O trânsito estava terrível naquela noite. Como se já não bastasse eu ter saído atrasada por causa das cantadas incessantes do meu chefe. Alô, onde estava o profissionalismo dele?A chuva que me pegou desprevenida, vestido de verão e sandálias não era uma boa idéia, ainda tinha um trânsito que andava como uma tartaruga com artrite. Meu longo cabelo negro ondulado estava começando a ficar frisado e minha maquiagem estava começando a sentir os efeitos da umidade. Maquiagem a prova dágua meu cu isso sim. Propaganda devia ter classificação fantasia nível Senhor dos Anéis.
Meus olhos azuis refletiam no espelho retrovisor e com a ponta do meu dedo indicador eu passei ao redor dos meus lábios carnudos corrigindo o batom vermelho biscate. Puta merda eu tava gostosa! Só espero que o cara valha a pena a produção.
Nesse momento escutei um grito vindo da frente dos carros. O atraso era devido a um acidente. Ótimo! Qual era o problema dessa gente que passava igual lesma do lado dos acidentes pra ver os detalhes? São médicos por acaso? Não.
Com muito sacrifício eu consegui passar e, quando cheguei no ponto onde estavam os paramédicos eu virei meu rosto, não queria ver. Meu dia já estava ruim, a imagem de alguém ferido era o que eu não precisava.
Trinta minutos depois eu estava chegando no bar onde minha amiga Lilith tinha marcado o encontro as escuras pra mim. Aquela vadia! Eu falei que não queria, falei que estava bem sozinha, mas ela não podia ser dissuadida então aqui estava eu, vestido semi transparente, lingerie mais cara que um tratamento dentário e maquiagem 'vem me comer' porque eu estava decidida a não ter uma noite perdida. Mas sem compromisso, se tudo saísse errado eu ainda ganharia umas bebidas grátis. Por isso o look puta chic, os caras jogavam dinheiro pela ilusão.
Eu entrei, olhei ao redor tentando encontrar o cara com a flor na lapela, mas nada a vista. Ele devia estar atrasado também.
Me sentei no bar, o bartender me fez companhia e alguns caras me ofereceram bebida, obrigada roupa de biscati, mas eu era só papo. Minha experiência se resumia a um namorado na faculdade, ele tinha menos experiência que eu e não muito dotado também. Então, como Lilith costumava dizer, eu era uma semi virgem que estava esperando ser devidamente fodida.
Quando eu tinha certeza que o cara não tinha aparecido e que não ia aparecer mesmo, eu resolvi encerrar a noite. Pedro, o bartender, me passou o whats dele pra gente conversar mais depois, mas pelo jeito que ele flertava com todo mundo, homens e mulheres, eu não via muito futuro ali fora uma ou duas noites de sexo regado a bebida. Ele ia pra lista do 'talvez'.
Saí no frio da noite e quando estava chegando no carro fui derrubada no chão e uma mão cobriu minha boca. PUTA MERDA, VOU MORRER!
- Me ajude!
Eu pisquei algumas vezes até a imagem se formar. Era um cara, cabelos negros bagunçados, olhos claros, azuis ou verdes, mas não parecia ser ocidental. Parecia japonês, coreano ou algo assim. Eu estava sendo atacada pela yakuza!
- Não tenha medo. – Ele falou como se pudesse ler minha mente. Será que podia? – Preciso que me leve até um hospital.
Assim que ele falou eu baixei meus olhos e vi sangue saindo do seu peito então concordei com a cabeça e ele relutantemente tirou a mão da minha boca. Eu abri a porta e nós dois entramos no carro. Era tudo muito surreal, mas eu ainda estava em choque por ter sido jogada no chão.
- O que aconteceu? – Eu perguntei quebrando o silêncio e ele tossiu.
- Você não acreditaria. – Nossa, a voz dele era hipnotizante. O sotaque deixava ele tão exótico.
- Tente. Nós temos tempo. – Ele tinha colocado as coordenadas do hospital no GPS e eu olhei o tempo da previsão de chegada. – Vinte minutos pra ser mais exata.
- Ok. – Ele falou depois de hesitar. – Eu fugi de um laboratório que modifica o código genético humano para criar uma nova raça. Melhor, maior e com melhores chances de sobreviver ao fim do mundo.
- Claro, e eu me chamo Branca de Neve, moro com sete anões e eu saí pra comprar lubrificante de morango pra nossa suruba.
Ele me olhou como se estivesse considerando o que eu estava dizendo.
- Por Deus! Eu estou sendo sarcástica. – Sacudi a cabeça. – É que o que me disse é meio doido.
- Eu sei. Nem eu mesmo as vezes acho que é verdade, mas as cicatrizes não me deixam esquecer.
Ele ergueu as mangas mostrando as cicatrizes do que pareciam agulhas, cortes, costuras e gemeu de dor.
- Me desculpe, mas isso precisa ser levado a público. O mundo precisa saber disso.
- Eu pretendo fazer mais do que isso. – Os olhos dele se tornaram ferozes e eu engoli em seco já prevendo o que ele queria. – Eu vou fazer eles pagarem por cada cicatriz com o próprio sangue.
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Profundamente Sua
RomansaEssa história é sobre uma garota comum que tem sua vida mudada quando encontra um coreano geneticamente modificado super humano. Os dois vivem uma tórrida noite de amor e ação que coloca seus mundos de ponta cabeça. ATENÇÃO! NÃO LEVEM NADA DESSA HIS...