3.Casa.

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-Quem pode me ajudar a arrumar essa bagunça depois da aula?- O professor perguntou.
Milene foi a única a levantar a mão, ela sabia que Pietro daria aulas por toda tarde e não queria ficar em casa, então achou que seria muito bom ajudar.
-Ok! Então todos, menos a senhorita Prayor, estão dispensados.
Enquanto seus colegas de classe saiam Milene pegou um guardanapo de papel para limpar o rosto e o cabelo.
O professor Lorenzo foi buscar baldes e panos deixando-a um pouco só, foi quando um garoto entrou na sala ele olhou de com espanto pela bagunça que Milene estava, o rapaz era alguns anos mais velho que ela e uns bons 20 centímetros mais alto, era esguio e de aparência forte, tinha cabelos pretos espetados com gel e olhos profundamente azuis, usava uma camiseta preta, calça jeans e botas com fivelas, em uma primeira impressão Milene achou que ele tinha acabado de sair de um cartaz de boy band.
-Eu posso ajudar?- Ela perguntou.
-Eu estou procurando o Professor Enzo.- Respondeu o rapaz.
-Ele acabou de sair mas já volta, se você quiser pode esperar aqui.
Ele entrou na sala e olhou em volta desconfortável com a bagunça.
-Será que eu posso perguntar, o que aconteceu com você?
Milene riu.
-Era uma gincana e meu colega errou a questão.- Explicou.
-Interessante. A propósito eu sou Lucas.- O garoto lhe estendeu a mão.
-Milene.- Respondeu apertando a mão dele.
Nessa hora o professor voltou para a sala e abriu um imenso sorriso.
-Lucas, que bom te ver.
-Enzo!- Ele se apressou para dar um abraço caloroso no velho amigo.
Depois que se separaram Rafael deu um esfregão para Lucas.
-Você chegou na hora perfeita pra ajudar a limpar toda essa bagunça.
Milene não escondeu um sorrisinho e esse não passou despercebido pelo professor.
Lorenzo jogou um pano molhado para Milene.
-Milene limpa as mesas e Lucas fica com o chão.
-Perai e você?- Lucas disse.
-Eu supervisiono.- com essas palavras ele se jogou numa cadeira limpa próxima e abriu um livro com um aceno de mão completou.- Podem começar.
Ela começou a tirar a meleca das mesas o que era bem difícil porque a tinta estava começando a secar, ela imaginou como estaria seu rosto.
-Então Lucas o que o trás aqui?- Milene puxou assunto.
-Acho que tô tentando encontrar um pouco do meu DNA.
-Legal.
Os dois conversaram enquanto arrumavam tudo e deixavam a sala brilhando, isso demorou mais ou menos quarenta e cinco minutos de uma conversa agradável e animada.
-Convido vocês dois para um agradável almoço na minha companhia.- Disse o professor tirando seus olhos do livro e avaliando o trabalho dos garotos.
Lucas riu abertamente até se engasgar.
-Você fazendo meu almoço? Prefiro comer minha própria perna.
-Eu não vou fazer o almoço, vou pagar por ele.
-Esse sim é o Enzo que eu conheço.
Os três foram andando até um restaurante a poucas quadras da escola, o nível de amizade do professor com Lucas era tão forte que algumas vezes no caminho ela se perguntou se estava interrompendo algo importante, mas os dois a incluíram na conversa, mesmo ela não fazendo a menor ideia de qual é diferença entre um carro esporte e um sedam o que pelo menos alegrou os amigos.
Eles se sentaram Lucas e Enzo de um lado deixando o outro lado para Milene. Enzo pediu hamburger com fritas para a jovem garçonete.
-Nossa que pedido adulto e maduro!-Zombou Lucas quando ela se retirou levando seus pedidos.
-É bom e ponto. Cala boca que você também gosta.
Milene os fitou.
-Desde quando vocês se conhecem?-Perguntou ela tentando ser simpática.
Os amigos se entreolharam.
-Desde que eu era criança.- Respondeu Lucas.- Ele é uma especie de padrinho pra mim.
Ela assentiu. Lucas a fitou com interesse.
-Milene, você tem namorado?
Ela sorriu condescendente.
-Sim, e o senhor Lorenzo parece não aprovar muito meu namoro.- Seus olhos encontraram o do professor com diversão.
Lucas sorriu e se voltou ao amigo.
-Como assim, Enzo?
-Eu não sou contra o namoro da minha aluna, eu sou contra demonstrações libertinas de afeto no meio da minha aula.
-Foi no final da aula.- Defendeu-se.-E você nos encheu de creme de barbear por isso, ainda tem essa meleca no meu cabelo.
Os três riram e na mesma hora os lanches chegaram provendo um momento de silêncio enquanto começavam a comer.
-Então, qual é o nome desse tal namorado?- Pergunta Lucas.
-Pietro Talbot.
Milene quase não percebeu que Lucas recuou um pouco, mas Enzo percebeu e tentou continuar falando.
-E Lucas, de acordo com o Pietro, Milene consegue ver o futuro.
Lucas apoiou os cotovelos sobre a mesa.
-Jura que interessante. Eu posso fazer mágica e o Enzo pode ler sua mente.
-Isso foi brincadeira eu não posso nada.
Lorenzo ri e passa as mãos pelo cabelo.
-Que pena, eu realmente posso ler sua mente.
As sombrancelhas dela se uniram formando um V cético.
-É agora que você pede pra eu pensar em um numero de 1 a 10?
-Na verdade você pode pensar em qualquer número existente na face da terra ou letra tanto faz, mas eu prefiro números.
-Ok, duvido mas OK.
-Pegue minha mão.- Ordenou Enzo e assim ela fez.- Feche seus olhos e se concentre em algo.
Ela fechou seus olhos e imaginou uma forma de pegar seu professor de filosofia então ela se concentrou na constante matemática Π que era tanto um número com algarismos infinitos quanto uma letra grega então ele nem acertaria se ela estava pensando em um número ou em uma letra.
Ela só abriu os olhos de novo ao ouvir a risada do professor ele sorriu e balançou a cabeça.
-Muito perspicaz senhorita Prayor, a senhorita pensou na constante Π para me deixar sem saída alguma.
Os olhos dela se esbugalharam de choque suas sombrancelhas quase chegavam no couro cabeludo e seu queixo caiu.
-Mas... Mas... Mas... Como?
Ele gargalhou com o espanto da garota.
-É fácil ler você, um pouco de lógica e fica bem óbvio.
Ela não soube muito o que responder e achou melhor encher sua boca com a última mordida do sanduíche.
Todos terminaram de comer e como prometido o professor Enzo pagou por eles, no momento que estavam saindo do restaurante o celular dela tocou. Era Pietro.

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