Onze; Agulhas e Desespero,parte dois

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O japonês batia e batia a agulha na pele levemente escura do rapaz,penetrando sua pele e preenchendo ela com tinta. O dragão,que já fazia horas que estava sendo produzido,estava quase pronto. O francês sentia dor,mas sabia que aquilo ia passar logo,e ia valer a pena.
Nathaniel sentia seu celular vibrar algumas vezes,em seu bolso; Mas preferia ignorar,por  causa de sua atual situação. Deveria ser somente Leonardo,mandando “memes” de uma tal de Inês.

-

O tatuador limpou a pele do rapaz,retirando o excesso de tinta,revelando um dragão de boca aberta,preparado para cuspir fogo. O moço pediu para que Nathaniel se levantasse,porque já havia terminado.

“Thanks” –Nathaniel sussurrou,se levantando devagar. –“algum cuidado especial?”

“Nada de banho com água quente até cicatrizar,use uma pomada especial e sempre a mantenha hidratada.” –o japonês disse,feito um sargento dando ordens á um mero soldadinho.

“Entendi,obrigado de novo,Myamoto” –o francês disse,sorrindo fraquinho.

“De nada,senhor” –Myamoto fez o gesto de agradecimento,abaixando a cabeça e depois dando um leve sorriso.

O francês pegou sua camisa,e a colocou devagarinho; Sorte que a tatuagem estava protegida. Logo pegou o celular,para ver as notificações.

50 mensagens de 3 conversas
11 ligações de Ícaro
4 ligações de Mamãe

“Nossa,quanta coisa” –o francês sussurrou,estranhando tudo aquilo. O que aconteceu,afinal?

Ele desbloqueou o celular,enquanto saia do estúdio. Checou as mensagens: algumas de Leonardo,sobre a tal de Inês (e sobre uma tal de Nazaré),e o resto era de Ícaro e de sua mãe.

Ícaro: por favor,Nathan..me responde!
É urgente
Responde,por favor
Querido,responde
Responde!

Mãe: é o Ícaro aqui
Pensei que assim você me responderia
Nathaniel,eu juro que vou te bater se você não responder
Merde,é sério isso?
Nathan!

O francês lia e lia,uma mensagem atrás da outra. Ícaro parecia assustado,ou preocupado com algo; Resolveu então ligar para ele.
Não demorou muito para que Ícaro atendesse.

“Seu desgraçado!” –Ícaro gritou. –“Por que não me respondia?!”

“Eu tava ocupado,cara. Calma ai”

“Calma nada! Você tem noção do que aconteceu?” –Ícaro agora,parecia bravo; Parecia uma mãe,que acabou de descobrir que o filho cabulou aulas o mês inteiro.

“É isso que eu quero saber,loirinho. Me explica o que aconteceu logo”

“Sua mãe pifou aqui. Os médicos disseram que foi um infarte,mas  como ela demorou pra voltar,acabou faltando oxigênio no cérebro dela,e ela teve que ser internada”

Nathaniel congelou; Como assim,internada?

“Ícaro,me diz que é brincadeira sua”

“Nathan,você acha que eu brincaria com isso?” –o rapaz suspirou. –“Ela é como uma segunda mãe pra mim,eu me importo com ela”

“Desde quando ela está internada?”

“Desde hoje de manhã,querido..Ela tava normal antes,me ajudando a fazer umas receitas novas pro restaurante,ai ela começou a passar mal,e depois ‘desligou’” –agora,a voz de Ícaro estava tremula,como se fosse chorar. –“Eu tô assustado,querido..”

“Se você tá assim,imagina eu..” –Nathaniel suspirou,sentando na beira da calçada. “Tem algo a ver com fumo?”

“Os médicos ainda não sabem,não posso responder..desculpa”

“Nah,que isso..faz um favor?”

“Sim,Nathan?”

“Cuida dela até eu voltar?” –Nathaniel disse,já bolando um plano em sua cabeça.

“Como assim ‘voltar’?” –Ícaro estava confuso. –“Você vai voltar pra França? Pensei que você ia pra Alemanha,não pra cá”

“Eu tenho que cuidar da minha mãe,oras” –Nathaniel se levantou,e começou a andar. –“Vou comprar a passagem,se tiver. Mas é bem capaz de eu chegar ai de noite,mas qualquer coisa te aviso,ok?”

“Pode ser,querido..” –Ícaro respondeu. –“Me traz algo daí?”

“O que você quer?”

“Eu queria comer aqueles mochis,sabe? É um docinho,tipo um bolinho..geralmente recheado de feijão. E traz flores pra sua mãe,por favor”

“Ela prefere cactos,bobão” –Nathaniel riu fraco,tentando aliviar a tensão.

“Pensei que ela preferisse tulipas,ela sempre enfeita a mesa com tulipas”

“Eu levo os dois,então” –Nathaniel respondeu,rapidamente. –“Mais alguma coisa,esposa?”

“Sim,pare de ser estúpido,e de me chamar de esposa.”

“Okay,meu amor”

“Nathan!” –os dois riram da situação,mesmo sendo um pouco estranha. Nathaniel se despediu do amigo e desligou o celular em seguida. Correu para a estação de metrô,já olhando as passagens que o aeroporto ainda tinha; Em como todo bom cliché,o protagonista sempre consegue o que precisa,certo? Aqui é meio assim também,pois por sorte (ou protagonismo),existia um voo para a França. Onde o avião pousaria era longe de Lyon? Era,mas não tem tanto problema assim.

Quando chegou no aeroporto,foi logo comprar uma passagem de ida para a França. O sistema estava com problemas,o que acabou irritando e atrasando o pobre francês.

Após comprar as passagens,foi procurar dois lugares: floricultura e uma lojinha de doces.
Não sabia se mochi era mesmo bom,mas já que Ícaro queria,e já que Nathaniel já estava no Japão,por que recusar?

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⏰ Última atualização: Mar 19, 2017 ⏰

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