Number 10

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Era 20h da noite quando voltei a mesma praça em que eu costumava me sentar para devanear, criar planos que jamais aconteceriam e para observar outras pessoas sendo felizes. A música alta nos fones de ouvido trazia de volta todos os pensamentos que eu tentei afastar. Por que ela me beijou? E por que chorou?
Fiz meu caminho de volta pra casa e encontrei mamãe andando de um lado pro outro falando ao telefone.

— Daniela, minha filha! Onde você estava? — Disse me abraçando — Você não foi a aula, onde foi?

— Mãe, o que interessa é que tô aqui. Não se preocupe!

— Você acha que vai faltar a escola assim e vai ficar por isso mesmo?

— Não vai mais acontecer, mãe! Relaxa

Subi pro meu quarto e vi as muitas mensagens de mamãe chegando, mas nenhuma de Janity. Preferi não mandar também.

Acordei no dia seguinte sem nenhuma vontade de ir para aquele lugar. Mas como não queria comprar uma briga com Dona Helena, eu fui.
Entrei na sala e vi Janity sentada do lado oposto que costumávamos nos sentar. Achei melhor! A gente precisava de um tempo. Tanto eu quanto ela!

No meio na aula, meu celular vibrou. E consequentemente todos os outros da sala também vibraram.

— Que bagunça é essa? Virou a casa da mãe Joana? — Esbravejou o professor.

Todos olharam seus telefones e eu não fiz diferente. Quando abri, me deparei com uma foto onde estava Janity e eu nos beijando. Toda a sala começou a rir e fazer piadas.

— Eu sabia que você era sapatão!! — Rodrigo debochou.

— Lésbica nojenta! — Outra pessoa falou.

— Vocês precisam de um homem!

Peguei minhas coisas e saí daquela sala. Todas aquelas palavras contra mim e o pior foi ver Janity parada sem dizer nada. Era horrível sentir na pele aquele preconceito horroroso. O que tem demais em duas pessoas se beijando? Só por que somos mulheres? Nunca vou entender esse tipo de violência.

— Onde você pensa que vai?

Sentimentos AdormecidosOnde histórias criam vida. Descubra agora