Looping - Ação e ficção

Parte 8 - Viagem L3

"Você acredita no fim do mundo? Caso não acredite, acho bom começar a acreditar, pois recentemente nós descobrimos como o universo chegará ao fim e o que vai acontecer depois disso. E se eu também te falar que hoje nós já temos respostas sobre pra onde vamos depois que morremos você acreditaria? Como eu já disse, no futuro as coisas são fáceis demais, sem graça, pois não existe mistério ou dúvida, tudo é muito claro e objetivo. Bem, não quero te forçar a nada, mas pretendo te explicar em breve. Adam preferiu voltar até um pouco antes da viagem para Provence, para não ter que ouvir novamente a Hanna falar que na idade média as noivas usavam vestidos de tal e tal cor. Dessa vez, desesperado e correndo para que os dias se passassem depressa, ele poderia evitar o acidente cancelando a viagem ou simplesmente alterando o destino, mas sabia que de alguma forma aquele carro vermelho o encontraria em outro momento. Foi com esse pensamento que ele decidiu voltar mais uma vez, mas agora ele não queria evitar o acidente."

A vida deles não mudou muito depois do casamento, mas mudaria. Eles já viviam como casados há um bom tempo e nada era novidade, com exceção da viagem que estava por acontecer. Seria incrível por dois motivos: O primeiro era o fato de ser a primeira viagem que os dois fariam juntos, que pra Adam já acontecia pela terceira vez. O segundo era que eles adoravam casa de campo, mas nunca haviam colocado essa ideia em prática. Adam era um cara afastado da realidade atual em que as pessoas viviam naquele tempo. Nada da modernidade o excitava, com exceção das novas tecnologias pra carro que ele sempre insistia em adaptar ao seu.

Adam viu num comercial da TV o novo dispositivo de "segurança" para seu carro acabava de ser lançado. Essa "novidade" permitia que o automóvel seguisse em piloto automático por quilômetros sem que o motorista precisasse sequer tocar no volante. Era uma tecnologia que já existia em outros países, mas só chegou até a França em 2065. Adam não hesitou e decidiu que compraria a ferramenta mesmo sabendo da sua falha.

Nada interessada em itens para carro, Hanna interrompe sua programação e desliga a TV pelo controle remoto:

- Tanta tecnologia ainda vai nos matar, amor!

- Vai sim. Eu sei disso, mas ela é necessária. - Retrucou Adam.

- Não é uma verdade absoluta. Muita coisa hoje em dia é totalmente desnecessária. Hoje eu descobri que estamos autorizando a venda de bonecos que não tem rosto humano. Acredito que isso prejudique a saúde mental das crianças. Outro dia me esbarrei com fotos de meninos de 5 anos segurando bonecos com cabeça de alienígenas. Até alguns anos atrás isso era proibido aqui na França. Por que eles não procuram dar um jeito na fome e na pobreza de países como o Brasil, por exemplo? Aliás, eu adoraria conhecer o Brasil esse tal de pão francês que eles vendem por lá. E por falar em pão, você já viu essa tal de comida em holograma?... - Hanna falou por mais de 5 minutos sobre todos os problemas atuais da humanidade e citou todos os países que fazia aquilo que ela não tomava como correto.

- Não tiro sua razão, mas confesso que quero muito provar esse tal pão francês que fazem no Brasil. É a terceira vez que ouço falar sobre ele, mas isso deve ser muito estranho!

- Mais estranho que seu sobrenome é impossível! haha. - Brincou Hanna com o rapaz que se chama Adam Lamartine, que significa "esposa de Martine". - Você sabia que os meninos com nomes estranhos geralmente tem mais problemas mentais que as meninas? Acho que isso explica o nome de Donnie Darko naquele filme antigo.

- Já li sobre isso em algumas pesquisas. Inclusive, este é meu filme favorito. Ainda bem que eu não tenho rosto de alienígena, como os bonecos nem falo com nenhum coelho gigante. Você sabia que o nome científico do gorila é "Gorilla, gorilla, gorilla"? O engraçado é que eu nunca vi um gorila com problemas mentais. - Adam olhou pra Hanna e piscou.

- Gorilla, gorilla, gorilla é um nome diferente, mas não chega a ser tão estranho quanto Lamartine quando se é registrado num homem. Agora deixa essa conversa de nome estranho pra lá! Então passaremos nossa lua de mel em Provence? Eu nem consigo acreditar!

- Você vai adorar o vinho e a música lírica de lá! Eu fui uma vez quando estava na universidade para realizar umas pesquisas sobre Óleo Essencial de Lavanda. É algo comum de se encontrar nos campos da cidade.

- Ah, claro! Como eu não imaginei isso? Você nunca viajou por diversão?

Adam já não viu problema algum em mentir sobre isso, então mentiu mais uma vez.

- É claro que sim! Sempre tirava as férias para conhecer um país novo, uma nova cultura...

- Engraçado... Você nunca me contou sobre essas suas aventuras de férias.

- Tem muita coisa sobre mim que eu ainda não te contei Hanna. Acredite.

Em 20 de Março de 2060 eles começaram a arrumar as malas para a viagem que duraria 2h e 20min, mas não seria cansativa graças ao dispositivo de piloto automático que Adam instalou no carro.