15. Visões e barreiras

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Foi uma experiência um pouco atordoante acordar na manhã seguinte e descobrir que nada daquilo foi um sonho, antes de adormecer na noite anterior Milene pensou que acordaria desorientada e que demoraria alguns minutos para lembrar dos fatos da madrugada e descobrir de novo o que era, mas não foi assim, antes mesmo de seus olhos abrirem ela já sabia que nada era como antes, ela soube que a paz e o amor que sentia ainda eram os traços dos sentimentos de Pietro que estava pacificamente adormecido ao seu lado, ela apertou os olhos bem fechados tentando fazer sua barreira recuar e se encaixar na medida de todo seu corpo. Pietro acordou quase que instantaneamente com um suspiro pesado, ela abriu os olhos para ver o que aconteceu com ele.

-O que houve?-Ele parecia genuinamente preocupado.

-Nada, eu só retraí o meu dom.

-Eu me assustei quando não senti você.

-Tudo bem, eu só não consigo manter nós dois o tempo todo.

Pietro rolou sobre ela na cama, dosando seu peso sobre os cotovelos e beijou seu pescoço e suas bochechas, os olhos azuis dele brilhavam enquanto a fitava com paixão, ele passou os dedos pelos cabelos dela e a beijou na testa.

-Você está tão linda! Eu me assusto com o quanto te amo.

-Obrigada por ontem, deve ter sido uma experiência horrível para você.

Ele deitou outra vez ao seu lado a puxando em seus braços fortes, ela não conseguia vê-lo, mas não reclamou quando ele falou ainda firmemente agarrado a ela.

-Foi a pior coisa que já me aconteceu, anjo, eu não podia fazer nada enquanto você gritava, você me implorava para fazer parar e eu tentava te dizer que era só você que podia fazer isso, eu quis te soltar, só que o Enzo disse que seria melhor para você passar tudo de uma vez, eu desejei tanto socar a cara dele.

Ela se esforçou para se afastar apenas o suficiente para poder olhar os olhos extremamente azuis dele.

-Ele estava certo, eu precisava daquilo.

-Eu soube disso no momento em que você falou nos meus pensamentos, com sua voz normal e calma, mas, anjo, eu não sei se conseguiria ver isso de novo.

Milene se puxou em uma posição sentada olhando para as próprias mãos enquanto falava.

-Não vai haver outra vez, eu sinto meu poder agora, é como se antes ele fosse um estranho que falava outra lingua e não era capaz de me entender, agora ele é uma parte de mim eu sei que ele trabalha comigo, é... indescritível.

Ele sorriu como se dissesse eu sei exatamente do que você está falando, depois beijou mais uma vez sua testa antes de se levantar da cama.

-Vamos logo dorminhoca, tem muita gente querendo ver se a noite passada não foi um sonho.

Ele estava certo quando os dois apareceram na cozinha, onde Bárbara e Arthur já estavam sentados juntos, houve uma espécie de suspiro coletivo, eles até tentaram não deixar claro o que não foi muito em disfarçar que estavam encarando os cabelos azuis dela.

-Vocês querem que eu deixe o cabelo castanho outra vez?

-Nós queremos que você se sinta bem.-Garantiu Bárbara.

-Eu estou ótima.

-E isso é tudo o que precisamos saber.-Disse Bárbara com um amplo sorriso.

Arthur deu um suspiro forçado para mãe depois olhou gravemente para a irmã por três segundos inteiros antes de deixar claro sua intenção.

-Isso é tudo que ela precisa saber, eu preciso desesperadamente saber de tudo mais que você é capaz de fazer.

Milene pensou que esse tipo de comentário a deixaria desconfortável, mas a forma que ele era natural com tudo aquilo era de certo modo reconfortante e a fazia se sentir um pouco menos como um ET.

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