Enquanto se preparava para o seu primeiro dia de trabalho, embaixo da água morna que caía da ducha, Anna Maria pensava nos momentos maravilhosos que viveu com Richard no dia anterior. Ela deixou escapar um suspiro apaixonado e sorriu. Era a primeira vez que se apaixonava e se sentia tomada por sentimentos intensos. Era muito mais do que algo físico, que transcendia qualquer explicação lógica que tentasse encontrar para elucidar as sensações do seu corpo, quando estava com ele. Tudo reagia ao seu lado. Ela queria rir o tempo inteiro e podia acompanhar as batidas descompassadas do seu coração, que insistia em pulsar fora do ritmo, de forma alucinada.
Anna tocou os lábios e sorriu ao lembrar-se dos beijos. Estava completamente abobada só de pensar em cada beijo delicioso, intenso e apaixonante de Richard. Os lábios apaixonados, tocando-a com luxúria desmedida e, ao mesmo tempo, venerando-a como se fosse uma entidade mística, digna de contemplação. Ela deu pulinhos dentro do boxe e depois permitiu que seu corpo escorregasse pelo ladrilho molhado do banheiro. Em sua mente reproduziu cada momento vivido ao lado dele.
Richard a deixou deitada na espreguiçadeira e depois saiu para providenciar o almoço. Ele preparou um lanche adorável para os dois, com frutas frescas, suco e tortas de morango e chocolate. Sentou-a em seu colo e fez questão de alimentá-la, mimando-a mais do que necessário. Anna não se ofendeu, pois ser mimada por um homem como aquele era bom demais. Ela ainda pôde cochilar em seus braços, embalada como um bebê, enquanto o barco navegava por ondas tranquilas e os conduzia em um passeio inesquecível.
Quando voltaram para o cais, já era fim de tarde e Richard a levou a um restaurante japonês Nobu New York, na Hudson Street. Os dois desfrutaram da melhor comida japonesa que já provaram em toda vida. Em São Paulo, onde há uma grande colônia de imigrantes japoneses e vários restaurantes do gênero, não havia comido tão bem quanto ali. Ela provou um pouco de sushi, salada de sashimi, bolinhos de camarão com Nirá, Uramaki e outras coisas que não conhecia. Anna pensou que fosse estourar quando saíram do restaurante, mas Richard parecia satisfeito ao vê-la tão bem alimentada. Naquele passo, ela pensou, ficaria enorme de gorda em pouco tempo.
***
Anna terminou de se arrumar, sempre sorridente e sonhadora. Apesar de ser o primeiro dia, não estava nervosa. Richard prometeu estar com ela naquele momento e a acompanharia até o teatro. Aquilo a deixava mais segura de si. Nada poderia dar errado... Nada.
Pronta para o trabalho encontrou-o, juntamente com Zefa, preparando o café da manhã. Ela realmente achou que engordaria com toda aquela comilança, mas não estava se importando muito. Gostava de ser mimada e encontrá-lo cozinhando era uma dádiva. Aonde ela encontraria um homem como aquele?
– Bom dia! – ela disse irradiando felicidade.
– Bom dia! – ela ouviu os passos vindos em sua direção e esperou. Sabia que a qualquer momento seria abraçada e beijada. Estava ansiosa por aquilo. – Como passou a noite? – perguntou distribuindo beijos pelo seu rosto, causando-lhe cócegas. Ela riu.
– Me revirando na cama, cheia como uma bola. Se continuar me entupindo de comida vou estourar, Richard. – disse, tateando o rosto dele, que sorria feliz. – Eu vejo você. Gosto de te ver sorrindo. – Ela passava as mãos pelos lábios dele que, de repente, mordeu-lhe um dos dedos. Anna deu outro gritinho e ele a beijou logo em seguida.
– Nesse passo, os dois irão se atrasar, doutor. – disse Zefa, caminhando pela cozinha.
– Será por uma boa causa, Zefa. – respondeu, beijando o pescoço de Anna e ela continuava a dar gritinhos de felicidade em seus braços. – Agora vamos nos alimentar que o dia será cheio, princesa.
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Luz da minha vida
RomanceFilha de um famoso maestro falecido, Anna Maria Smith é uma violinista que viveu 19 anos na escuridão. Aos cinco anos sofreu um acidente e perdeu a visão. Por toda a vida foi protegida pelos pais e sofreu com o preconceito das pessoas, mas tudo se t...