu ao trabalho de se justificar. Todos os seus amigos sabiam disto e, no entanto nenhum foi capaz de me dizer. Eu tive de lidar com todas estas noticias em todo lado, fui completamente humilhada. Foi devido a tudo isto que me decidi mudar para um sitio calmo.

 O Jug olha para mim e depois para o chão. De certa forma, acho que foi bom eu ter desabafado com alguém. Depois de algum silêncio, ele fala:

 - Tenho tanta pena, (Y/N)... Não imaginava que isto te pudesse ter acontecido. Lamento mesmo muito. Eu nunca te quis magoar - ele aproxima-se, cuidadosamente, de mim e abraça-me.

 - Jug... tens de sair agora, por favor - digo, com um tom autoritário.

 - Por que? - pergunta, ainda abraçado a mim.

 - Porque... se ficares mais um segundo neste espaço... eu vou beijar-te.

 Contar tudo ao Jug fez-me  muito bem. E apesar de saber que não estou a fazer a coisa acertada, eu gosto dele e sei que está arrependido. O Jug aproxima-se com rapidez e beija-me intensamente.