Capítulo 8

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Anna Maria acordou radiante naquela manhã de domingo. No auge dos 24 anos, tendo vivido grandes emoções na vida, aquela foi a primeira vez que sentiu o coração irradiando uma felicidade intensa, que a fazia se sentir mais viva, realmente viva.

Acordou com vontade de sorrir, cantar, dançar e fazer o que sabia de melhor, quando reproduzia as mais belas canções com fervor na alma. As lembranças dos momentos maravilhosos ao lado do amado a deixavam leve, em paz e esperançosa. Seu coração parecia cantar e sentiu um calor preenchendo o vazio de sua alma. Acreditava que tudo daria certo ao lado daquele homem encantador que, desde o primeiro momento, a fez sentir reações contraditórias, apenas com o cheiro, o toque e a voz macia.

Ouvi-lo sussurrando suavemente, decidido e apaixonado a tornava uma mulher confiante – com uma determinação que desconhecia –, apesar da insegurança causada por sua deficiência.

Ela pulou da cama, rodou pelo quarto e riu, porque queria apenas rir naquele dia. Ainda estava vestida com as roupas do dia anterior e não se lembrava de como havia chegado ao quarto. Imaginou que Richard a levara cuidadosamente e a colocara sobre a cama, velando o seu sono delicado.

– Anna Maria... – Ela foi despertada pela voz de Zefa e sentiu-se uma tola, apesar de não ter nada a esconder da amiga, que sempre soube tudo sobre sua vida e conseguiu detectar sua mudança de humor, antes mesmo que percebesse. Então, por que estaria se sentindo tão constrangida por ser pega em flagrante?, pensou.

– Zefa, eu... acordei feliz. – disse, tentando se situar. Ela havia rodado e, ao fazer isso, perdera o seu senso de direção. Caminhou dois passos e bateu com o pé na cômoda.

– Percebo! – Zefa disse brincando, fazendo-a sorrir com sua própria tolice. – Dr. Richard ligou e disse que vem buscá-la para um passeio. O homem parecia ansioso. – comentou e Anna ouviu o riso suave ecoando pelo quarto.

– Estou me sentindo estranha, Zefa... – Anna Maria desabafou.

– Estranha de que jeito? Apaixonada? Não seja tola, menina! Eu estranhei o seu comportamento desde o dia em que voltou da consulta. Percebi a forma como ele a olhou no parque e aqui... – Zefa bateu palmas e começou a rir. – Finalmente arrumou um homem e, diga-se de passagem, lindo e maravilhoso.

– Zefa! – Anna a repreendeu, mas depois começou a gargalhar também. – É estranho... – ela cruzou os braços, impaciente. – Ele é meu médico. Isso me parece esquisito, porque nem fui para a cama com ele e já viu a minha... – ela mordeu os lábios, arrependida do comentário infeliz.

– Ele viu a sua vagina? Ora, Anna Maria, ver vagina para os homens não é uma novidade e ele é um ginecologista, só isso me dá certeza que o Dr. Richard vê vaginas o tempo inteiro. Qual é o problema com vaginas, afinal de contas?! – Anna Maria não acreditara no comentário de Zefa. Se já imaginava tudo estranho, pensar nele vendo vaginas o tempo todo a deixava insegura. – E ele nem é seu médico. Logo a Dra. Brenan volta e você não se consultará com ele. Agora se esse é o problema, veja o lado positivo, porque ele já viu a sua e, quando for transar com ele, não ficará tão constrangida.

– Zefa! Eu não vou transar com ele... Eu não! – Levantou o dedo e ficou nervosa com a conversa.

– Um dia você terá que transar, então é melhor que seja com um homem experiente em vaginas. Ele sabe como lidar com vaginas, oras! Essa é uma grande vantagem, além de ser um gentleman inglês. – Zefa começou a tagarelar, irritando Anna. – Agora tenho que dizer, minha filha. O homem é tão bonito que chega a doer. Esse dará trabalho, homem bonito sempre dá trabalho, e você é muito lerdinha. É tão parada que chega a me irritar. Ele parece aquele ator... Aquele que interpreta um vigarista brilhante e charmoso – que sem saída acaba trabalhando como consultor criminal para o FBI –, na série White Collar. Qual é mesmo o nome dele? Ah, sim, lembrei! Matt Bomer. Gente, que homem lindo é esse? Olho para ele e chego a suspirar. Aquela boca, aqueles olhos azuis, o nariz... tudo nele é perfeito. Como uma criatura tão tapada como você foi fisgar um gato desses, entendedor de vaginas e ainda um lorde inglês? Pior é que você nem fez nada para chamar a atenção dele, ou melhor, abriu as pernas e ele gamou depois de vê-la.

Luz da minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora