Nova Iorque

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Ele começou a andar me ignorando e fui forçada a andar junto. Quando chegamos a frente à porta enorme de madeira, ele tocou a campainha. Um homem forte e alto que me lembrou o David Beckham abriu a porta e seu olhar foi direto para mim. Ele me engoliu com os olhos e abriu um sorriso.

-Senhorita Lucinda, por favor entre... – Ele me deu espaço para entrar e pânico se passou por mim. Isso não era coisa do meu pai. Fui para trás com toda minha força, mas John puxou a mão e com facilidade me segurou.

-Não torne as coisas piores. – Disse ele contra meu ouvido. Dei um chute no meio de suas canelas e virei as costas para correr com o coração a mil, mas esqueci da algema o que fez com que meu corpo caísse no chão com força. Comecei a gritar por socorro.

-O que vocês querem comigo? Onde estou? – Perguntei desesperada. Todo o meu corpo se sentia culpado, eu devia ter pulado do carro quando tive a chance. Eu nem deveria ter entrado nele de início.

-Ela é atraente – Falou o homem que abriu a porta – talvez seja útil para outras coisas.

-É uma vadia – Disse John ainda irritado pela dor entre suas virilhas.

Isso era nojento e assustador. Os outros homens de repente pararam de prestar atenção em mim. John parou e ficou olhando para o nada e só depois percebi que ele tinha um daqueles fones de ouvido portátil. Eles deviam estar recebendo uma mensagem de alguém. Eu tinha que sair desse lugar, das mãos desse homem, mas antes disso eu ansiava por saber o que diabos eu fazia ali.

-Sim senhor – Falou John e me arrastou para dentro da casa. Não me impressionou a mesma ter um elevador. Até parecia um hotel. John e eu entramos no elevador.

-Por favor, me diga o que vocês querem comigo. Meu pai pode pagar, é isso que querem? Dinheiro? – Era uma pergunta meio idiota de se fazer quando se entra em um lugar assim, mas eu não pensava direito. Eu estava afoita, soada e com medo.

-É aí que você se engana mocinha. – Não entendi o que ele quis dizer.

-C-como assim? – Gaguejei com medo da resposta.

-Se quer mesmo saber um dos motivos de você estar aqui, são dividas...

-Dividas? – Ele não explicou e o elevador parou em um escritório meio vazio, mas ainda sim luxuoso. Nele só havia uma mesa, prateleiras vazias e uma cadeira atrás da mesa. Nela havia apenas um notebook. Mas em tudo, o que me chamou mais a atenção foi o belo homem que estava sentado na cadeira.

Seu olhar cravou no meu. Ele estava com uma mão pousada no queixo, parecia pensativo enquanto fitava todo meu corpo. Ele provavelmente estava percebendo minhas pernas bambas. Ele tinha olhos tão azuis que eu pude ver nessa distancia, seu cabelo era um castanho bem claro, ou loiro.

-John, eu disse para não assustá-la e você me trás um cachorrinho com o rabo entre as pernas? Tire a algema dela. – Ele tinha a voz grossa e autoritária.

John, agora obediente, destrancou a algema em meu pulso. Quando eu a tirei vi meu pulso vermelho, passei a mão para aliviar minha carne. John saiu da sala e me deixou ali. Eu não sabia se corria ou se simplesmente me encolhia no chão e implorava pela vida. Mas nenhuma dessas era uma opção, pelo menos agora.

-Por favor, Lucinda, sente-se. – Ele esticou a mão para a cadeira na frente de sua mesa. Engoli em seco e fui. Sentei-me tão rápido que a cadeira foi um pouco para trás. Eu soava feito porco naquele momento. – Gostaria de um copo de água?

Era tudo que eu mais desejava, mas nesse momento não passaria nada pela minha garganta. Ela estava fechada. Neguei com a cabeça sabendo que se eu falasse minha voz sairia trêmula.

Powerless - ImpotenteOnde histórias criam vida. Descubra agora