Fetiches- O vizinho

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Disquei os números tão conhecidos por mim, mais uma vez naquela semana. Eu não conseguia evitar, era mais forte que eu. Eu já estava mais que viciada na voz dele, por isso todas as noites ligava somente para ouvi-la.
Ainda bem que ele não desconfiava de nada. Victoriano Santos, o cara mais lindo e gostoso de toda a rua era meu vizinho há três meses desde que ele se mudou, eu era louca para tocar naquele corpo maravilhoso – assim como todas as mulheres da rua também - e se tivesse oportunidade faria muitas outras coisas também, mas como isso não era possível eu me contentava em ouvir sua voz mesmo.
Eu nunca fui muito de me interessar por homens assim dessa forma, mas Victoriano era uma exceção. Droga, aquele homem é maravilhoso, aqueles cabelos louros e compridos, olhos claros, corpo perfeito, como eu sei disso? Bem, eu trabalhava em uma academia como atendente, e por ironia dos deuses – e agradeço a eles todos os dias por isso – Victoriano faz musculação e abdominal por lá e, Deus, era uma visão e tanto que eu tinha daquele corpo maravilhoso. Mas ele não me notava, essa era a pior parte, até que tive a ideia de conseguir o numero dele. Foi bem fácil, até porque a ficha dele ficava no computador que eu usava na recepção. E a partir desse dia eu sempre ligava para ouvir sua voz, não que eu estivesse apaixonada, longe disso, mas sempre que ele passava na academia um calor tomava meu corpo. E quando digo corpo quero dizer principalmente aquelas partes baixas, se fosse você com toda a certeza você se sentiria assim também.
E em como todas as noites anteriores, essa não seria diferente, lá estava eu ligando para ele. Mordia o lábio inferior enquanto ouvia chamar.
Assim que a voz maravilhosa dele entrou em contato com os meus ouvidos me arrepiei inteira.
- Alô – ele disse com aquela voz rouca e maravilhosa. Não respondi como de costume. – Alô – pediu outra vez, eu podia sentir a impaciência em sua voz, mas não me atrevi a responder. – Escuta, Inês, Você poderia me responder, mas se quiser você pode vir aqui me fazer uma visitinha. Saiba que vou adorar – ele riu e eu engoli em seco.
Meu coração acelerou, minha garganta secou e eu parei de respirar. Deus, como ele sabia que era eu?
Desliguei o telefone assustada, eu estava perdida, agora ele iria me perturbar a vida inteira, não que eu fosse me incomodar que ele me perturbasse de jeito muito bom e prazeroso.
Tomei um pouco de água, fazendo minha respiração voltar ao normal, eu precisava um jeito de evitá-lo, mas não fazia ideia de como faria isso, e foi pensando em como reverter toda aquela situação que acabei por cair no sono.
Cheguei à academia no dia seguinte rezando para que não encontrasse Victoriano de jeito nenhum, mas é claro que tudo conspirava contra mim. 
Victoriano Santos havia acabado de chegar e conversava com um dos caras e ele parecia animado, até que seu olhar se encontrou com o meu, e eu tive certeza de que se ele me quisesse ali e agora eu seria dele.
Victoriano sorriu maliciosamente, mordendo o lábio inferior. Gostoso!
Suspirei e voltei – ou pelo menos tentei – minha atenção para o computador em minha frente. Tentei me manter o mais longe o possível dele, mesmo que isso significasse nunca poder tocar ou sentir o corpo dele junto ao meu.
Olhei outra vez para onde ele estava antes, e eu quase tive uma sincope. Victoriano agora estava fazendo abdominais, e para completar ele estava sem a blusa, mordi o lábio inferior enquanto observava os músculos de sua barriga se contraírem a cada vez que ele se levantava e ficava meio que sentado.
Meu Deus! É difícil resistir a um homem desses. Respirei fundo, tentando manter meu corpo controlado.

(...)
- Inês, você vai comigo ao Fantasy? – perguntou Paige, minha amiga. Olhei-a confusa. O que diabos é Fantasy?
- Isso é de comer? – brinquei rindo. Paige revirou os olhos escuros impaciente, pretos para ser mais específica.
- Garota, é sério – disse ela bufando, eu ri me desculpando. Paige estava sensível demais ultimamente.
- Ok! O que é Fantasy? – perguntei enquanto desligava o computador da recepção da academia.
- É uma boate nova que inaugurou ontem, vamos, por favor? – suplicou juntando as mãos ao peito.
- Tá, mas só porque eu preciso sair um pouco de casa – disse aceitando.
Paige riu e me abraçou assim que eu saí de trás do balcão.
O que eu não faço por essa garota.

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