Chapter X

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- Seis, sete, oito, nove... – ela contava com a respiração pesada, suas pernas doloridas a ponto de senti-las amortecendo pela corrida sem uma pausa ultramente necessária.

Clarke adentrou ofegante no quarto abafado no prédio dos dormitórios, o lugar não tinha um cheiro agradável e o batuque ritmado do lápis no caderno sobre uma das camas era tudo o que se podia ouvir. Havia roupas e peças íntimas estendidas sobre o chão, assim como embalagens de salgadinhos e doces não terminados trazendo uma imagem bem hedionda e repulsiva para sua constante vontade de manter as coisas higienizadas e arrumadas. O cheiro acumulado das piores coisas da qual podia imaginar, piorou – se fosse possível – com o incenso aceso exalando um aroma terrível pelo cômodo.

Raven Reyes encontrava-se deitada de peito para baixo, com as pernas arqueadas e os pés cruzados, seu olhar continha uma expressão indecifrável, mas seu pequeno sorriso explodia cinicamente em seu rosto. Ela deixou o lápis esvair por seus dedos e rolar sobre o caderno, logo mudando sua posição para sentar-se com as pernas cruzadas, dando uma rápida espiada pelo quarto imundo.

- Ei... Achei... Que estaria na sua aula... De música. – Clarke diz entre pausas grandes para recuperar o fôlego, sustentando-se meramente no batente da porta.

- Oh, não – negou. – A professora está doente.

- Uh, certo.

- Por que estava correndo? Você não está com um cheiro agradável...

- E esse quarto está pior ainda. – rebateu. – Incenso não, isso é péssimo, abra as janelas.

- Ei, não fale mal dos meus incensos! Eles me acalmam em época de trabalhos. – defende.

- Estou enojada. – afirma Clarke, sentindo-se verdadeiramente enjoada pelo cheiro misturado, seu filhote recusando-se a conviver nesse cheiro também lhe mandava péssimos sinais.

- Volte para onde você estava então, nos meus incensos ninguém toca!

- Urgh. – ela resmunga, correndo para sua cama e enfiando seu rosto no seu travesseiro, inalando o seu próprio cheiro entre as fronhas.

Raven volta a ortografar em seu caderno, assobiando alguma canção e ignorando a loira gemer em resmungos pelo cheiro na cama ao seu lado. Ela sente o cheiro diferenciado na ômega choramingando, além do suor asqueroso emanando por todo seu corpo, havia algo a mais.

- Eu vou sair hoje à noite. – informou Raven. – Você... quer vim?

Clarke levanta a cabeça, direcionando seu olhar exausto para a ômega morena, apertando os lábios fortemente.

- Esquece, você não é dessas.

- Desculpe. – murmurou.

- Okay, tanto faz.

- É festa da Costia? – Clarke perguntou hesitante, desviando o olhar.

- Sim. – assentiu. – Ela não se importou quando eu disse que iria convidar você.

- Achei que não fossem amigas... Vocês estão bem... próximas ultimamente.

Raven aperta os lábios, deixando da traçar o desenho que estava sendo feito no final da folha. Ela engole em seco disfarçadamente, dando ombros despreocupada, não respondendo a pergunta de Clarke.

- Não é meu assunto, desculpa. – Clarke sorri minimamente sem graça, sentando na cama.

- Ela é uma boa pessoa.

- Você disse pra mim que isso era apenas disfarce.

- Ok, Clarke, veja bem – Raven traga saliva e levanta seu olhar para a ômega atenta em seus movimentos e em suas palavras. – Sim, ela não é alguém para se partilhar segredos, mas isso não me impede de conversar por cima dos assuntos com ela. Eu deixei de andar com elas, não de falar.

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