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Largo minhas malas no quarto. O quarto do Dr. Reid, já que, como toda pessoa que mora sozinha, ele transformou o cômodo em um depósito. Apesar dos meus protestos para dormir no sofá, o agente fez questão que eu me instalasse no quarto, já que ele mal usava o apartamento e ficar no sofá não seria problema algum para ele. Uma onda de cansaço me atinge, afinal de contas escolher o que é necessário e o que não é para uma "viagem" drena qualquer um. Principalmente uma pessoa que ainda não se recuperou física e mentalmente de uma violência gratuita.

Sento-me na cama king-size, ligeiramente surpresa pelo conforto da mesma. Me deito pra trás. Hmm, parece um marshmallow fofinho. Sinto uma pontinha de remorso ao saber que o dono da casa está abrindo mão do próprio conforto por mim, mas logo me sinto melhor ao me dar conta que o sofá também parece ser de qualidade. Tudo neste apartamento parece ser de qualidade. Um agente do FBI deve ganhar bem, afinal de contas. 

Solto um suspiro, me levanto da cama e vou até o banheiro. A garota que me encara no espelho não se parece nada comigo. Meu rosto está com cortes, meu lábio inferior ainda não desinchou e como se não bastasse ainda há vários hematomas no rosto, pescoço e pelo resto do corpo. Eles lembram nebulosas, em diferentes tons de roxo. Apesar dos analgésicos ministrados de 8 em 8 horas, ainda consigo sentir consideráveis dores, que me fazem relembrar dos malditos dias de cativeiro. Por um milagre os danos não foram piores. De qualquer forma, meu estado é deplorável.

- Auto-análise? - A voz de Reid, inesperada, faz com que eu dê um pulinho.

- Reid! Você me assustou... - Rio, e me apoio na pia do banheiro.

- Desculpa. - Ele se recosta no batente da porta. - Mas você não respondeu minha pergunta.

- Ah... Olha bem pra mim. Estou um bagaço. Aquele canalha fez isso comigo. - Sinto o ardor pré-choro na minha face, e minha visão fica um pouco turva devido às lágrimas ameaçando deslizar pelo meu rosto. - Toda vez que eu me olhar no espelho, vou ver essas cicatrizes e me lembrar daqueles três malditos dias. Acho que espelhos não são mais pra mim.

- Eu também já fui sequestrado. Meu captor me drogava, e acabei desenvolvendo dependência. Foram tempos difíceis, mas consegui dar a volta por cima, assim como sei que você também conseguirá. Como dizem né, o tempo cura tudo.

- Tomara, Reid...

- Eu vou pra sala. Vai lá depois tá? E... aqui em casa, pode me chamar de Spencer. - Ele dá a volta e caminha na direção da sala.

- Ok... Spencer.


A RuivaOnde histórias criam vida. Descubra agora