O avião decola e eu encosto minha cabeça no ombro de Cameron, querendo relaxar. Ainda é madrugada e tudo o que eu quero agora é dormir.
Larissa se encontra na janela ao meu lado (segundo ela, já que não tem um namorado para fazer a viagem mais confortável, ela tem o direito de ir na janela) e Manu e Nash estão mais a frente de nós.
Desde que ela contou ao namorado que está grávida, eles estão mais próximos do que nunca. Aliás, a reação dele ao descobrir que vai ser pai foi melhor do que o esperado. Segundo Manu, ele pareceu que ia desmaiar no começo, mas depois assegurou que não vai deixar minha irmã sozinha nessa e que vai assumir o filho- ou a filha.
Quando chegamos em Londres, o clima está como sempre: frio e chuvoso. Um sorriso cresce em meu rosto com a sensação de estar em casa.
Essa alegria cresce mais ainda quando, ao chegarmos no lobby do nosso hotel, encontro duas pessoas que me fizeram tanta falta: Emily e Ethan.
Assim que eu os vejo, solto um grito e largo as minhas coisas, correndo para dar um abraço bem apertado neles.
-Não acredito que vocês estão aqui!- falo para a morena e para o loiro.
-Você não vai se livrar da gente tão fácil, Angel!- Ethan fala apertando o abraço.
-Surpresa?- Cameron pergunta quando eles se aproximam.
-Foi você?- pergunto e ele assente- Eu tenho o melhor namorado do mundo- falo dando um selinho nele.
Apresento os dois ao pessoal, e decidimos que vamos só deixar as malas nos quartos e partir para conhecer Londres. E é isso que fazemos.
Em cerca de vinte minutos já estamos de frente para o Big Ben, babando pela vista maravilhosa para a London Eye.
E assim passamos o resto do dia: eu, Ethan e Emily dando uma de guias turísticos para Manu, Nash, Cam e Lari. Demos uma volta na London Eye, passamos pela Oxford Street e pelo Buckingham Palace, andamos naqueles ônibus vermelhos de turismo e acabamos o dia num pub comendo o tradicional fish and chips que eu tanto amo.
Depois disso, nos despedimos dos meus dois amigos, já que amanhã o nosso vôo é pela manhã, e fomos para o hotel, dormir. Larissa ficou sozinha num quarto e nós ficamos em casais.
-Gostou de hoje?- Cam pergunta quando eu me deito ao seu lado na cama.
-Eu amei! Muito obrigada pela surpresa, Cam. Foi maravilhoso rever eles- falo apoiando minha cabeça em seu peito.
Cam me puxa mais para perto, apertando minha cintura, e deposita um beijo no topo da minha cabeça.
-Cam?
-Hm?- ele devolve. Posso sentir pela sua respiração que ele está quase dormindo.
-Eu te amo- confesso pela primeira vez e um alívio sai de meu peito. Consigo sentir ele sorrindo.
-Eu também te amo, Carter.
***
Abro os olhos e me deparo com o relógio da cabeceira marcando seis da manhã. Mesmo com o fuso horário, o jetlag e horas intermináveis no avião, não consegui dormir, inquieta.
E logo eu decido atender o pedido do meu inconsciente. Saio da cama, sem acordar o Cameron, tomo um banho e me arrumo, deixando minha mala já fechada e pronta para viajar.
E então, sem avisar a ninguém, sigo para o lugar que tem tomado conta dos meus pensamentos desde que eu cheguei.
Assim que saio do táxi, começo a caminhar em busca do número 114-A. E lá está ele, gravado naquela lápide cinza sem graça, junto com o nome Sophie Carter e uma frase de uma escritora francesa que minha mãe amava.
Deixo o ramo de rosas brancas na grama em sua frente e, após analisar por mais alguns segundos, me sento ali, em cima do lugar em que o caixão foi colocado.
-Oi, mãe- falo mesmo sabendo que ela não pode me escutar. - Você tinha me dito que ia doer, mas que ia passar. E sabe de uma coisa? Você estava errada. Nunca vai parar de doer- digo já sentido as lágrimas em meu rosto junto com aquela dor no peito sufocante.
Abro a minha bolsa e pego a carta que meu tio John me entregou no meu aniversário. Quantas vezes eu já peguei essa carta e nunca tive coragem de abrir. Mas, aqui, junto da minha mãe, parece ser o lugar mais certo para fazê-lo.
Abro o envelope e reconheço aquela caligrafia. Não sei como ela conseguiu escrever essa carta sem que eu visse, já eu que não desgrudava dela nem por um segundo, mas fico feliz que ela o fez.
Respiro fundo e começo a ler.
"Angeline
Se você está lendo essa carta, você completou dezoito anos e eu não estou mais aí para lhe parabenizar. O engraçado, filha, é que essa idade representa uma fase de amadurecimento, de se tornar mais livre e independente; e por mais que eu quisesse estar aí, de certa forma é isso o que a minha morte deve representar para você: amadurecimento.
É a hora de você seguir a sua vida e se preparar para o que o mundo tem a te oferecer. É a hora de cometer erros e aprender com eles. É a hora de se apaixonar, de sofrer. É a hora de viver.
Você não sabe o quanto dói em mim saber que eu não vou estar aí quando você se formar, se casar, ou que eu não vou conhecer meus netos. Mas eu vou estar aqui em cima, cuidado e olhando por você, prestando atenção em cada passo que você der, e lhe ajudando toda vez que você cair.
Eu sei que não vai ser fácil para você, mas aproveite essa vida nova para receber o que ela tem a lhe proporcionar. Um bom começo seria perdoar seu pai. Tenho certeza que, cabeça dura do jeito que você é, não deve nem estar falando com ele. Mas, Angel, todo mundo merece uma segunda chance. E a vida passa rápido, eu sou a prova disso. Aproveite as pessoas ao seu redor enquanto você as tem e, no fim, você olhará para traz e saberá que tudo valeu a pena; que você amou enquanto pôde e aproveitou a vida ao máximo.
Depois de perdoar ele, é a hora de perdoar a si mesma. Não há nada que você pudesse ter feito que fosse mudar o meu destino, e eu sei que você pensa o contrário, que de alguma forma você pudesse ter me salvado. Mas não tinha.
Então vá, viva. Há um mundo repleto de maravilhas lá fora, e ele te espera.
Mas, para isso, você tem que me deixar ir. Não quero dizer que você deve me esquecer, ou viver como se isso não tivesse acontecido- a minha morte vai lhe deixar uma cicatriz pelo resto da sua vida, mas será apenas para te fortalecer. Me deixe ir, sabendo que eu sempre vou cuidar de você. Não leve a minha ida como um fardo que você terá de carregar pelo resto da sua vida.
Me deixe ir, sabendo que eu te amo incondicionalmente.
Sophie"
Nessa altura, meus soluços já podem ser escutados por qualquer um que passar por aqui.
Limpo meu rosto e me forço a parar o choro.
Você tem razão mãe, e eu estou disposta a te deixar ir.
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Welcome to LA | C.D.
Fanfiction"Assim que percebo quem é, meu coração parece parar de bater. Acabo ficando super nervosa pela presença dele. Não pelo fato dele ser Cameron Dallas, o famoso viner e ator; ou por ele ser um dos meninos mais atraentes que eu já vi. Fico nervosa por s...