//Quinto//

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"Assim que chegares manda-me uma mensagem!" – recebida, mãe, 11:47

"Acabei de chegar. Vou agora para casa da tia." – enviada, 12:38

Mando também uma mensagem à Sara como tinha prometido.

"Já cheguei, beijinhos." - enviada, 12:38

Respiro fundo algumas vezes e procuro com calma a morada dos meus tios nas notas do telemóvel. No mesmo rascunho da morada está também um nº de telefone caso não consiga apanhar um táxi e precise que o meu tio me venha buscar à estação. Fico bastante confusa quando olho à minha volta e vejo a confusão típica destas cidades. Afasto-me um pouco da estação e chamo um táxi. Sem saber bem o tempo que teria de esperar, sento-me na borda do passeio e ponho-me a observar os comportamentos das pessoas que por ali passam. Refletindo bem, tornei-me numa pessoa diferente. Tudo o que costumava fazer antes, já não faço. Mal me reconheço.

Avisto um táxi à distância e levanto-me. O motorista encosta a viatura ao passeio onde eu estou e logo me apresso a entrar.

- Bom dia! Será que me pode levar a esta morada? – apontei para o visor do meu telemóvel que mostrava a morada.

- Claro, menina! Foi para isso que me chamou.

Coloco a minha mala no banco traseiro de forma a não me incomodar, visto que é nesse banco que eu própria estou sentada.

- É nova na cidade? – perguntou simpaticamente o senhor taxista.

- Sou sim. Tenciono ficar durante uns tempos.

- Faz muito bem! Lisboa é uma cidade muito bonita.

- Já ouvi dizer.

Passam poucos minutos até o senhor ligar o rádio da sua viatura. Acho alguma graça quando oiço a voz do condutor acompanhar a música "We don't talk anymore", mas não comento nada. Nota-se que não sabe completamente a letra, mas a música deve passar tantas vezes na rádio que o pobre taxista já a sabe.

- Aconselho-a a visitar a baixa! Aliás, acho que deve visitar toda a cidade, mas a baixa pode tornar-se um sítio fascinante, tudo depende da forma como observamos as coisas! E claro, cada um tem gostos diferentes.

- Obrigada, senhor... - esperei que completasse.

- António.

- Sou a Maria, muito gosto.

- A morada que me deu é esta. É aqui que quer ficar?

- É sim, obrigada.

Abro a minha carteira e pago ao senhor deixando umas moedas a mais como forma de agradecimento. Saio da viatura com alguma dificuldade devido ao peso da mala e toco a campainha da casa onde vou ficar. Parece ser um pouquinho maior do que a dos meus pais. Depressa vejo uma mulher fardada, que suponho ser a empregada, que me sorri e me abre o grande portão da propriedade.

- É a menina Maria? A sua tia avisou-me da sua chegada. Entre!

Segui a prestável senhora, que me indicou onde era o meu quarto. Terceira porta à esquerda depois de subir as escadas.

- Instale-se à vontade! Depois de arrumar as suas coisas, pode descer que eu mostro-lhe os cantos da casa!

- Eu não sei se desço antes do almoço – respondi – e pode tratar-me por tu! Estou um bocadinho cansada, depois de arrumar as minhas coisas vou ficar a descansar um bocadinho.

- Como queira, menina!

Subo as escadas e entro na terceira porta à esquerda. É um quarto espaçoso, do tamanho do meu ou até maior. A decoração é parecida com a do meu quarto. Encosto a minha mala a um canto e deito-me na cama. Não gosto de fazer viagens longas, deixam-me sempre cansada.

Quando estou prestes a adormecer oiço o toque do meu telemóvel.

- Estou, mãe...

- Já chegaste, filha? Está tudo bem?

- Sim, mãe! Até te mandei uma mensagem, não viste?

- Vi, mas enquanto não ouvisse a tua voz não ficava descansada. Já almoçaste?

- Não...

- Já é uma e meia! Não tens fome?

- Alguma. Eu vou almoçar agora... É que deitei-me para descansar e nunca mais me lembrei do almoço.

- Vai lá almoçar, descansas depois! Beijinhos, filha!

- Adeus, mãe.

Levanto-me e apanho o cabelo num rabo de cavalo para o tornar decente. Estou extremamente despenteada.

- Ia agora chamá-la! Os seus tios chegam por volta das seis da tarde. Disseram-me que gostava muito de frango assado no forno com legumes, então fiz-lhe esse prato para o almoço.

- Obrigada, dona... - esperei que a senhora concluísse pois ela ainda não se apresentou.

- Ai peço desculpa, nem me apresentei! Chamo-me Dolores!

- Frango no forno com legumes é de facto o meu prato preferido, obrigada por ter preparado essa refeição para o meu almoço!

- Não tem de agradecer, agora vá almoçar que depois o comer arrefece.

Sigo a dona Dolores até à sala de jantar que, mesmo não sendo muito grande, parece enorme por estar tão vazia. Sento-me no lugar onde estão os talheres e o prato e após me servir começo a comer.

***

Desculpem não ter colocado na semana passada, mas a seleção convocou-nos a todos e eu fui apoiá-los ;)

Love Sucks {PT}Onde histórias criam vida. Descubra agora