Fragile •

Un

Castiel mantinha as penas firmes enquanto praticava seu notável plié, ou pelo menos tentava.

Mesmo tendo seu campo de visão na direção oposta ao vidro da janela, sabia que olhos queimavam sobre si. Olhos verdes que acompanhavam cada movimento que fazia. Sentia-se uma piada.

Era Dean, o capitão do time de Rugby, que provavelmente faria piada consigo com os amigos depois. Isso já havia acontecido antes, piadas e cochichos pelos corredores sobre os meninos que faziam ballet. Ah, como a heterossexualidade é uma taça frágil que pode ser quebrada por uma dança. As roupas ou os movimentos delicados não faziam de Castiel menos homem. Sua sexualidade não o fazia menos homem. Seus gostos não lhe faziam menos homem, só lhe faziam quem é. E por isso odiava o time de rugby do ensino médio. Bem, pelo menos tentava.

Mesmo com toda sua paranoia real, o moreno não conseguia deixar de suspirar sempre que o capitão do time de rugby passava por si no corredor. Ou sempre que, ao passar perto do campo, seus olhos capturavam-no sem camisa depois de um treino pesado. Castiel era apaixonado por Dean Winchester. E isso não podia negar.

Mas ele nunca havia sido notado pelo mesmo, só nesses curtos espaços de tempo onde Castiel julgava que Dean o observava pra depois rir de sua cara. Ele já havia perdido toda e qualquer esperança. Era idiota suspirar ainda por ele, mas não se manda no coração, falando no sentido figurado.

Os passos leves do moreno ecoavam pelos corredores vazios da escola, enquanto o mesmo não tinha pressa para chegar na aula de dança cuja qual já estava atrasado. Estranhou quando ouviu ecos de passos mais pesados, coincidentemente vindo em sua direção. Seu coração falhou alguma batidas para então disparar ao reconhecer a cabeleira loira, mas inutilmente, já esperava não ser capturado pelos olhos verdes ao que o mesmo passava ao seu lado. Só não esperava que ele fosse parar, voltar alguns passos e prensar Castiel com força moderada nos armários atrás de si. O estrondo havia sido muito mais alto nos ouvidos de Castiel, que lentamente entrava em pânico e deixava a ansiedade o tomar por um todo. Não havia remédio em sua cômoda que o acalmaria agora.

Aos poucos o Winchester se aproximava mais e suas respirações já se mesclavam. As pernas de Castiel tremiam e, talvez, só estava em pé por causa da mão do outro que havia ido do seu peito a sua cintura, enquanto a outra o trancava na posição apoiada nos armários atrás de si.

– Posso? – O hálito quente do Winchester batia contra o pescoço do das orbes azuis, que inconscientemente balançava a cabeça positivamente. Seu bom senso e sentido já haviam desaparecido a tempo, e se ainda estavam ali, provavelmente não estava os escutando.

Sentiu o maior sugar ali, e, vez ou outra, arrastar a ponta do nariz por aquele pedaço de pele quente. Em um movimento rápido, o maior tirou um pequeno papel de seu próprio bolso o colocou-o no bolso alheio, para assim deixar o encaixe no pescoço do moreno.

– Aparece por lá, vai ser divertido. – Soltou a frase q foi finalizada com um pequeno sorriso de lado, para assim voltar a fazer seu caminho para o lado oposto o qual Castiel estaria indo se não tivesse sido interrompido.

Demorou alguns muitos para normalizar novamente a respiração, ainda meio atordoado pelo o que havia acabado de acontecer. Passou os dedos por onde brevemente ficaria uma marca roxa - que provavelmente demoraria a sair - e pode sentir os lábios do maior ainda vivos ali. Sua cabeça girava e sentia que poderia escrever um livro inteiro de perguntas sobre o que ocorrera. Por Deus e todos os Santos, o que havia passado na cabeça de Winchester, que por coincidência era o capitão do time de rugby e seu amor secreto, para que realizasse tal ato? Logo ele, que tinha todas as garotas, e boa parte dos garotos, caindo aos seus pés, e logo Castiel, o aluno mais novo, desencaixado e que passava o tempo que não estava nas aulas em uma sala que ecoava seus passos leves e seus movimentos frágeis.