//Terceiro//

133 13 0
                                    



07:35

Acordo sobressaltada com um pesadelo. Não é muito difícil tê-los com tudo o que se passou ultimamente na minha vida. Aliás, os pesadelos passaram a ser constantes durante o meu sono. Desbloqueio o telemóvel para ver as horas e reparo na notificação de mensagem.

"Mal dormi com aquilo que me contaste" - Sara, recebida, 07:28

"Eu tenho consciência de que é grave e que estou a ser cobarde em fugir da situação desta maneira, sem sequer denunciar. Mas não o consigo fazer... O meu comboio parte às 08:40, caso te queiras despedir de mim" - enviada, 07:38

"Claro que me vou despedir de ti! E eu sei que tens noção do correto a fazer, só acho que não estás preparada, estás com medo... mas já falámos sobre isto. Não vale a pena bater na mesma tecla" - Sara, recebida, 07:39

"Vejo-te na estação, beijos. Tenho de me ir preparar" - enviada, 07:39

"Até logo..." - Sara, recebida, 07:40

Levanto-me da cama e escolho uma roupa confortável para a viagem ainda longa, de 3 horas e 55 minutos, que tenho a fazer. Vou silenciosa até à casa de banho e tomo um duche rápido. Embora goste de sentir a água a cair sobre mim, não quero demorar-me em casa. Quero sair o mais depressa possível e afastar-me de Braga. Sempre amei esta cidade, mas o que realmente preciso é de me afastar.

Termino o meu duche o mais rápido que consigo e visto a roupa que já tinha preparado. Umas calças de ganga simples e uma blusa branca tão simples quanto as calças. Agarro na mala e transporto-a comigo até ao andar de baixo. Claro que descer com uma mala relativamente grande pelas escadas a baixo não é tarefa fácil para alguém tão desajeitado como eu.

Pouso a mala junto da porta principal e dirijo-me até à cozinha onde já se encontram os meus pais.

- Bom dia! – exclamaram os dois ao mesmo tempo.

- Bom dia.

- Queres que te leve à estação?

- Não é preciso, pai. Apanho um táxi, não se incomodem.

- Não incomodamos! És a nossa filha, o máximo que podemos fazer é levar-te ao comboio. – entreviu a minha mãe.

- Não é necessário. Tenho de me desenrascar sozinha.

Tomo o último pequeno-almoço na companhia dos meus pais, pois não tenciono voltar tão cedo. Despeço-me deles e subo até ao meu quarto para confirmar se tenho tudo comigo. Como sou extremamente distraída, quase me esquecia do bilhete do comboio e do telemóvel. Corro até à porta principal, agarro na grande mala e saio de casa. Na verdade, não vou apanhar um táxi. Ainda é cedo, 08:17, e se for a pé chego à estação antes do meu comboio.

Caminho calma e atenta a tudo o que me rodeia. Afinal, esta é a última vez que caminho por Braga até me sentir bem para voltar.

08:32

Chego à estação e depressa vejo a Sara. Ela veio mesmo despedir-se de mim! Assim que chego perto dela, ela abraça-me fortemente.

- Vou ter saudades tuas! Boa sorte, eu sei que vai correr tudo bem. Quando chegares manda-me uma mensagem.

- Eu mando. Obrigada por tudo! E por favor, não comentes nada sobre o que te contei.

- Está descansada. Agora vai lá! Não quero que percas o comboio por minha causa!

Abraço-a uma última vez e dirijo-me até à linha 2, a linha do meu comboio. 08:39, a minha ansiedade aumenta. Avisto o comboio ao longe, ali vem ele, cada vez mais lento para parar no sítio certo. Assim que as portas abrem, entro calmamente com a minha mala e sento-me num lugar discreto, de modo a não dar demasiado nas vistas. Comigo entram também meia dúzia de pessoas. Ligo os meus fones ao telemóvel e ponho uma playlist aleatória a tocar.

***

Espero que gostem tanto desta história quanto eu estou a gostar de a escrever!

Beijinhos,

Lea

Love Sucks {PT}Onde histórias criam vida. Descubra agora