Sob minha Alma

Uma floresta Negra

Emma estava correndo, em uma floresta negra. Ela usava um vestido preto, rasgado.  Seus cabelos voejavam enquanto andava, seu rosto era de medo e repugnância.
- Você agora é minha boneca  - Dizia uma voz desconhecida, que percorria pelo seu tímpano.
- Se lembra daquele verão? Foi em 2004. Nossos amigos nos convidaram a  ir festejar o ano novo na Escócia . Nós visitamos a Praia de Portobello. Todos os domingos, deitávamos na montanha, perto da casa e contávamos as estrelas.   Não consigo esquecer dessas férias, foi tão mágico.  E quando viajamos a Oslo, no aniversário de sua irmã, Melissa? Fomos até o bosque, tiramos inúmeras fotografias, depois passamos no Grumet Restaurant, pedimos aquele bolo de arroz, típico da Noruega. Nos divertimos tanto juntas. Podíamos passar meses abraçadas, viajando ao redor do mundo, porém sua fama atrapalhou tudo. Éramos felizes juntas.
Emma deu um grande grito e acordou. Ela não estava morta  e sim enfrentando sua própria alma.
Quando abriu seus olhos, observou uma sala pequena. Havia uma escrivaninha amarela encostada na parede, um colchão preto  e um vaso sanitário ao lado da porta.
Ela estava vestindo o mesmo vestido vermelho que usara no dia anterior, quando conversava com Greg. Emma não conseguia se levantar, lágrimas escorriam no seu rosto.  Ela percebeu um grande machudado na região do abdômen, pois tinha sido acertada por um tiro.
- Você deve ser Emma  - A porta se abriu. Uma mulher morena, com cabelos cacheados estava com os braços cruzados.
- Ela é a novata.
- Você já pode entrar, Alison.
Emma não estava entendendo a situação.  Ela teve um pesadelo, estava numa floresta negra e logo é acordada  por uma mulher desconhecida, que a chamava de novata.
- Ele virá a noite. É melhor se comportarem.
Uma garota ruiva, sentou-se no colchão. Ela olhava para baixo. O ambiente ficou em silêncio por um minuto.
          - Por que estou aqui? – Emma perguntou, em estado de choque.
         - A questão não é essa. Só saiba que você ficará trancada aqui para sempre, olhando para essas paredes, que nunca lhe dará respostas.
-  Conte porque está nesse lugar, Emma.
-  Não me lembro exatamente. Estava conversando com Greg, meu empresário. Depois acordo aqui. Não consigo recordar de mais nada.
- Como você pode confiar no G reg? – Alison, o nome da menina. Ela fixou os olhos brilhantes nos de Emma.
- Você o conhece? Emma sentou- se.
- Ele é o chefe de Karyna, que nos deixou aqui. Ele quer nosso mal. Eu confiei nele, quando disse que ia me elevar, trazer no mundo da fama. Sempre fui elogiada pelo próprio. Greg passava as mãos nos meus cabelos, me abraçava. Eu o amava.  Mas ele está fazendo um jogo comigo e com todas as meninas que ele produz.
O local cheirava a madeira e sangue.  Alison parecia sincera com o que dizia, mas não seria fácil lidar com essa situação. Como sua companheira disse, o que resta é olhar pelas paredes, esperando respostas.