Eram aproximadamente 4:30 da manhã quando acordei, não estava surpresa pois mesmo que meu horário de acordar seja 5:30 eu sempre acordava antes...

Sem nada pra fazer resolvi me
levantar, fui para o quintal dos fundos e deitei na rede, adoro as horas escuras, estava tão entediada que acabei pegando no sono e só acordei com o barulho agudo do despertador tocando. Devagar e sem fazer barulho entrei no banheiro, fechei a porta e acendi as luzes e já fui direto ao espelho. Como sempre acordei um lixo, e ao olhar no espelho vejo a cena que mais me incomoda, eu mesma.

Sou alta e magra, muitos dizem que isso algo bom, sinceramente eu não acho, meus cabelos são parcialmente ondulados e de uma cor lembrando o loiro escuro, eles vão até pouco abaixo dos meus seios, tenho um rosto que considero normal, meus olhos são grandes e escuros, tenho algumas olheiras por causa da falta de sono mas isso não me importa, meu nariz e minha boca são um tanto quanto pequenos e delicados, não me acho bonita e nem incrível sou só mais uma em meio a tanta gente melhor que eu...

Depois do meu banho me sentei em frente do espelho e comecei a minha maquiagem, apesar da minha falta de técnica faço o possível pra ficar um pouco menos feia...Alguns minutos mais tarde vejo que já são 6:20 e tenho que me apressar. Quando saio do banheiro vejo que meus pais já estão acordados, minha relação com eles não é a das melhores, mas ainda sim ao cruzar com eles eu os cumprimento com educação mas passo direito até a porta, coloco meus fones no ouvido e sigo meu caminho até o ponto de ônibus, ao esperar percebo que vou me atrasar, mas isso pouco me importa.

No caminho da escola gosto de observar as pessoas, gosto de ouvir suas conversas e ver suas reações, sei que soa estranho mas é algo que me alegra muito, adoro ver como os seres humanos são bobos e fúteis, isso é incrível! Assim que desço do ônibus avisto ela na entrada do campus, uma menina exótica e rebelde, Sue, uma das minhas melhores amigas nesse lugar, ela é incrível, tem tamanho mediano com os cabelos extremamente curtos e arrepiados, estava com uma maquiagem que realçava seus olhos esverdeados, muito bem feita para aquela hora da manhã, e um vestido bem feminino com uma blusa despojada por cima, ela é aquela pessoa que não se apega em rótulos, gay ou hetero, branco ou negro, homem ou mulher, ela simplesmente não ligava, amava quem a amava de volta.

Assim que ela me viu apagou o cigarro que estava em sua mão e veio ao meu encontro:

- Vadiaa - gritou ela a alguns metros de mim.

- Eii - respondi enquanto a abraçava e beijava seu rosto.

- Tudo bom contigo? - perguntou ela enquanto acendia outro cigarro - Quer um?

- Quero - respondi enquanto já tirava o cigarro do maço - E então, como foi sem final de semana? Muito animado?

- Agatha me diz quando eu, Sue Thompson, tenho um fim de semana badalado? - ela diz enquanto solta fumaça por sua boca definida e rosada

- Você acha que eu não vi todas aquelas suas fotos bêbada no Instagram? - disse isso rindo com cara de ironia para ela.

- Ah! Não enche meu saco! Você já está parecendo meu pai - ela riu.

Ao entrar pelos corredores da escola, mesmo acostumada, me sinto observada, tenho a sensação de que as pessoas estão caçoando de mim, da minha aparência, mas eu sinceramente não ligo, não mais.

Assim que o sinal bateu eu decidi não ir nas primeiras aulas, estava acabada, não tenho certeza mas acho que fui à uma festa ontem, ao ver as pessoas entrando resolvi ir para um lugar específico do campus, lá tem algumas árvores e é um ótimo lugar para relaxar. Chegando lá percebi que o lugar estava vazio, o que me deixou feliz, sentei embaixo da minha árvore favorita acendi um baseado e fiquei ouvindo música.

Depois de alguns minutos senti que alguém estava vindo e rapidamente guardei a maconha dentro da minha mochila, mas ao olhar eu vi que não era à diretora e nem nenhum dos monitores, o que me deixou aliviada, mas era um garoto, um garoto muito bonito, era magro, alto, loiro e pelo que parecia tinha os olhos claros, seu cabelo era cortado em uma forma de tigela, mas ficou bom nele. Assim que chegou onde eu estava ele sentou em uma mesa próximo a mim, foi quando acendi de novo o meu baseado atraindo a atenção dele:

- Oh! Desculpe, achei que não iria se importar de eu fumar aqui, mas se quiser eu... - eu disse um pouco constrangida quando ele me interrompeu

- Sem problema, não ligo não, desculpe a pergunta mas, você não teria um baseado pra mim? - ele me perguntou com um sorriso inocente

- Claro, senta aqui do meu lado, mas deixa eu avisar, eu não sou traficante não viu? Se é isso que está parecendo - disse com um tom de preocupação e com um pouquinho de brincadeira - Aliás! Prazer, meu nome é Aghata.

- Sem problemas, você não parece um traficante de drogas - brincou ele rindo, a risada dele era calma e acolhedora - E...Prazer, Sou Hugo...

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