A Filha Da Luz

Capítulo 7 - Perdida

" As mortes irão continuar, por todas as casas vizinhas até que a Senhora da Luz se entregue. Sete dias e sete noites será o tempo que terá para encontrar o seu destino, antes que a carnificina seja retomada.
Deverá estar ao pé da árvore da vida. Quae Nox "

Esta frase. Elaine pensou nela o dia todo. Perguntava-se o que deveria fazer. Deveria enfrentar as sombras, os espiritos reencarnados em humanos, deveria enfrentar os quae nox, esses homens sem sentimentos? Ou deveria simplesmente entregar-se e evitar que mais alguém morra? O seu cérebro estava a mil, mil pensamentos, mil problemas, mil soluções.

Decidiu levantar-se da cama. Desde o dia anterior em que soube do problema que estava a chegar ainda não tinha falado com os pais. Tinha de se preparar, precisava de conselhos.
Saiu do quarto e enquanto seguia pelo corredor passou pelo quarto do grito. Já que estava lá e estava, entrou. Observou novamente o quarto mas de forma mais pormenorizada, os seus instintos nunca falharam e não seria agora a primeira vez, alguma coisa ali não estava certo. Começou a tocar nos livros, como num daqueles mistérios que lia, mas não poderia ser tão clichê assim pois não? Cansada de remexer em todos os livros, ia desistir até que um grosso livro de capa verde-musgo a chamou a atenção: "A história de Fort Wings". Dirigiu-se ao livro e puxou-o para fora. Ouviu o som de alavancas a movimentar-se e caiu.

Olhou ao seu redor, ela tinha caído em terra seca, e ao que lhe parecia previamente preparada para a queda, uma vez que quando se levantou e se moveu, os seus pés pisaram algo duro, provavelmente um chão de cimento. Concentrou-se e criou uma pequena esfera de luz e de modo a que não fosse detetada, seguiu em frente. Avistou uma celas e dirigiu-se até elas. Estavam vazias. Ouviu passos  e pensou esconder-se mas já seria tarde de mais, já a deveriam ter avistado. Um raio iluminou o recinto e vários vultos rodearam-na.
- Mas que...? - a sua esfera de luz voou para longe estilhaçando-se em mil feixes. Algo poderoso estava a tentar remover-lhe todos os recursos. Sabia que era a sua hora, sabia que deveria entregar-se.

Quando estava prestes a perder toda a sua força para os vultos, todos eles cairam no chão e destacou-se uma sombra da multidão. Um quae nox parecia estar a defende-la. Os que recuperavam rápido tentaram entrar no portal tridimensional, os outros nem se mexiam, tal era o poder do seu protetor. As perguntas na sua cabeça aumentavam gradualmente. Quem era ele? O que queria? Porque estaria a defende-la? Será que na realidade os quae nox teriam sentimentos? Ou seria ele um infiltrado nas Trevas? Não podia ser. O senhor do Mal nunca iria permitir. A não ser que ele reencarnasse aqueles com mau caráter e sem problema de fazer o mal, de forma a dar-lhes algum poder, mas não lhes removesse os sentimentos. Isso faria sentido, as sombras, ou homens, deviam-lhe respeito e a sua vida por isso lutavam por ele. O facto de ter chegado lá deixava-a contente, significava que as probablidades de poderem afinal lutar contra os quae nox tinham aumentado.
Voltou a focar-se no indivíduo que a protegera. Por trás parecia ser bem definido. Lutava com perícia e deixava qualquer um no chão. Ele tinha uma espécie de poder que move tudo. Quando lançava a mão para a frente alguém voava. Um barulho quase imperceptível começou a ouvir-se. Elaine voltou-se para o portal. Este estava a fechar.
- Tu! Vai, olha o portal! - chamou a atenção do homem maravilha.
Ele recuou e olhou para Elaine, fez um pequeno aceno com a cabeça como que a agradecer e correu para o portal.
- Espera! Diz-me o que queres.
- Quero justiça. - o rapaz entrou e o portal fechou-se.
A última coisa que ela viu dele foram os olhos vermelhos e correu para o sitio onde caíra.

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