A Filha Da Luz

Capítulo 2 - A professia

Escuridão. Foi a única coisa que Elaine viu ao recuperar os sentidos. Embora estivesse desconfiada sobre o lugar em que estava, permitiu-se sentir um pouco de alegria por ainda estar viva, mas isso não era suficiente, ela precisava de saber onde se encontrava. Só desejava ter um pouco de luz no seu íntimo para poder distinguir as formas em que tocava, e ao pensar nesse desejo, algo aconteceu. A luz que ela tanto queria de um momento para o outro começou a aparecer nas veias da mão como se estivesse entranhada no seu corpo. Isso deixou-a nervosa, pensou que estaria a entrar em transe por causa da pancada que apanhara ao cair no chão, então decidiu abrir e fechar os olhos lentamente e depois piscar rapidamente, mas a luz insistia em continuar no seu corpo, aquela luz que lhe emanava nas veias não tinha desaparecido, pelo contrário, estava cada vez mais intensa. Depois das várias tentativas de tentar perceber o que acontecera, Elaine, mesmo não estando segura do que estava a acontecer, acabou por se adaptar á estranheza que aquele momento lhe trouxera e finalmente começou a utilizar a tal luz para distinguir as formas. Encontrava-se dentro de uma cave, coberta de raízes grossas e bem fixas á parede. A cave era totalmente escura sem qualquer vestigío de luz e, aparentemente, não tinha entrada nem saída.

Ao vasculhar a gruta em busca da saída, uma pequena bola de cristal, vinda sabe-se lá de onde, quase a fez cair uma vez que Elaine iria tropeçar nela. Curiosa, pegou nela e começou a abaná-la e a rodá-la em procura de alguma mensagem. Quando estava quase a desistir, encontrou uma pequena fenda quase imperceptível para quem não se desse ao trabalho de procurar, e uma nova busca surgiu: encontrar a "chave" que iria abrir a bola. Desistiu após as vária tentativas falhadas e, revoltada, deitou-se sobre o frio chão de terra. Ao deitar-se, o seu cordão que sempre usava desde que os pais lho ofereceram na sua festa de quinze anos desprendeu-se e a lança de platina que estava presa, caiu entre as raízes. Desesperada, já que era um objeto que tanto estimava, uma vez que toda a família tinha uma, levantou-se e encontrou-a perto da bola de cristal, como se tivesse sido atraída para ela. Então, um pensamento que talvez refletisse o seu desespero veio-lhe á cabeça e Elaine começou a pensar "E se...". Num ato de esperança, colocou a ponta da lança na fenda da bola mas nada aconteceu, desanimada, tentou com o outro lado e repentinamente a bola ficou achatada e uma mensagem, ou melhor dizendo, uma professia, apareceu nela:

"Quatro irmãos nascerão, todos num berço de ouro, cada um controlará um elemento. O mais velho controlará a Água, o que se segue o Fogo, o terceiro será dono da Terra e o quarto dono do Ar. Mas quando o último completar dezasseis anos todos eles alcançarão a plenitude dos seus poderes e todos deverão servir o Senhor das Trevas como seu lord supremo."

Rodando a bola de cristal, agora achatada, para o outro lado, viu como se uma alteração da professia onde dizia:

"Cinco irmãos nascerão, todos num berço de ouro, quatro deles controlarão um elemento. O mais velho controlará a Água, o que se segue o Fogo, o terceiro será dono da Terra e o quarto dono do Ar. Mas quando o último completar dezasseis anos, neste caso o quinto, ele aprenderá a tomar posse da luz e todos eles alcançarão a plenitude dos seus poderes. Juntos derrotarão o Deus que governa o submundo, não o deixando ultrapassar os limites entre os mundos, mas separados deixarão de ser tão fortes e nada poderão fazer contra o mal das trevas".

Acabando de ler isto em voz alta, uma pedra gira e a luz do sol penetra na imensidão negra da cave.