Number 8

641 55 2
                                    

Naquela semana, Janity não foi sequer um dia na escola. Ligações não atendidas, sms's não respondidos. Até que tomei a coragem de ir até a casa dela.
Quanto mais perto eu estava na casa dela, mais meu coração acelerava. Quando cheguei, respirei fundo e toquei a campainha.

— Daniela!! Que surpresa maravilhosa!! — Janity morava com a tia por não conseguir se dar bem com os próprios pais.

— Oi, Verônica! Janity está aí? Ela não tem ido a aula e nem respondido minhas mensagens. Fiquei preocupada.

— Ela está sim. Ela pediu pra que eu guardasse o celular pois não quer falar com ninguém. Ela não sai do quarto. Entra! Quem sabe você não tira de lá?

Subi as escadas em direção ao quarto de Janity. Cada passo tomava meu corpo num eterno calafrio.
Toquei a porta.

— Pode entrar, Tia! Está aberto! — Ela gritou.

— Oi, Janity! Sou eu!

— Daniela?! — Disse saltando da cama — O que faz aqui?

— Eu estava preocupada. Precisava saber o que está acontecendo.

— Estou bem! Já pode ir!

— Ei, o que eu te fiz?

— Você não me fez nada, Daniela. Quer por favor sair daqui? — Disse com a voz embargada

— Por que tá chorando? O que está acontecendo? Somos amigas, lembra? Eu...

— É esse o problema, Daniela! Somos amigas! —  Disse me interrompendo

— Entendi tudo, agora! Mas fica tranquila que você não será mais incomodada por mim.

— Não, Daniela! Não é isso o que eu quis dizer.

— Olha, é melhor a gente se afastar! — Eu disse abrindo a porta daquela quarto dando de cara com Dona Verônica.

— O-oi, meninas! Eu não estava ouvindo atrás da porta.

Desviei dela e corri o mais rápido possível daquele lugar. Eu via tudo girar, tudo me assustava. Por que eu não consigo ser alguém normal? Ter amizades como todos? Ser amada como todo mundo? Eu sou um ponto de interrogação em meio a tantas exclamações.

Sentimentos AdormecidosOnde histórias criam vida. Descubra agora