Capítulo 3

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Liz

Chego ao abrigo e fico esperando o casal que fará a visita hoje, como estão atrasados resolvo fazer uma visita rápida à sala de uma das assistentes sociais do abrigo que também é minha melhor amiga, a Cristina Serra, minha amizade com Cris surgiu das diversas visitas que faço ao abrigo acompanhando casais interessados em adotar ou quando venho pra visitar as crianças. Nossa primeira troca de palavras foi no banheiro do orfanato quando a encontrei chorando porque quebrou o pó compacto. Não resisti e ensinei a ela um truque para juntar novamente o pó rachado.

Bato na porta, e aguardo ela abrir. Um minuto depois a porta é aberta e a bela morena de sorriso fácil sai pra me cumprimentar.

— Amiga! Meu Deus fofinha... há quanto tempo? - ela grita me abraçando tão apertado que começo a tossir. Cris continua a falar como se nada tivesse acontecido.

— Pensei que tinha me esquecido sua egoísta, posso saber por que você não atende minhas ligações há duas semanas? Por acaso resolveu ceder ao meu conselho e conheceu um gatinho? E está muito ocupada na cama dele?

— Não! Claro que não. - respondo rapidamente para que Cris não comece a criar nenhuma história em sua cabeça, por que ela é assim, qualquer coisa que você não explique totalmente ela começa a inventar diversas versões diferentes do fato.

— Eu só estava ocupada, você sabe. - concluo.

— Você está sendo uma grande egoísta Dona Liz, eu ligo porque me preocupo com você sozinha nesta cidade. E porque também quero conversar com a minha amiga. Tenho tanta coisa pra te contar fofinha, mas você sempre inventa uma desculpa pra não me atender.

— Eu sinto muito, é que essas semanas estão sendo muito difíceis pra mim, eu não seria uma boa companhia pra ninguém, eu sei que não mereço sua amizade... - falo com os olhos cheios de lágrimas porque sei que ando sendo uma cadela mesmo com a minha melhor e única amiga, que também tem uma vida cheia de problemas com o namorado modelo dela de quem eu nunca fui com a cara.

— Eu sei que você me ama, agora não precisa chorar fofinha. - Cris fala sorrindo e me abraça de novo. Na verdade eu estava mesmo precisando desse abraço. Cristina é a única pessoa que eu tenho nessa cidade. Não posso perdê-la.

— Quer parar de me chamar de fofinha? Você sabe que pega mal né? – pergunto irritada, ela começou a me chamar assim por que diz que toda vez que olha pra mim lembra-se de um anjo com penas fofinhas.

— Claro que não, então para quitar o débito que você tem comigo por ter sido uma vadia esses dias, que tal uma saidinha amanhã?

— Você sabe que dia é amanhã, não serei uma boa companhia.

— Por isso mesmo, vamos pensar assim, será uma noite nossa só de meninas com um belo vestido e alguns bons drinks, poderemos por o papo em dia e esquecer um pouquinho o drama que vivemos. Que tal?

— Você sabe que há anos não vou a uma balada, não sei se é uma boa ideia Cris, não seria melhor sairmos para um cineminha? – digo colocando minha melhor voz de amiga boazinha, tentando convencê-la.

— Claro que não, somos jovens demais pra perder tempo com um filme bobo em pleno sábado à noite, vamos lá sua chata. Você me deve.

Respiro fundo, olho pra aqueles olhos negros pidões que estão me encarando com cara de cachorro que caiu da mudança e penso bem, amanhã será um dia de merda se eu ficar em casa lamentando mais um dia, e é uma boa data pra encher a cara com uma amiga.

— Tudo bem, eu topo. - finalmente concordo.

Cris pula pra cima e pra baixo gritando feito uma louca, o que me faz rir.

Azul Profundo ( Livro 1 Série Cores) SEM REVISÃOWhere stories live. Discover now