O segredo

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Não podemos entender o porquê de Frank zoar Gerard se o mesmo mexe com ele. Isso é incompreensível.

Frank chegou em casa e tirou sua camisa e a gravata do colégio. Seu desejo ali era sumir. Olhou para as fotos de sua mãe que ficavam sobre a mesa de sua escrivaninha do lado da cama e fechou a cara. Ele teria que aguentar outro dia no inferno que era a sua casa. 

O pai de Frank espancava a sua mãe desde quando ele tinha 5 anos. Desde então, Frank sempre fora um garoto explosivo e violento, assim jogando toda a energia ruim da sua casa em seus colegas de escola. 

Isso pode ser como um dos motivos de humilhar Gerard, pois Frank se sentia impotente quando não podia fazer nada que fizesse seu pai parar.


Gerard depois de chorar sozinho no laboratório, seguiu pra sua casa a pé e com o skate embaixo do braço. Não queria fazer mais nada além de ir para sua cama e colocar seus fones no mais alto possível e esquecer de tudo isso. 

Mas não conseguiu ouvir musica alguma no caminho da escola até sua casa, pois ele estava realmente triste

Ele não queria se importar com as coisas que Frank dizia, mas isso era impossível, não tinha como, essas palavras acertavam em cheio em seu coração e sua mente. 

Isso realmente machuca. 

Frank também mexia com Gerard. Porém, ele ainda não tinha uma visão clara disso.

Como Gerard era preocupado com os estudos, ele queria se responsabilizar por esse trabalho que não seria fácil.

Deixar na mão de Frank seria algo sem sucesso.

Entrou em sua casa e subiu as escadas correndo. Tudo que ele queria era esquecer todo mundo. Seu quarto era o seu único lugar que poderia se sentir em paz. 

Gerard além de ser muito estudioso, desenhava todo tipo de desenho.  Ele desenhava rostos, feições ou olhares. Tudo que era ligado a expressão e os sentimentos, Gerard colocava em uma folha de papel. 

Pegou um papel no saco de folha sulfite e apontou o lápis 6B. Fechou os olhos, tentando pensar em a coisa mais marcante que aconteceu para ele no dia de hoje, seja boa ou ruim. Apenas em seu quarto era possível ouvir sua respiração, mas seus pensamentos dentro de sua mente estavam começando a ficar mais altos. 

Frank

Sim, Frank era o motivo de tanta tristeza. Frank o deixava chateado demais. Ele se importava demais para o que o garoto popular e valentão dizia.

Gerard queria sumir com esse sentimento, mas era a realidade. Talvez...

- Não, ele não mexe com você, você não sente nada quando olha pra ele - Gerard apertou os olhos, tentando ignorar o pensamento que acabou de pensar, mas viu que seu coração começou a palpitar com força, quase saindo de sua boca. 

Não era certo se importar com um monstro, certo? 

Dizia Gerard em tom de sussurro pra si mesmo

O que era o que Gerard sentia? Ele não sabia. Porém, havia algo que Gerard sentia dentro de si, algo que acontecia dentro de seu corpo. Era algo quando olhava para o fundo dos olhos de Frank, quando encarava ele todos os dias naquele ano letivo. Era algo que o garoto estranho não conseguia explicar, nem se cogitava a ideia de explicação pois ele nem se importa mesmo com isso. 

Na verdade ele se importa, tanto que fica triste quando Frank o xinga.

Apertou os olhos e começou a esboçar os olhos de Frank no papel. Gerard tinha uma boa lembrança de seus olhos. 

Redondos, pequenos, traços fortes e detalhados. O espaço entre a pálpebra e o fim da sobrancelha é considerável. Depois de terminar o olho, seus olhos âmbares esverdeados que reluziam sua confiança e o brilho de olhos que escondiam provavelmente algo, fez seus lábios finos sem se esquecer de seu piercing. Ele acreditava que Frank devia ter problemas, como todos os seres da terra e arrumou alguém como ele pra descontar suas frustrações.

***

Frank deixou sua mochila no quarto desceu para almoçar. Sua mãe tinha preparado uma deliciosa lasanha. Se sentou na mesa, pedindo aos deuses do além que seu pai não chegasse, e que tudo ficasse bem e que aquela tarde fosse agradável. Sua mãe estava sorrindo em meio aos hematomas em seu rosto, mas todos sabemos que aquele sorriso era falso. A mãe trouxe para Frank um prato com um pedaço grande de lasanha e beijou os seus cabelos, mas ele engasgou quando viu seu pai na porta.

- Que foi moleque? Nunca me viu não?- Perguntou o pai com uma certa altivez. O garoto abaixou a cabeça, tentando engolir aquela comida quando percebeu que perdera sua fome. Não conseguia ficar no mesmo espaço que seu pai, que o causava arrepios. Ele se sentia fraco perante a presença do pai por não poder defender a mãe, pois o medo era constante. 

Foi ai que seu pai começou a brigar com sua mãe por um motivo idiota. A mãe, não querendo brigar em sua frente, subiu as escadas e começaram a brigar do quarto deles. 

- Eu te juro que um dia eu te mato - Rosnou Frank, dizendo a si mesmo, apertando os dentes de ódio.

Frank depois de alguns minutos ouviu o pai xingando ele. Mas não pode fazer nada, porque tinha muito medo do seu pai. 

Entrou no seu quarto, jogou as coisas que estavam em cima da cama pra longe e se deitou deixando escapar várias lágrimas. Por alguns segundos, ele desejava sumir.

Ele machucava algumas pessoas as vezes para poder se livrar da dor que tinha dentro dele. Quando chegava em sua casa, ele chorava como uma criança. Às vezes sesentia sozinho, precisava de alguém como companhia, porque por mais que fosse cheio de gente em volta, era totalmente sozinho. 

Lembrou de como tinha tratado Gerard. Se sentia o pior dos piores, porém, não tinha força suficiente para encarar o pai, então descontava isso em todo mundo na escola. Era ai que Frank Iero se sentia uma completa merda. Era muito difícil estar nesse looping eterno de violência. 

Ele reconhecia que Gerard não era tudo aquilo quando o xingava.  Se arrependia muito de ter cometido isso, mas quando chegava na escola, Frank era "o tal", pois zoando pessoas era como ele se colocava novamente no controle, se sentindo poderoso de novo. 

Mas por que Gerard, Frank Iero

Temos a resposta.

Gerard mexe com Frank. Mas é tão idiota essa ideia para ele. Porque se os seus amigos da "bagunça" souberem disso, o condenam. Então, a unica saída aqui é zoar. Bem, não é bom deixar muito visível, então Frank simplesmente não vai deixar que ninguém saiba!

Talvez alguém tão frágil e doce seja o que mais Gerard queria ser, ele sabia muito bem disso. 

Frank estava o ferindo. 

Mas ele não tinha controle sobre seus próprios comportamentos.  

"Eu sinto muito, Gerard" Pensou Frank enquanto tragava o cigarro que segurava entre os dedos. Uma lágrima escorria devagarinho em seu rosto. A lua iluminava ternamente sua face e os olhos âmbares de Frank se iluminaram e por um momento ele não era o fodão, nem o mais poderoso, ele apenas era... Ele. 

Two Weeks - Frerard *RepostagemOnde histórias criam vida. Descubra agora