Dez; Agulhas e Desespero,parte um

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O despertador tocou,mais alto que o normal,acordando o francês de susto.

"Eu juro que não foi eu!" -Gritou,ainda meio sonolento. -"Ugh,que merda.."

Saiu da cama,se apoiando nas paredes,para não cair -por conta do sono.- e foi até o banheiro,fazer o que todos fazem de manhã. Começou a escovar seus dentes,e notou que olheiras começaram a surgir. Herança de mãe,pensou. Terminou de escovar os dentes e ajeitou seus piercings,que estavam meio tortos. Penteou o cabelo e passou um pouco de gel,para que ficasse no lugar. Foi para o quarto,pegou uma regata estampada com um enorme "fuck you" no peito,uma calça justa com os joelhos rasgados e um allstar surrado. Vestiu suas roupas e pegou uma jaqueta -de couro.- de precaução,junto de seu celular. Correu para fora do hotel,chamou um táxi e disse seu destino,rapidamente. Estava um pouco atrasado,e odiava ficar atrasado.

Ele pediu para que o motorista não tivesse dó do acelerador,e que pisasse fundo nele. E foi o que o velhinho careca fez. O velho dirigia bem rápido,fazendo Nathaniel repensar no pedido que fez; Burrice,não é?

"Leonardo acho que vou morrer hoje" -O francês enviou a mensagem para o amigo,esperando ele responder.

"Nossa que drama,rainha. Que houve?"

"Meu taxista acha que é o Paul Walker."

"AUSHAUSHAHSUAH" -O moreno respondeu; Mas o que diabos era isso,afinal? Um tipo de código?

"Não entendi,Leo"

"É uma risada,Nathan! Credo!"

Como aquilo era uma risada? Parecia mais um ataque epilético do que risada; Enfim,o francês avisou que não ia responder mais,porque ia tentar falar com a mãe. O moreno só respondeu com um "ok,manda um abraço pra ela por mim".

O francês abriu a conversa com a mãe,e a chamou mais algumas vezes,esperando que ela responda. O que ela não fez.

Ele então chamou Ícaro. Esse sempre respondia pontualmente.

"Ícaro,você sabe porquê a minha mãe não me responde?" -O francês enviou,começando a ficar nervoso,de novo.

Nenhum dos dois respondeu,o que era muito estranho. Ligou para a mãe,e nada. Ligou para Ícaro,e também não deu em nada. O que estava acontecendo,afinal?

Quando se deu conta,já estava no estúdio. Pagou o taxista e entrou no estabelecimento,logo se desculpando com o tatuador,por ter demorado.

"Sem problemas,isso acontece muito nesse horário." -O japonês parecia um pouco irritado,mas lidava com isso como um profissional.- "Deite ali,sem a camisa,e me espere."

Nathaniel obedeceu,tirando a regata e deitando na maca,para esperar o tatuador. Ficou ali,quieto,por um bom tempo; E até quase dormiu.

"Desculpa a demora,alguém usou minhas agulhas e as deixaram imundas." -O tatuador disse,parecendo estar mais irritado.

"Tudo bem,não tem problema" -O francês disse,de olhos fechados,ainda esperando.

O tatuador mergulhou a agulha na tinta e começou a bater ela contra a pele de Nathaniel. Aquilo doía,e bastante; Mas Nathaniel já era um pouco acostumado com a dor.

O dragão,na realidade,não era tão grande assim; O tatuador fazia linhas suaves,que lembravam antigas pinturas japonesas. Aquelas de samurais ou gueixas. O barulho da agulha de sete pontas ecoava pela sala,junto de alguns gemidos baixos de dor,vindo do francês.

"Se estiver doendo demais,podemos parar"

"Que isso,cara. Pode ir" -Nathaniel disse,rindo fraco.

O tatuador continuou a bater a agulha na pele do rapaz,formando de pouco a pouco um majestoso dragão.

Da França para O MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora