Capítulo V

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Depois de todas as instruções serem dadas, Toey sai do consultório com um papel na mão, ele sentia um frio na barriga. Sua alimentação especial começava hoje, seu tratamento só iniciaria amanhã. Passa pela cafeteria, quando de repente Ohm aparece na sua frente segurando um cachorro quente. Toey leva um pequeno susto.

— Te assustei denovo. - Ohm fala sorridente.

— Você adora dar susto nas pessoas? – Toey ri e segui seu caminho, seu novo colega o segui.

— Na verdade, não. Só assusto você. – apesar da frase ter sido simples Toey se senti atingido, como se ele e Ohm já fossem íntimos.

Ohm estende sua mão para dar o lanche a Toey.

— Eu queria ter te dado um ontem, já que eu te dei uma bolada e você não pode comer o seu.

Toey se lembra.

— Vou ter que recusar, eu não posso comer, é muito pesado pra mim.

— Como assim! Você estava comendo um ontem!

— Mas era porque eu estava na regra do "tudo pode por 30 minutos". – Toey percebi a expressão de duvida de seu colega, abaixa a cabeça e ri consigo mesmo. – Quando eu comecei meu tratamento, eu era criança ainda, e eu tinha uma alimentação diferenciada. Não podia comer nada na época que crianças comuns gostava de comer. Doces, salgadinhos, refrigerante, essas coisas. Então o Sonbei inventou uma tática para mim não ficar triste. Toda semana eu tinha uma consulta com ele de rotina. Então, durante a meia hora que eu ficava na sala de espera eu podia vir na cafeteria e comer o que eu quisesse. Assim, foi criada a regra do "tudo pode por 30 minutos."

— Ah, então eu estou atrasado.

— Só um pouco, – Toey levanta e sacode o papel em sua mão. – acabei de falar com ele... aqui está a nova lista a ser comprida. Pode comer o cachorro quente, eu não ligo.

— Não, vou fazer algo melhor. Você me espera aqui?

— Tá.

Ohm volta pelo caminho que veio, os olhos de Toey o acompanham, vê seu colega entregando o lanche a uma menininha na recepção ao lado da cafeteria. A menina fica relutante, mas após a sua mãe permitir ela comer, pega o lanche e quase se esqueci de agradacer. Ohm anda até seu amigo, que o observa.

—  Vamos?! – fala quando alcança seu amigo.

— Vamos.

Os dois começam a andar devagar, como se quisessem prolongar o caminho.

— Quando eu era criança, meu pai não tinha dinheiro pra comprar essas coisas gostosas que todo mundo amava comer. Toda vez que eu parava na frente de uma vitrine de padaria ficava louco querendo um lanche. Igual aquela menina, eu pedi o cachorro quente e senti o desejo dela de longe. Toda vez que eu vejo alguma criança assim, dá vontade de comprar a vitrine inteira pra elas.

Toey abre um sorriso involuntário.

— Estamos quites. - Ohm fala.

— Quites?!

— Sim, você me falou um história da sua infância e eu da minha.

Após andarem um bom tempo sem seguer saber para onde, param na escada.

— Você não está com sua bola de basquete. - Toey faz uma observação.

— Depois da bolada achei melhor não andar mais com ela dentro do hospital. E você está sem seu o cubo.

Toey agora se lembra, após a chuva, ele não viu mais o cubo.

— O cubo!!!

Ele sai correndo em direção a porta detrás do hospital, seu amigo sem entender ainda, corre junto. Param em frente ao banco aonde estavam sentados ontem.

— Eu deixei ele aqui.

— Provavelmente uma criança pode ter levado ele. – Ohm se lembra, mas ainda não entendi a preocupação de Toey por causa de um cubo mágico. – Porque está tão preocupado? É só comprar outro.

— Não dá, tem que ser aquele, não vai dar tempo de terminar. –  Toey fala revendo todos os últimos momentos com o objeto, tentando ter certeza se ali era o último lugar que havia de te-lo visto. – Ele é a única coisa que eu tenho que terminar.

Apesar de as palavras de Toey sair tão facilmente de sua boca, para Ohm foram difícil de serem escutadas, – "Ele é a única coisa que eu tenho que terminar." – ele repassava essa frase em sua cabeça enquanto seguia seu amigo desnorteado devolta para o quarto.

Quando chegam, lá está, Nhem brincando com o cubo em suas mãos.

— Nhem, aonde você achou isso? – seu irmão pergunta.

— Depois que papai falou com você ele me levou no parquinho, ai eu achei lá, P'Ohm.

Toey não fica nem um pouco aliviado.

— Isso é do Toey. Devolva pra ele.

— Não, pode ficar Nhem, ele é seu agora. – Toey fala manso e sai do quarto.

— Pera. – Ohm sai correndo atrás dele. – O que foi, por que está assim?

Toey pensa em todas as coisas que havia dito ao médico Sonbei. "Do que adianta eu arrumar esse cubo idiota, eu não vou parar de ficar doente por causa dele, e nem vou ter a felicidade que eu pretendia ter em uma vida em um curto período de tempo. De qualquer forma eu vou sofrer, não, eu já estou sofrendo." Toey, se segura para não chorar, se recupera e olha para seu amigo na sua frente.

— Eu fiz um acordo, e agora não posso quitá-lo.

Toey sai andando mais uma vez, só que dessa vez, Ohm não foi atrás.

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Nota dos autores:
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Sim, a gente quer fazer você sofrer um pouco, só um pouco. Afinal o que é essa história comparada ao arrombo que a maioria das histórias boyslove (asiaticas) deixam nos nossos corações. Sinceramente, eles devem ter problema com final feliz gente, nunca vi rsrsrsrsrs.
#MinhaOpnião

Fiquem com essas carinhas bravinhas♥

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By Bruno.

Um Dia (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora