Only for you, my little moon {Camren}

Sorry if I'm bordering you

Tem a música o poder
de tornar o homem feliz
nem há quem saiba dizer
tanto quanto ela nos diz.
António Aleixo

Tudo poderia dar errado naquele dia, da mesma forma que, poderia dar certo.
Camila tremia, sua respiração era descompassada, suava mesmo sem nenhuma atividade física do seu corpo. Andava de um lado para o outro, nem podia tentar ensaiar, seu piano estava em processo de transição até o pátio, que após toda a transportação, lhe daria pouco tempo para ensaiar.

Seu pai era o único familiar que ali estava, pois perdera sua mãe quando lhe dava a luz. Um fato muito triste em sua família.

Antes de resolverem ter Camila, sempre tiveram planos. Eram artistas pouco conhecidos, entretanto, com a morte de Sinu, suas obras se tornaram bastante conhecidas em sua região. A arte dos mortos são mais valorizada do que dos próprios vivos. Em seus quadros sempre retratou diversas coisas, de críticas sociais até as riscos aleatórios, sendo para Camila uma das únicas lembranças que sua mãe havia deixado.

Sua criação com Alejandro sempre foi algo muito alegre apesar de tudo, ele a fazia esquecer seus problemas e até os resolvia. Ela nunca necessitou que seu pai casasse com alguém para lhe fazer feliz, ele era o suficiente para ela, e ela, para ele. Mesmo assim, tentou diversas vezes procurar alguém, só que a peça que lhe faltava era única e não havia outro quebra-cabeça que pudesse encaixar.

Sinu foi o amor de Alejandro, mas tirado muito cedo, sendo sua única luz, a criança que estava naquele exato momento morrendo de ansiedade para sua apresentação.

Só faltava meia hora para que se apresentasse na frente de todos que estariam ali. Finalmente puseram o piano que tanto esperava, agora podendo ter seu momento a sós com ele.

Sua professora sabia do gosto da garota, logo aproveitou para fazer ao menos a escolha certa para a música que iria tocar, escolheu Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain.

Camila sabe que sempre poderia contar com sua professora. Além de gostar da música que havia escolhido, também fazia parte de um dos seus filmes favoritos, " O fabuloso destino de Amélie Poulain". Já assistiu tantas vezes que estava quase decorando as falas.

Srta. Heavens era como uma psicóloga pessoal, quase uma mãe. Desde o primeiro encontro, já sabiam que haviam várias coisas em comum além da música, desde então começaram a criar intimidade -mas nada além dos portões daquele colégio, por motivos de ser antiético-, até um ponto que falavam de seus problemas pessoais, principalmente Camila com seus conflitos internos. Batalhas que nunca tinham previsão de acabar.

Apenas falando alguns minutos para o sinal tocar, Camila foi direto ao seu pai para que lhe desejasse boa sorte.

- Pai- disse abrindo seus braços para se acomodar em seus braços- eu não sei se eu vou conseguir, minha mãos tremem demais.

- Camila. Você já passou por tantas coisas que já lhe apavoravam, porque essa te da mais medo?- Seu pai poderia não ser o homem mais inteligente do mundo, porém, era um dos homem mais sábios que já viu.- você precisa confiar em si mesma e principalmente no seu piano. Quando toca, você se une ao instrumento, da vida a ele de uma forma que é como se dissesse que precisa de você da forma que você precisa dele. Confie nele que ele confiará em você.

O olhar de Alejandro era neutro, mas um pouco sério. Nunca aprendeu nenhum instrumento sequer, mas ao ver a filha, era capaz de entender tudo.