Número de telefone

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CRYSTAL BLUE:

A Nina me trouxe até a lanchonete depois da faculdade, o que facilita muito a minha vida. Acho que nunca estive tão animada para trabalhar igual a hoje, foi maravilhoso​ rever meus amigos e a faculdade é muito melhor do que imaginei! Quando entro na lanchonete, dou de cara com o Nick e abro um sorriso. Meu irmão é a alegria em pessoa mas ele está diferente hoje. O que será que aconteceu?

- Oi meu bem!

Eu digo com o maior carinho possível e analiso o olhar do meu irmão. Reparo que ele está com o olho direito inchado e levemente roxo. Ai meu Deus! Preciso manter a calma e deixar ele a vontade pra falar.

- Oi Crys! - Ele tenta sorrir, mas eu o conheço muito bem pra saber que tem algo de errado.

- Você está bem, Nick? - Olho no fundo dos olhos dele com uma expressão séria e ele já sabe que não estou perguntando se ele está bem de modo geral.

- Estou bem, irmãzinha. Esse roxo aqui no olho é só o resultado de uma briga.

- Uma briga? Me conta direito, Nick!

- Eu briguei fora da escola, estava apenas defendendo uma pessoa. - Ele está falando com um tom enorme de tristeza! Não parece que foi apenas uma briga.

- Defendendo quem? Uma garota? Um amigo?

- Uma pessoa de quem eu gosto muito, um dia você vai saber.

Não me conformo com a resposta, mas não vou incomodar meu irmão e deixar ele mais chateado. Eu o puxo para um longo abraço e me pergunto se o que eu sinto pelo Nick é algo perto de um amor de mãe, sempre vou proteger meu irmão!

A hora passa rápido e eu e Nick já servimos inúmeras mesas, por mais um dia minha mãe não aparece aqui na lanchonete e não me telefona, espero que esteja tudo bem. Sinto vontade de visita-lá, mas o orgulho é maior que tudo. O movimento acalma um pouco e decido que vou ficar no balcão e Nick continua servindo as mesas. Vou arrumar essa vitrine de doces que está totalmente desorganizada! Me viro de costas e começo o trabalho quando ouço uma voz me chamando, não consigo conter o sorriso.

- Olá cachinhos dourados! - O Lorenzo diz com uma certa provocação no olhar.

- Oi Lorenzo! - Estou sorrindo igual uma doida, preciso parar! - O que deseja?

- Dois doces de cereja e para beber, quero chá gelado. Eu poderia pedir café, mas sinto que preciso de coisas novas na minha vida.

Tudo que ele diz parece ter um duplo sentido, o que torna tudo muito charmoso. Eu o sirvo me sentindo nervosa, ai meu Deus... Não me reconheço, estou deixando um garoto me intimidar! Preciso puxar um assunto.

- Por que não foi a faculdade hoje? Achei que nos veríamos lá. - Eu pergunto, estou realmente curiosa.

- A primeira semana na faculdade é inútil, só umas aulas bobas de iniciação.

- É, você tem razão. Mas foi bom, apesar de nada sério.

Ele me olha fixamente, o que só me deixa sem graça.

- Então, será que já posso pedir o número do seu celular ou ainda é cedo demais? - Ele diz com um sorriso torto, irresistível!

- Pode pedir, talvez você consiga. - Agora sou eu quem provoco.

Saio do balcão deixando o Lorenzo sozinho, mas não antes de lançar um olhar provocativo. Limpo umas mesas e atendo um casal que acabou de chegar, é o tempo em que Enzo termina de comer. Volto para o balcão, ele paga pelo lanche e cruza os braços com um ar cômico.

Quase Sem QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora