Louise Clarke
🌹
Era complicado para Louise Clark tentar explicar o que vinha acontecendo com ela nos últimos dias, desde que terminará seu relacionamento com a sua primeira namorada. Louise sempre teve a certeza de sua orientação sexual, ela acreditava que nascerá “lésbica”, e nada nem ninguém poderia lhe dizer o contrário. Em sua infância, basicamente quando tinha seus sete anos, viu-se em fúria quando um de seus amigos da escola, o jovem Enzo Larsen tentou beijá-la.
— Ficou louco? — perguntou ao garoto com seus punhos cerrados, que na mesma hora ficou mais pálido que um fantasma com a reação da menina — Eu não gosto de garotos, seu idiota. — continuou a dizer, deixando o menino ainda mais confuso e assustado — E se tentar fazer isso novamente, vou arrancar seus olhos da cara.
Na hora que ela falou aquilo, suas palavras não surtiram efeito algum. Não nela. Mas, próximo aquela pequena confusão estava a professora deles que os observava atentamente e que achou interessante uma criança de sete anos se expressar daquele jeito. Naquele mesmo dia, assim que Jenifer, mãe de Louise, fora buscá-la à professora chamou a mulher em particular e contou-lhe toda a história. Jenifer apenas sorriu.
Quando mãe e filha chegaram em casa, Jenifer decidiu contar para o marido sobre o ocorrido, pelo simples motivo de ter achado engraçado. Chamou Léo e a filha na sala e puxou o assunto sem maldade alguma.
— Nossa filha, tem um admirador . — ela sorriu ao dizer.
Louise fez cara de brava assim que o pai acariciou seus longos cabelos loiros e sorriu da situação.
— Mas já? Quero conhecê-lo. — ele se afastou um pouco quando a filha grunhiu.
— Garoto insuportável. Não sai do meu pé. — Louise falou — Ele tentou beijar a minha boca. Que nojo.
O homem sorriu.
— Um dia filha, isso vai acontecer e eu garanto que você não vai achar nojento.
— Dúvido muito. Eu nunca vou beijar Enzo Larsen. — ela colocou o indicador em riste — Quer saber, eu nunca vou beijar um garoto. — ela se jogou no sofá, cruzou os braços e puxou o controlo da televisão com o pé.
— Quem me dera isso fosse verdade, filha. — Jenifer respondeu, encarando o marido.
Léo assentiu.
E era verdade. Três anos após essa conversa, quando Louise tinha seus dez anos, ela decidiu questionar os pais sobre a sua recente descoberta pela falta de interesses em garotos. Ela contou á eles que não se sentia atraída por nenhum menino da sua turma ou da sua vizinhança. Eles tentaram explicar para ela que era normal, até por que era muito cedo para ela sentir essas coisas. Mas Louise era apenas uma criança. Uma criança que estava começando a se descobrir.
Louise encarava seus pais, e disse com os olhos marejados pelas lágrimas.
— Vocês não estão entendendo. — Ela passou a mão no rosto vermelho e molhado — Eu não sei o que acontece... Só que quando um garoto chega me paquerando na aula de educação física, eu não sinto vontade de ficar com ele. Não sinto vontade nem de ouvir o que eles tem pra me dizer.