He shot me down

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I was five and he was six
We road on horses made of sticks
He wore black and I wore white
He would always win the fight

                              🔫🔫🔫

9 anos. Eu e Jimin sempre fomos muito amigos. Melhores amigos. Ele é mais velho do que eu e me tratava como seu servente, mas isso é normal entre amigos, né? Ele é mais velho, ele pode.

Sempre fomos completamente opostos. Ele era de exatas, eu de humanas. Ele era a noite, eu era o dia. Ele era uma bomba prestes a explodir, e eu era a brisa fresca de verão. Éramos ao contrário, isso era evidente só de olhar para nós, Jimin sempre com sua cara de emburrado, e eu com meu sorriso nos momentos mais difíceis. Os opostos se atraem, né?

Ele queria brincar de se jogar de um prédio, e eu queria brincar de Barbie. Eu sempre deixava ele ganhar em tudo, já cheguei a errar exercícios de propósito em provas apenas pra tirar uma nota menor que a dele, pois eu sei que ele ficava bravo quando não era melhor que eu, isso é normal, não é?

O que eu não sabia era que o que eu fazia era por amor. Ele errava, e errava e errava mais uma vez e eu perdoava, dava sempre uma segunda chance, mas dar uma segunda chance é como apagar algo escrito a lápis. Você perdoa e apaga o erro, mas sempre sobra uma linha fina no papel. E é essa linha que não dá pra esquecer. Por muitas vezes eu o perdoei, mas por muitas outras, suas palavras foram mais fortes do que seu pedido de desculpa, essas palavras eram como tiros no meu peito, me derrubavam no chão e eu ficava desnorteado.

Após um tempo, mesmo sendo criança, eu sabia que era homossexual, não sentia atração nenhuma por meninas, só tinha olhos para os meus colegas, e principalmente, Jimin, por isso fazia de tudo para agrada-lo, fazia e faria tudo que ele pedia pra mim, não sabia se ele sentia a mesma coisa por mim, mas não importava, ele estando ao meu lado já era o suficiente.

Mas ele podia gostar de mim, né? Ele agarrava minha mão, ele batia em mim quando eu não obedecia suas ordens, ele dizia que eu era útil pra ele mesmo tendo merda no lugar de um cérebro, ele me xingava quando eu tentava fazer uma piada com ele... Isso é amor, certo? Amor de criança é sempre meio estranho rs.

Mas dia 13 de outubro, de algum ano que não me recordo, tudo mudou. Era aniversário de 11 anos do Jimin e eu sabia que ele só gostava de ganhar coisas importantes, de valor, então o que eu poderia dar pra ele de mais valioso? Claro, meus sentimentos. Eu me declarei pro Jimin. Peguei uma folha do meu caderno das Bratz e escrevi tudo o que eu sentia por ele, como seu cabelo era lindo e eu gostaria de pentea-lo, como seus olhos eram marcantes e profundos, como sua boca parecia ser macia, e todas as qualidades que ele havia. Cheguei até a criar uma poesia para ele.

"Sobrevoamos a cidade; dois pássaros esquivam-se dos tiros; Livros, letras e litros de métrica e estética. Sua beleza me move e comove. Mantido mudo, escuto e concluo: Escrevo sobre tu(do)"

Eu me lembro até hoje de sua reação ao ler.

- O que é isso? Por que está me escrevendo essas coisas toscas?
- É o q-que eu sinto por você, hyung.
- Seu viado, já devia desconfiar que era um gay - ele amassou meus sentimentos e jogou no lixo - me dá logo meu presente e some da minha frente, seu anormal.
- Esse foi meu presente... - minha voz quase não saía, podia sentir as lágrimas se aproximando, sentia o sangue na minha garganta, e meu coração quebrando em um milhão de pedaços. Meus sentidos estavam falhando e meu corpo entrava em contato com o chão, ele atirou em mim.
- Eu tenho nojo de você. Nem sei porque eu sou seu amigo. Ah, é, por dó, mas agora você é inútil, nem faz mais meu dever de casa.
- Eu tenho dificuldade..
- Idai? Vaza daqui logo garoto, um gayzinho de merda que nem você não pode ficar na minha festa, amanhã na escola se eu fosse você iria com um colete a prova de balas.

Pra quê colete a prova de balas se ele já havia atirado em mim tantas vezes antes?

Então eu fui embora atordoado, com a mão em meu peito, segurando forte minha blusa, com medo que os cacos do meu coração rasgassem minha pele.

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eu sei que é difícil pensar no Jimin sendo escroto, mas é a vida

bang bangOnde histórias criam vida. Descubra agora