Apenas corra!

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16 de Novembro de 1940

A luz pairava sobre a escrivaninha, onde estava meus livros. A Polônia estava sendo tomada pelos nazistas, os perseguidos comentem suicídios, as crianças vão a escola e ao voltar não encontram seus pais, o mundo está em guerra e somos vítimas disso tudo.
Minha família é judia. Meu pai nasceu na Alemanha e minha mãe nasceu na Rússia. Eles se conheceram durante a "Grande Guerra", papai tinha 25 anos e mamãe 18 anos. Meu pai se chama Abner Aryeh Stern e mamãe se chama Elisheva Gontcharov. O amor deles pode ser visto no modo como se olham e como tratam seus cinco filhos. Margot, Joseph, Piotr, Otto e Hanneli. Mamãe tem os olhos azuis e o cabelo loiro, papai tem os olhos escuros e o cabelo negro, meus irmãos são muito parecidos com meu pai e eu me pareço com mamãe.

20 de Novembro de 1940

Desde que os alemães chegaram, o ar ficou mais pesado, o céu cinza e o povo judeu sofre com tanta perseguição. O Liceu Judaico, era o único lugar onde poderíamos ficar em paz, longe da guerra e dos seus desastres. Em Outubro, muitos dos meus colegas foram embora, uns para a América do Sul, outros para a Inglaterra e alguns para a Suíça, uma grande parte vive como "submarinos". O gueto, nos prende e nos proíbe de ver o mundo, não existe vida além dos muros para nós.
Os cristãos e judeus não podem viver unidos? Essa guerra não vai acabar? Será que Hitler e suas tropas vão conquistar o mundo? As perguntas são feitas, as respostas, não! Por todo o lugar só ouvimos um "Heil Hitler", não encontramos confiança em nossos próprios parentes, isso é a guerra, os mais espertos sobrevivem!

22 de Novembro de 1940

Eu estava voltando para casa, eu não havia feito nada de errado, os nazistas chegaram e começaram a atirar! As pessoas caíam, corriam e gritavam. Fui correndo para a loja de papai. Quando os nazistas chegaram quebrando os vidros, atirando para todos os lados, apenas ouvi meu pai dizer.
- Syn, apenas corra!
Fui errado, deixei aquele responsável por eu existir para atrás, sou uma vergonha para minha família, nunca me perdoarei!
Ao chegar em casa, mamãe estava aos prantos, os nazistas tinham levado muitos judeus embora. Não restava outra solução, íamos nos esconder, só não sabíamos onde, ainda com a ausência de papai ficava mais difícil, o que faríamos? para onde iríamos? A guerra veio, acabando com as esperanças de sermos felizes!

23 de Novembro de 1940

Na noite passada, não conseguimos dormir. Papai vinha em minha mente e me assombrava, me sinto culpado e isso reflete em meus irmãos, que me olham com indiferença.
Ao chegar no Liceu, descobri que hoje, não teríamos aula e fui dispensado. Tentei visitar uma das poucas amigas que me restaram, só que fui proibido de sair, por ser perigoso.

25 de Novembro de 1940

Hoje, a luz brilhou para nós! Ficamos sabendo de pessoas que ajudavam os Judeus. Pela tarde, tivemos a triste notícia de que papai havia sido assassinado pela artilharia alemã. Não consegui me levantar, meus pensamentos nadavam no fundo do oceano da culpa e arrependimento, estava sufocado e aquilo não poderia ser pior!

Imagens da invasão nazista na Polônia, do sofrimento no gueto de Varsóvia e da perseguição aos Judeus.

Imagens da invasão nazista na Polônia, do sofrimento no gueto de Varsóvia e da perseguição aos Judeus

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