A Chegada

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Por Rafael Rodrigues

Ali entre os pequenos mandriões sentados sobre a mesa grande de madeira antiga, havia um que tinha talento para o entretenimento. Estavam sempre agrupados nos fundos da taverna aquecida por uma grande lareira de chamas sempre vivas. As brasas saltavam sobre estalos das chamas, pareciam dançar com a melodia assombrosa que emitiam das três taças que o jovem mandrião esfarrapado de cabelos vermelhos trazia consigo. Logo após chamar a atenção dos presentes emborcou as taças ao contrário; encima de três moedas parecidas, mas logo se via que uma era de prata, com um brasão em forma de quimera, o brasão de um dos reinos das quatro montanhas de Denji, ele começa:

- Quem será o primeiro pato de hoje? Quem descobrirá o segredo das taças? Poderá acertar onde as moedas estão? Três moedas de prata! Umas delas com o brasão da Rainha! Quem poderia saber o segredo dela? Venham meus amigos! Por uma moeda na mesa a taça poderá levantar se achar poderá a rainha levar.

A taverna estava em polvorosa, todos bebendo durante as noites frias nas fronteiras de Merry Meridian. Terras longínquas, muito distantes dos quatro reinos das montanhas. O pequeno golpista impressionava pela esperteza e audácia. Seus olhos sempre atentos aos que chegavam e partiam. Aquele local era um dos raros refúgios sociais em que se podia ficar aquecido de graça durante o inverno cruel das terras mais ao norte do que qualquer outra. Um meio de atrair o povo e faturar alguma coisa. O velho Hughes estava atrás do balcão principal enxugando uns copos de alumínio antigo, que os poucos clientes que moravam nas redondezas gostavam de usar. Avistava o pequeno de longe e fitava o garoto nos olhos a fim de saber seus segredos, porém nada conseguia.

- Esse guri é bom nesse negócio. Devia estar no continente servindo os nobres na feira perto do castelo de Drogmann. Era onde eu estava aos 12 anos. Ganhando dinheiro de verdade vendendo mercadoria aos montes. – Disse Hughes com uma voz serena e cansada a um homem grande de barba castanha, vestido de casaco negro; de couro de bisão, bebia rum numa golada e parecia olhar de canto de olho para o salão.

- Faz tempo isso né... - Disse o forasteiro.

- Muitos e muitos anos já. - Respondeu Hughes em tom resignado.

A Canção sobre a NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora