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Splash.

Sinto frio. Água caiu sobre mim. Na verdade, estou encharcada. O meu captor me jogou água.

- Acorda - ele rosna para mim - O banho foi bom?

Estou zonza. Consigo enxergar os pés dele. Estou deitada no chão desconfortavelmente. Sinto uma pancada. Ele me chutou.

- Ah, vai Ava... Fala comigo. Me responde amor. - Ele se agacha, e me coloca sentada. Acaricia meu rosto, se detendo em meus lábios. - Você é tão linda, Ava. Ainda mais falando. O que houve? - Ele me encara confuso. - Você nunca foi de se calar. Calada fica linda também. É uma pena, pois eu vou ser a última pessoa a ver esse teu rostinho lindo.

Ele tira um canivete de dentro do bolso, e o encosta na minha bochecha. Aperta a lâmina contra minha pele, e sinto arder. Tento me desvencilhar, mas ele segura meu rosto tão forte que sinto as unhas dele. Então fecho os olhos com força, cerro os dentes. Dói muito! Ele corta uma, duas, três vezes, três lugares diferentes, com profundidades diferentes, e sinto o sangue escorrendo pelo meu queixo, pingando na minha blusa. Quando ele se dá por satisfeito, me esbofeteia forte, jogando me de volta no chão.

- Putinha nojenta. - Ele chuta minhas costas, e sai pela porta de onde entrou. Ouço correntes sendo puxadas, um cadeado sendo batido. Estou presa aqui.

Permito-me chorar. Faço um esforço e consigo me sentar. Olho ao redor. Estou em uma casa velha, vazia, empoeirada. Tento desesperadamente romper a silver tape com meus dentes, mas a fita é resistente, e ele deu várias volta, de modo que nao consigo fazer grande coisa. Devo estar horrível. Três cortes no rosto, uma dor horrível ao lado do corpo, nas costelas, morrendo de frio, sem comer esse tempo todo. Milagre eu não estar desmaiada, nem estou sentindo muita fome, para ser sincera.

Eu só queria entender porque isso está acontecendo. Lembro-me das idas à Ludic Store. Ele parecia ser um cara perfeitamente normal. Me mostrou a loja na primeira vez que fui lá, embalava os presentes com esmero, conversava frivolidades comigo enquanto me atendia. Agora ele me sequestra, me chama de um nome que não me pertence, age como se eu já tivesse namorado ele, me tortura...

Será que já deram falta de mim no Tokays? Será que procuraram a polícia? Será que alguém deu depoimento, dizendo que eu não passo de uma mulher normal que tenta viver a vida como qualquero outra? Se baixarem minha ficha, vão ver que sou honesta, ganho meus dólares direitinho e evito me envolver em confusão.

Se estiverem me procurando, achem me a tempo... Antes que esse maluco volte e consume o ato...

A RuivaOnde histórias criam vida. Descubra agora