Parte 3 - Viagem

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Nota sobre o futuro

"Hoje em dia, as pessoas que usam qualquer tipo de prótese são vítimas de comentários negativos perante a sociedade. Isso acontece por que muitas vezes acabam comparando estas pessoas com robôs, que segundo a maioria da população, não deveriam habitar a terra. Acredite ou não, o preconceito é algo que se renova a cada dia e não há tecnologia no mundo que faça isso parar. É o instinto humano trabalhando. Esse foi um dos motivos pelo qual a Hanna não abandonou a cadeira de rodas. Além do mais ela ainda possuía as duas pernas e não pretendia se desfazer de nenhuma delas."

. . .

A vida deles não mudou muito depois do casamento. Eles já viviam como casados há um bom tempo e nada era novidade, com exceção da viagem que estava por acontecer. Seria incrível por dois motivos: O primeiro era o fato de ser a primeira viagem que os dois fariam juntos. O segundo era que eles adoravam casa de campo, mas nunca haviam colocado essa ideia em prática. Adam era um cara afastado da realidade atual em que as pessoas viviam naquele tempo. Nada da modernidade o excitava, com exceção das novas tecnologias pra carro que ele sempre insistia em adaptar ao seu.

Hanna era diferente dele. Apesar de ter tido uma juventude parecida, ela não era presa às coisas do passado e adorava cair de cara nas "atrações do momento". Infelizmente muitos querem, mas não podem e muitos podem, mas não querem. Era o caso daquele casal.

Adam viu num comercial de TV que um novo dispositivo de segurança para seu carro acabava de ser lançado. Essa "novidade" permitia que o automóvel seguisse em piloto automático por quilômetros sem que o motorista precisasse sequer tocar no volante. Era uma tecnologia que já existia em outros países, mas só chegou até a França em 2065. Adam não hesitou e decidiu que compraria a ferramenta e adaptaria ao seu FF 9, um carro movido a eletricidade, assim como todos os outros que começavam a ser fabricados naquele ano. O mais legal é que para isto ele só precisava realizar uma atualização de fábrica no hardware do veículo. Acredite se quiser, mas no futuro tudo é muito fácil e chato. É claro que a fome e pobreza ainda existem e é justamente o que movimenta tanto dinheiro no mundo.

Nada interessada em itens para carro, Hanna interrompe sua programação e desliga a TV pelo controle remoto:

— Tanta tecnologia ainda vai nos matar, amor!

— Nos matar? — Retrucou Adam. — É mais fácil eles inventarem a imortalidade. Isso seria péssimo, mas estamos caminhando pra isso, não acha?

— Disso eu não duvido. Hoje eu descobri que estamos autorizando a venda de bonecos que não tem rosto humano. Acredito que isso prejudique a saúde mental das crianças. Outro dia me esbarrei com fotos de meninos de 5 anos segurando bonecos com cabeça de alienígenas. Até alguns anos atrás isso era proibido aqui na França. Por que eles não procuram dar um jeito na fome e na pobreza de países como o Brasil, por exemplo? Aliás, eu adoraria conhecer o Brasil esse tal de pão francês que eles vendem por lá. E por falar em pão, você já viu essa tal de comida em holograma?... — Hanna falou por mais de 5 minutos sobre todos os problemas atuais da humanidade e citou todos os países que fazia aquilo que ela não tomava como correto.

— Não tiro sua razão, mas confesso que nem sabia desse tal pão francês que fazem no Brasil. Que estranho. — Adam ficou com uma pulga atrás da orelha, pois não existe pão francês na França.

— Mais estranho que seu sobrenome é impossível! haha — Brincou Hanna com o rapaz que se chama Adam Lamartine, que significa "esposa de Martine". — Você sabia que os meninos com nomes estranhos geralmente tem mais problemas mentais que as meninas? Acho que isso explica o nome de Donnie Darko naquele filme antigo.

— Já li sobre isso em algumas pesquisas. Ainda bem que eu não tenho rosto de alienígena, como os bonecos nem falo com nenhum coelho gigante. Você sabia que o nome científico do gorila é "Gorilla, gorilla, gorilla"? O engraçado é que eu nunca vi um gorila com problemas mentais. — Adam nunca perdeu o senso de humor diante sua amada.

— Deixa essa conversa de nome estranho pra lá! Então passaremos nossa lua de mel em Provence? Eu nem consigo acreditar!

— Você vai adorar o vinho e a música lírica de lá! Eu fui uma vez quando estava na universidade para realizar umas pesquisas sobre Óleo Essencial de Lavanda. É algo comum de se encontrar nos campos da cidade.

— Ah, claro! Como eu não imaginei isso? Você nunca viajou por diversão?

— Já sim! — Respondeu Adam enquanto tentava lembrar — Meus pais sempre me levaram até um parque de diversões que ficava numa cidade próxima. Eu era criança, mas é tudo o que eu me lembro.

É claro que ele inventou essa história. Os parques de diversão deixaram de existir em 2030, depois que a Realidade Virtual tomou conta de todo o mercado. Nessa época Adam tinha apenas 2 anos de idade. Hanna que é ótima com datas percebeu a mentira, mas preferiu dar créditos ao rapaz que não teve infância.

Em 20 de Março de 2060 eles começaram a discutir sobre a viagem que duraria 2h e 20min, mas não seria cansativa graças ao dispositivo de piloto automático que Adam instalou no carro.




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