Sentimentos Adormecidos

Number 21

- O QUE VOCÊ FEZ? - Esbravejou Vitória

- Eu fiz o que é melhor pra ela, não o que é melhor pra você. Você sempre quer fazer o que quer e nem sequer pensa nos outros. Ela iria morrer aos poucos se os médicos não tentassem, e ela tem uma chance de ser uma pessoa saudável se der certo. Você já pensou nisso? Não, né? Pois já sei que você é uma ignorante que só pensa em si mesma.

Vitória, ouvindo aquelas palavras da filha, teve a reação de dar-lhe um tapa no rosto enquanto Janity, com os olhos cheios de lágrimas, virou as costas e saiu a passos largos.
Tentei correr em sua direção mas fui puxada por Vitória.

- Por que você não deixa minha filha em paz? - Perguntou com um tom de ameaça - Eu vou ter que tomar alguma providência pra isso acontecer?

- Eu não tenho medo de você, Vitória! - respondi - Já passei por tanta coisa que faz você parecer pequena. E antes de encher a boca pra chamar ela de filha, pensa no que você acabou de fazer!

Me soltei e corri o mais rápido possível para alcançar Janity que estava sentada num banco de cabeça baixa.

- Amor? - Chamei para que olhasse pra mim

- Em meio a tantas coisas, você me chamar assim é o que me acalma - respondeu sorrindo enquanto limpava as lágrimas

- Falando nisso, preciso te dizer uma coisa...

- Ah, é?! E o que seria essa coisa?

- Bom, já tem um tempo que estou tentando te dizer isso, - disse enquanto me sentava ao seu lado - mas sempre sou interrompida. Eu gostaria de dizer que eu...

E mais uma vez fui interrompida. E dessa vez pelo maldito celular. Ah, é a mamãe.

- Oi, mamãe?! Quem está aí? Sério? Tá, estou indo! Não, não precisa. Eu vou de ônibus. Tá bom, beijo.

- Quem está lá? Perguntou Janity

- Meu pai...

- Por que nunca me disse que tinha um pai?

- Porque tecnicamente, eu não tenho... - disse suspirando

Fomos pra casa e lá estava ele com aquela pose de "pai maravilhoso" querendo saber o que tinha acontecido comigo. Mas, porra! Depois de tantos dias do ocorrido, agora que ele veio se preocupar? Mas nada me surpreende vindo de um pai que duvido muito saber quantos anos tenho.