A Filha Da Luz

Capítulo 4 - A Verdade

A família estava reunida á mesa. O silêncio de tanto que era deixava o ambiente pesado, apenas os barulhos dos talheres era ouvido.
Elaine decidiu quebrar o silêncio e dirigiu-se para a família.
- Pai, Mãe, Irmãos. - seis olhos curiosos fitaram-na. - Na noite em que desapareci descobri algo interessante. A minha lança, que é exatamente igual á vossa, abriu uma pequena bola de cristal que tinha duas mensagens escritas. Com licença.
Elaine levantou-se da mesa, deixou olhares interrogatórios e dirigiu-se ao salão principal para pegar na bola. Encontrou-a e realizou o caminho de volta para a sala de jantar. Fez questão que ela passasse por todas as mãos que se encontravam na mesa e que todos lessem a tal professia. Enquanto que os irmãos tinham expressões interrogatórias, o Lord Pietro e a Lady Salete pareciam duas crianças apanhadas a roubar maçãs de um pomar. Elaine observou bem as reações de toda a família e reparou nos pais mas decidiu continuar o seu discurso.
- Não sei se é do vosso conhecimento, mas a árvore da vida tem uma pequena gruta debaixo dela. Foi aí que eu acordei depois de perder os sentidos. Não havia qualquer tipo de luz então eu inesperadamente achei-a dentro do meu corpo. Isso foi o mais estranho.
O silêncio constrangedor voltou a atacar a sala e Elaine ia retomar a conversa quando Ken a interrompeu.
- O mais estranho não foi o facto de isso só ter acontecido contigo. Algo semelhante também já me aconteceu. Quando fiz a viagem para lá das montanhas, onde não existe sol e a neve é abundante, estava praticamente a congelar e desejei ter fogo para me aquecer. Ele também apareceu como se entranhado em mim, e começou a arder na minha mão.
Elaine olhou para Ken e para os irmãos como se a perguntar-lhes se havia alguma hipótese remota de algo semelhante pudesse ter acontecido com eles. Quando baixou os olhos, três vozes levantaram-se e disseram a mesma coisa.
- Isso também já me aconteceu.
Dessa vez cinco pares de olhos voltaram-se para os pais e estes viram-se obrigados a falar. O pai tomou a palavra.
- Meus filhos, eu esperava que esta realidade não chegasse tão cedo, mas ao que parece a professia realmente está a ser realizada e uma prova disso é a volta dos quae nox. Há muitos anos atrás, os nossos antepassados decidiram recorrer a magia negra para passar a barreira que divide os dois mundos, simplificando, o mundo mágico ou paralelo e o mundo da vida, a Terra, onde todos nós habitamos. Para que as primeiras tribos tivessem livre-passe entre os mundos foi preciso a intervenção do Senhor do Submundo que autorizou pedindo algo em troca. E assim se relizou a primeira professia. Neste caso, a primeira mensagem que Elaine encontrou na bola de cristal.
- Mas a mulher do chefe da tribo - interviu a mãe - não achou que estivesse correto o que o seu marido tinha feito, ele tinha prometido os seres mágicos mais poderosos alguma vez existentes ao Lord das Trevas! Então, sendo uma mulher sensata sacrificou-se para que nascesse um quinto irmão que haveria de proteger o mundo da maldade.
- Assim nasceu a menina, Elaine, vós sois o quinto irmão. Por isso daí o vosso nome, que significa reluzente, luz, adequando-se perfeitamente ao vosso poder. Vós, minha família, sois os irmãos a quem a professia se refere e apenas vós pudeis mudar o mal que está para vir, utilizando os vossos dons para o bem. Como já deveis ter percebido Yara, uma vez que sois a filha mais velha controlais a Água. Vós, Ken, sois o senhor do Fogo, por isso é que naquele dia vos conseguiste aquecer. Nayara, o vosso poder é da Terra, ou seja, a fauna, flora e rochas e por esse motivo é que as vossas flores nunca morrem. E por fim, o meu filho Eurípedes, controla o vento, as brisas e o ar em geral. Eu vos peço, por favor mantei-vos unidos porque o pior está para vir. - terminou o pai.
Os irmãos ficaram perplexos e admirados, mas pelo menos já entendiam porque algumas daquelas coisas tinham acontecido com eles.
- Não vos preocupeis com o domínio dos vossos dons - aconselhou a mãe - eles irão evoluir e todos vós terão acompanhamento com a Egídia para vos ensinar como os utilizar.
Eurípedes interviu.
- Espere mãe, a Egídia soube este tempo todo?
- Bem como Lorenzo, o seu filho, e agora fazei favor de subir para os vossos quartos que já está a ficar tarde.
A família estava deitada, mas cinco pequenas luzes em cinco quartos diferentes mantinham-se ligadas.