Caminhos Cruzados

Capítulo 6

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Lá pelas 04:00 chegamos em casa. Tive que trazer o carro, o Pedro não estava em condições, aliás ninguém, mas de todos eu era a mais sóbria. Só lembro de ter capotado na cama.

Uma fresta de luz invadiu meu quarto pela janela, e puta que pariu, que dor de cabeça dos infernos. Ainda de olhos fechados tateei o criado mudo ao lado da minha cama, abri a gaveta e mexi até encontrar um remédio. Engoli no seco e resolvi levantar. Olhei no celular e era 14:30, acho que dormi demais. Enquanto ia pro banheiro jurei mentalmente eu não iria mais beber. Pobre Ana Júlia, fazendo promessas que não pode cumprir. Fiz minhas necessidades, tomei um banho demorado e finalmente a dor aliviara. Fui procurar algum sobrevivente da noite e encontrei três cadáveres jogados no sofá na sala

–Não sei qual de vocês está com a cara pior – Falei rindo e me sentando ao lado deles

Ali estavam Duda sentada, Guga deitado no sofá com a cabeça em seu colo, e o Pedro deitado no chão.

–Ontem foi foda! – Guga fala rindo

–To com dor de cabeça, nem remédio ta ajudando – Ana disse recostando a cabeça no sofá

Minha mãe apareceu na sala com roupa de corrida, é, ela é a única menos sedentária dessa casa. Deve ser por isso que tem um corpo invejável para uma quarentona.

–A festa foi boa, hein? Nem vi a hora que chegaram ontem – disse indo até a cozinha beber água

–Cê nem imagina, coroa – Pedro disse brincalhão

–Coroa é a vó. Falando em vó estou pensando em ir visitar ela agora no carnaval – Ela disse vindo até nós – Vocês querem ir?

–Ah mãe até que eu iria, mas a gente já programou uma viajem – Eu disse fazendo bico de lado

–Como assim viajem Ana Júlia? E a permissão ficou onde? – Ela disse fingindo estar séria

–Ah mãe, se eu não te conhecesse tão bem ate acreditaria – ri – escolhemos ir pra Salvador, é só o carnaval, depois estamos aqui vivinhos, prontinhos para amar e cuidar da mamãe todos os dias.

–Ainda não me convenceram – Ela fechou os olhos e virou o rosto fingindo estar emburrada

O Pedro se levantou rindo, fomos caminhando até ela e demos um abraço duplo e bem apertado

–Quem é a melhor mãe do mundo? A mais linda, inteligente, maravilhosa, única? – falávamos enchendo ela de beijinhos no rosto

–Ta, ta, ta, já me convenceram – ela disse rindo junto com todos

–Tia Rosa, a senhora é a melhor – Guga disse vindo também, abraçando-a – casa comigo?

–E eu lá sou papa anjo, garoto? – disse fazendo todos rir – Vão que dia?

–Domingo – Duda disse enquanto todos voltavam para o sofá

–Tudo bem, bom crianças vou pro meu quarto – deu um beijo na minha bochecha e acenou pro pessoal saindo

O resto do dia passou normal, ficamos discutindo como seria a viajem, quais atrações curtir, como seria essa experiência de todo mundo junto. Já viajamos de galera assim, mas não pra tão longe. Essas férias realmente prometem! Já era 21:00 quando o Gustavo se despediu com a Duda e foi pra casa arrumar sua mala, o que me fez lembrar que eu não separei nada ainda e do jeito que sou vou querer levar a casa inteira. Nosso vôo estava marcado para as 10:30. Fui então pro meu quarto, peguei uma mala grande e coloquei shorts, biquínis, maiôs, cropped, vestidos, nécessaire com coisas de higiene, perfume, sandálias, enfim, a mala estava estufada. Por fim, como se não bastasse não consegui fechá-la. Pedi pro Pedro vir me ajudar, sentei em cima da mala que, finalmente, fechou. Sou exagerada mesmo. Nem reparei no horário, e quando dei por mim já eram 02:00, corri para o banheiro tomei um banho rápido e fui dormir. Eu disse dormir? Isso foi o que eu menos fiz nessa noite. A ansiedade dominava cada centímetro do meu corpo. Imaginei mil coisas, até pegar no sono. O que me pareceu ser coisa de meia hora. Acordei com o alarme do celular tocando loucamente, desativei. Não acordei de mau humor como de costume, o que uma viajem não faz né amigos? Levantei, organizei tudo, conferi minha bolsa para não esquecer nada, fui para a sala arrastando a mala e encontrei o Pedro tão ansioso quanto eu.