Parte 2

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Quando chegamos ao local de encontro, vários jovens da União das Igrejas de Ribeira do Pombal, já estavam reunidos. Eu e minhas amigas ficamos aguardando, como todos os outros, o direcionamento do líder geral. Clarinez estava eufórica com a possibilidade de ser designada para o grupo do Oswaldo pé-de-banha. Minha amiga odiava quando eu chamava seu crush por esse apelido.

Depois de um tempo, Marlon Brando – líder geral da UIRP – foi informando, através do microfone, os grupos que ele previamente já havia montado com a ajuda de todos os líderes das igrejas participantes. Eu e as meninas ficamos em um grupo com o pessoal da igreja católica. Não tínhamos separação de denominações quando o real objetivo era ganhar almas para o Altíssimo e eu, sinceramente, amava agregar pessoas à minha vida, pois o primeiro mandamento devia ser cumprido: "Amar ao próximo".

Fomos passando pelas ruas do nosso bairro, Pedro Tibúrcio, e adentramos em uma região um pouco perigosa. No entanto, Pedro, nosso líder, nos orientava até onde poderíamos seguir. Escolhemos uma rua e começamos a pregar para as pessoas: crianças, jovens e qualquer um que estivesse disposto a nos ouvir falar das boas novas do Reino.

Em determinado momento, nos deparamos com uma cena que, infelizmente, era muito comum nas cidades. Vários homens estavam sentados na em frente de a uma casa, que imaginávamos ser um local de venda de drogas. Havia rapazes sentados no chão, outros em cadeiras.

Eu senti um impulso muito grande de ir até aquelas pessoas e falar do amor de Deus. Expus para o grupo minha intenção, mas ninguém quis me acompanhar. Disseram que eu estava maluca, por querer falar com aqueles homens, drogados e traficantes, quando corria um risco eminente. Eu não devia estar em sã consciência, eles diziam.

Depois de ouvir tais palavras, minha determinação ficou ainda maior. Peguei minha bíblia, encostei-a em meu peito e fiz uma oração silenciosa, pedindo ao Deus de amor forças para fazer o que era preciso. Marchei até aquele grupo, aquele era o momento decisivo.

- Olá, bom dia! – Todos me olharam surpresos.

- Bom dia – falaram em uníssono.

- Meu nome é Marcela Silva e eu gostaria de um minuto da atenção de vocês – um cara alto e negro se levantou e veio até mim.

- Moça, seja rápida, pois esse lugar é perigoso para você. – concordei e comecei a falar.

- Bom, serei rápida, então – fiz uma pausa. – Eu tenho um convite a fazer a todos vocês. Amanhã na praça central teremos um grande evento denominado Power Conference UIRP.

- Nossa, que nome maneiro – um rapaz baixinho e barrigudo, que fumava um cigarro, falou alegremente. – Eu quero ir nisso ai! Mas é de crente?

- Qual seu nome? – questionei-o.

- Carlos Cabral – eu sorri para ele.

- Carlos, não é coisa de crente, e mas sim falaremos de Cristo! – ele me olhou de forma interrogativa. – Deixa eu explicar para todos. Ser crente é algo natural, pois todos cremos em algo. Mas eu sou seguidora de Cristo e isso me torna uma cristã.

- Nossa, que interessante! Eu sempre quis entender isso. Obrigada!

- Eu preciso de oração - nesse momento um rapaz moreno, de olhos verdes, me olhou de forma diferente, como se enxergasse algo através de mim. – Eu preciso desse Jesus que você está falando, mas eu não tenho forças.

- Qual o seu nome? – Perguntei a ele.

- Artur Brás.

- Oi Artur, que bom que você quer tomar essa decisão – quando eu ia me abaixando, Carlos me impediu.

- Marcela, melhor não fazer isso. Estamos em um lugar perigoso, se contente em falar.

- Carlos, só vai levar um minuto. Prometo – ele concordou, mas ficou ao meu lado, estava olhando para os lados como se algo fosse acontecer. No entanto, eu tinha uma proteção muito maior e era isso o que me estimulava a prosseguir.

– Artur, repita comigo essas palavras – ele me olhou e eu prossegui. – Diga: Eu, Artur Brás, recebo o Senhor Jesus como meu único e suficiente salvador! Eu prometo amá-lo e servi-lo de todo coração – ele repetiu comigo cada uma das palavras e, no fina, chorou e eu vi que aquilo era só o começo.

- É só isso? – Carlos me questionou.

- Eu lancei a semente, Carlos. Agora depende do Artur fazê-la crescer – sai de perto de Artur e falei de forma clara e que todos conseguissem compreender. – Hoje Deus tem algo novo para vocês. Salvação e cura ele tem para vos se abrirem seus corações e convidarem-no para entrar. Então, Ele fará tudo novo em suas vidas. Aguardo vocês esta noite.

Depois de proferir essas palavras, fui apertando a mão de cada um e, em silêncio, profetizando a salvação para cada um.

- Marcela, hora de ir. – Carlos interpelou e eu obedeci.

- Fiquem na paz – acenei para todos aqueles homens que deviam ter as mais diversas histórias, mas foi o olhar de Artur que me chamou atenção. E eu pedia a Deus que sua decisão fosse real e verdadeira.


♥♥♥♥

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