Conversam por bastante tempo, mas o assunto não foi sobre a vida de Toey, ele não era bom em falar sobre sua vida e Rinje entende isso desde da primeira vez que esse menininho entrara em seu consultório. Ele pode sentir o carinho de todos no hospital, mas mesmo assim isso não o anima. Só param de conversar quando seu pai entra, já é mais de seis horas, os dois vão jantar e logo sobem para o quarto. Ohm e seu irmãozinho não estavam lá, Toey toma banho e começam a assistir TV. Depois de um tempo Ohm entra com seu irmão dormindo em seus braços
e o deita na cama. Os quatro ficam ali, calados, Thaksin foi o segundo a cair no sono, enquanto os dois restantes calados. O único som que se ouve é a da TV. Toey finalmente se rende ao cansaço. Ohm apaga o televisor e adormeci.
__________Toey acorda depois de um pesadelo, apesar de ter sido ruim, não consegue se lembra das cenas que o assustaram. Levanta e olha ao seu redor, todos estam dormindo tranquilamente. Ele vê a cama ao lado ocupada por duas pessoas, os dois irmãos preenchem perfeitamente a cama, enquanto seu pai tem que torturar suas costas na poltrona. Passa seus olhos pelo quarto denovo, algo o chama a atenção na bolsa de seu pai no chão, um objeto vermelho em um dos bolsos pequenos da frente. Ele levanta e pega o objeto, sai do quarto em silêncio e nem percebi que está sendo observado por um rosto na escuridão.
Andando pelos corredores, percebi que está chovendo, logo não poderia ir para seu lugar calmo e quieto no parquinho. Ele desci as escadas, para no ral que fica entre a oncologia e os quartos de internação e senta nos degraus. Ele espera a luz por senso de movimento da escada apagar e fica ali, quieto. Ao seu lado há uma janela de vidro enorme, apesar de estar chovendo, a luz do luar está intensa, ilumina perfeitamente local. Olha o objeto em suas, uma agenda de capa cor vermelho vinho, folheia devagar, passando a mão em cada folha. As folhas estavam quase todas preenchidas, e lembra que o ano já está acabando.
"Será que eu vou durar até o final do ano."
A luz da escada acende, volta a si e levanta a cabeça para olhar ao redor.
— Bu. – Ohm grita atrás, nas costas de Toey, que leva um susto enorme, e acaba ficando sem ar. – Te dei um susto denovo.
— Você é louco! Pode matar uma pessoa assim. – ele fica ofegante, mas não esta exaltado, seu tom de voz é calmo.
— Só sou um pouco. – se senta ao lado de seu amigo na escada.
Logo ficam quietos denovo, a luz apaga novamente, Ohm percebi a admiração de seu colega no caderno.
— É um diário?
— Não, é uma agenda... Ela é do meu pai. – Toey continua a admirar e folhear o caderno.
— Eu não tenho paciência pra ter uma agenda, sempre tem que ficar arrumando e anotando, é chato. – diz querendo evitar o silêncio que sempre separa os dois toda vez que conversam.
Toey percebi a persistência de seu colega em tentar puxar assunto e facilita, fecha a agenda e olha para a pessoa na sua frente. Toey não podia entender o que levava Ohm a querer tanto ser amigo dele, "Será só provocação ou curiosidade?"
— Nem meu pai, eu é que anoto as coisas nessa agenda... Meu pai sempre esquecia as coisas, dia dos meus exames, os horários dos meus remédios, minhas apresentações de escola. Ele sempre esquecia, mas depois que comecei a anotar, ele nunca mais esqueceu nada. Tanto que acabei anotando as coisas dele também, dias de reuniões, dia de entrega, dias de pagar as contas. – Toey respira fundo, volta seu olhar para o caderno e pensa alto. – Tô pensando em fazer uma agenda pro resto da vida dele, assim ele não vai esquecer mesmo sem eu estar aqui pra lembrar.
— Não fale assim... – Ohm fala sério, em tom de voz pesado, seu amigo se assusta, ao perceber isso muda sua expressão, inclusive seu tom de voz. – Bem, agenda é meio que um improvisso, sabe. Você tem que ficar anotando sempre, conferir as datas, desmarcar e remarcar. Não é uma coisa que dá pra anotar de uma vez.
Toey dá de ombros, realmente, ele esta certo. Ficam em silêncio novamente. Ohm está curioso sobre uma coisa, quer perguntar, mas está com medo da resposta e acha ser um intruso se perguntar, mas mesmo assim o faz.
— Toey, se você morrer amanhã, o que você faria hoje?
Ele não se espanta com a pergunta e em meio as seus pensamentos, responde como se fosse seu próprio consciente o perguntando.
— Eu iria pra casa e ficaria lá com meu pai, esperando a tarde passar assistindo TV... – ele dá um sorriso largo. – Isso seria morrer lindamente pra mim.
— Então é isso? – joga as palavras em tom de desdém meio revoltante, o que faz Toey acordar de seus pensamentos. – A morte te chama e você simplesmente vai até ela?
Ele olha para Toey que está novamente assustado, e se acalma.
— Toey, não existe o morrer lindamente. Existe o viver lindamente e depois morrer. – Ohm fala em tom manso, seu amigo continua quieto o olhando. – Quando eu era criança minha mãe foi desenganada* pelos médicos, nesse mesmo hospital a oito anos atrás, eu me lembro como se fosse hoje. Meu pai tava gritando com médico dentro da sala, enquanto eu chorava muito apertando meu irmão no colo. Minha vó queria tirar ele dos meus braços, mas eu não queria deixar, pois pra mim, naquele momento, eu era a pessoa mais sozinha no mundo. Foi quando ela me fez uma pergunta: "Você tá pronto? Já se conformou?"
Ele respira fundo, olha suas mãos tremulas e as aperta, uma na outra e concluí:
— Eu não entendi a pergunta naquela hora, mas hoje eu entendo. Ninguém tá preparado, ninguém se conforma. A morte ela simplesmente vem... Quem mais perdi nessa história? Quem morre ou quem fica? – olha para seu amigo que esta prestando atenção totalmente em suas palavras. – Os dois, porque um perde a vida, e outro perdi um amor em sua vida. Então não fale "morrer lindamente".
— Eu sinto muito pela sua mãe. – ele gagueja um pouco depois de engolir amargamente as palavras de Ohm.
— Não sinta. Ela viveu bem. – ele dá um sorriso singelo.
...
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Nota dos autores:
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Hello pessoinhas, ficou grande esse momento dos dois, então só continua no próximo, e prometo, que o próximo... Ah, num posso dar spoilers, mas só sei que é fofo. Num falo mais se não uma pessoa aqui me mata.Ass: Feh
Pra quem não sabe, Ohm fez um Photobook de passagem dos seus 16 ao 17 anos (tá assustada com a idade da criatura, eu tbm rsrsrs), ele convidou o Toey pra participar (obs: ele tem 21, tá de boca aberta, eu tbm fiquei). Ai, deu nisso, essas fotos lindas, maravilhosas pra gente soltar sangue pela narina 😊😍
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Um Dia (Romance gay)
FanfictionUm romance homo afetivo adolescente. Toey, um menino forte que desde de cedo vem lutando contra o câncer, mas que de repente desiste de lutar. Ohm, um menino carinhoso e sincero, que após uma desilusão amorosa, cuida cautelosamente de seu irmão mais...