Chapter VI

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Frio.

Essa foi a primeira coisa que Clarke sentira ao acordar, descobrindo seu corpo desnudo e descoberto sobre a cama desconhecida em sua mente. Suas pernas formigavam de uma forma estranha, assim como outras partes do seu corpo que estava um pouco amortecido pelo sono, suas lembranças estavam apenas lhe enviando flashes confusos e tentou não focar nisso quando uma pontada de dor atingiu sua cabeça. O macio que sustentava todo seu corpo era relaxante e muito convidativo para retornar ao sono pacífico que estava tendo, mas uma parte do seu cérebro recusava-se a dormir em um território ainda desconhecido por ela, isso lhe martelava irritantemente.

Seu peito precisou de oxigênio a mais ao visualizar perfeitamente outra pessoa ao seu lado, dormindo serena e alheia da realidade. Nenhum som saiu de seus lábios embora em sua mente gritasse histericamente, em uma total confusão que ainda não clareou completamente. Seus olhos percorriam o corpo e os detalhes do rosto da desconhecida, seu cheiro fora como um tapa da cara da ômega, que fez questão de levantar-se de imediato, assustada internamente com a descoberta.

Sua respiração tornou-se ofegante, as memórias em sua mente clareavam pouco a pouco e o horror dominava seu rosto, assim como as lágrimas que eram automáticas e a loira sequer conseguiu ter controle sobre isso. Seu peito doía pelo fato de privar seu sangue de oxigênio, mas seus pensamentos voltavam para que a razão disso seja a figura na cama que abrira repentinamente os olhos, desconcentrada ao despertar do sono pesado. Sentia uma mistura horrenda de sentimentos, medo, angústia, desespero, confusão.

Clarke não conseguia mais sentir o chão ao seus pés.

Ela rapidamente se esgueirou até o banheiro, suas mãos trêmulas dando as três voltas na chave presa à fechadura da porta. Normalizar sua respiração e não ter um ataque de pânico por estar encarando o fato de que passara seu cio com alguém e estar no momento trancada em um cubículo mais frio que o quarto, era sua prioridade. Parou seus passos lentos e cuidadosos quando sentira os ladrilhos da parede contra sua costa nua.

Nua. Ela estava completamente nua, sequer havia um pedaço de tecido sobre seu corpo magro. Engoliu em seco, não podia desabar num lugar desses, ela precisava chegar até seu quarto. Foi impossível impedir as memórias dela com a alfa fodendo no chuveiro repetidamente, os gemidos sendo misturados e abafados pela água escorrendo por ambos corpos, a satisfação e o prazer que havia sido proporcionado para ambas nesse curto período, tudo se misturava em uma bomba dentro da mente da ômega desesperada e ela não sabia e não tinha o controle sobre essa bomba, poderia explodir a qualquer momento e ela não saberia lidar.

Agora ela podia sentir as mãos da alfa percorrem por todo seu corpo, deixar chupões em todas as áreas possíveis, mordê-la diversas vezes e brincar com seu corpo como se ela fosse uma boneca. Ela se sentia suja. Sentia toda a impureza no seu sangue substituir sua inocência destruída que se esvaía a cada lembrança retomada. Seus soluços eram audíveis, ela sequer importou-se com o fato de estar nua e estar deixando seu corpo cair no chão do banheiro que não era seu, seu perfeccionismo parecia esvair-se juntamente com tudo o que fazia dela a pessoa que era antes.

- Clarke?! - A voz que chamava por seu nome parecia distante, estava concentrada no seu choro soluçante e tudo ao seu redor ficara desfocado, desinteressado. - Clarke, por favor, abra a porta! Sou eu, Raven.

Controlar seu choro não era possível, mas distinguir as palavras ditas pela voz parcialmente conhecida foi fácil, embora ela não tivesse forças para levantar-se e fazer o que estava sendo pedido.

- Clarke, vamos para o nosso quarto, eu estou aqui pra buscar você. - Raven suplicava novamente, as batidas frenéticas na madeira da porta doíam a cabeça da ômega do outro lado, com as lágrimas insistentes caindo por seu rosto avermelhado. - Por favor, abra a porta.

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