20 de Dezembro, 1944
Já havia passado um ano... um ano desde que aquela coisa me perseguiu... A imagem do rosto assustador daquele monstro ficou marcada na minha mente por muito tempo. Eu ainda podia sentir aquelas garras enormes e frias passando pelo meu rosto e o sangue gelado correndo nas minhas veias. Me lembro claramente da expressão de ódio estampada no rosto da coisa, aquele olhar me fez sentir culpada por algo.
Desde então, eu penso que ele estava ali por algum motivo, ele não me perseguiria e me mataria a sangue frio em vão. Mas, por qual motivo ele estava ali?
Pensei se ele voltaria para terminar o que começou, penso no que aconteceria se aquela voz não o impedisse.
- O que há de errado, Allison? - perguntou minha mãe olhando para mim, ela descascava alguns legumes para uma sopa que estava preparando.
- Nada, mãe. - me levantei da cadeira da cozinha com uma expressão pensativa, era a mesma desde o acontecido, então resolvi tentar me distrair e ofereci ajuda a minha mãe. - Quer ajuda em alguma coisa?
- Sobraram algumas moedas da compra de domingo. Se não me engano, temos uns trocados sobrando, pode ir ao mercado?
- Sim. O que quer que eu compre? - disse eu procurando as moedas pela casa.
- Tente comprar aquele refrigerante que você tanto gosta. - ela deu um sorriso pelo canto da boca - O Natal está chegando, eu e seu pai não vamos ter condição de te dar um presente.
Minha mãe parecia estar cansada, passou a manhã limpando a casa e quando finalmente terminou, começou a fazer o almoço. Nossa casa não era grande, era humilde na verdade. Nós morávamos em um lugar pobre na Inglaterra, mais especificamente localizado na cidade de Nottingham.
A compra de domingo nunca era grande, baseava-se em alguns pães, um pequeno saco de arroz e um de feijão, legumes e a carne mais barata que encontrássemos no mercado. Nós não comíamos doces ou tomávamos refrigerante, era raro quando podíamos comprar. Para nós, essas coisas eram consideradas luxo. Geralmente tomávamos água ou suco com as frutas que nós colhíamos em nosso pequeno jardim.
Eu entendia mamãe, ela era dona de casa e papai trabalhava em uma fábrica onde só recebia cerca de £1000.00 por mês, era difícil manter as contas em dia, pagar o aluguel e ainda sustentar a casa, então eu não me chateava quando não ganhava algo que eu queria, porque de todo modo, eles tentavam me agradar com o que restava.
- Não precisa mãe, guarde o dinheiro para algo necessário para a ceia de Natal. - Parei imediatamente de procurar pelo dinheiro.
- Pode ir querida, não será necessário. Esse mês conseguimos comprar o que foi preciso para termos uma ceia agradável. - Ela se virou e continuou descascando os legumes.
Subi para o meu quarto com as moedas pesando no bolso da minha calça de moletom azul. Meu quarto estava ajeitado e cheiroso, mamãe colocava uma espécie de perfume nos cômodos da casa, ela prezava uma casa cheirosa, dizia que causava boa impressão para visitas. Abri meu guarda-roupas para procurar meu casaco, assim que achei desci as escadas e fui direto para fora.
O clima não era tão agradável, nevava muito, mas em compensação a vista era incrível. Grandes montes de neve branca por todo lado, as crianças faziam bonecos de neve enfeitados com pequenas pedras no rosto, formando olhos e um sorriso largo. Tudo na cidade já estava com enfeites típicos do Natal, guirlandas em todas as portas e várias luzes brilhantes e coloridas por volta das casas.
Fui andando pela rua em direção ao mercado, que ficava cerca de 3 quadras da minha casa. O mercado onde comprávamos não era muito grande, como todo resto da cidade, era um lugar humilde, porém era o único lugar que conseguia dar suprimentos para todas as famílias dali.
Entrei no mercado e peguei o refrigerante, não sobrou muito do dinheiro depois da compra, era questão de centavos. Quando saí percebi uma movimentação estranha logo à frente do mercado, encontrava-se uma multidão em volta de um poste olhando uma espécie de cartaz que estava colado, eles pareciam meio ouriçados com algo que tinham visto ali. Então me juntei ao grupo para ver o que estava acontecendo e, para minha surpresa, era um desenho com as características marcantes do monstro que me perseguiu no Natal do ano passado, grandes olhos vermelhos, garras, pernas seguidas de cascos grossos e roupa esfarrapada. O desenho não parecia ser feito por ninguém conhecido, não havia relatos de que essa criatura tinha sido vista no bairro. Ao lado da imagem, estava escrito o que parecia ser uma canção natalina com algumas alterações, algo do tipo:
"É melhor tomar cuidado, é melhor não chorar, é melhor não fazer bico, vou dizer por quê, KRAMPUS está chegando à cidade"
- Krampus... - pensei alto.
Meu Deus me calei por tanto tempo por medo de ninguém acreditar no que havia me acontecido, medo de me acharem louca. Agora estaria todos sabendo sobre a criatura horrível. Finalmente me sentia a vontade para contar tudo que havia passado e todos os meses de angustia.
Mas, seria aquilo a criatura que me perseguira na floresta? Krampus seria o nome dele?
Meu coração palpitou forte por um momento, eu tinha que investigar antes de ter certeza do que eu iria revelar.
Corri para casa no objetivo de descobrir se tudo o que tinha acontecido finalmente tivesse uma explicação.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Krampus, o demônio do Natal
ParanormalEsqueça tudo o que te disseram sobre os pequenos que ganham carvão quando se comportam mal e viaje pelo lado negro do Natal nessa história sobrenatural e obscura sobre o amigo de Papai Noel, Krampus.