10. A tempestade.

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Milene estava na cama, não dormindo, apenas se recusando a levantar-se, os lençóis brincavam em sua pele enquanto ela descansava no peito de Pietro, ainda era muito cedo, mas já se percebia que o dia seria muito quente. Em sua mente ela repassava tudo que teria que fazer no dia, a despensa estava começando a ficar vazia, teria que passar no super mercado e era o dia de pagar a empregada teria que lembrar de passar no banco, talvez pudesse chamar Pietro para os dois comerem fora, mas não podia deixar Arthur sozinho em casa, talvez devessem sair os três, Pietro e Arthur odiariam o super mercado era melhor ir sozinha.
Ela olhou para sua cabeceira e pensou que devia ler o livro que fora presente de formatura de Enzo "Milênius de A a Z" todos os amigos receberem uma cópia para se acostumarem com o que estava por vir, ela fez uma careta para a ideia de se levantar do lugar em que estava e depois de uma longa luta interna se desenroscou de Pietro pegou o livro e foi até a sala.
A calma da manhã era maravilhosa para se ler, o silêncio preencheu o espaço ao redor de Milene enquanto ela preparava seu café e se sentou sobre as próprias pernas no sofá com a xícara quentinha descansando na mesa de centro.
Logo na capa se lia em letras garrafais a frase "Bem vindo ao seu novo mundo!" e foi exatamente assim que Milene se sentia enquanto se perdia nas letras
-Quem diria a princesa fazendo lição de casa?- Arthur apareceu no fim do corredor.
-A princesa foi plebeia até uma semana atrás.- Defendeu-se.
Arthur se sentou ao lado da irmã no sofá.
-E o que está achando da leitura?
-Estou começando agora, mas a Pri já terminou e disse que foi "um passo imprescindível na sua relação com seu eu interior"- ela fez aspas com os dedos enquanto imitava a amiga.
Os dois riram, Arthur se esticou para pegar o controle remoto e ligar a televisão e Milene voltou para seu livro, era estranho pensar que em tão pouco tempo estar com Arthur se tornou uma coisa natural para ela como se desde criança eles se sentassem no sofá da sala com seus cobertores e assistissem aos desenhos. Distraidamente Milene pegou seu café na mesa de centro na mesma hora que seu irmão levantava-se então o café acabou em toda camiseta dele.
-Ah meu Deus! Me desculpa
-Tudo bem.- Respondeu rindo, aparentemente a falta de jeito estava incrustada em todo o DNA Covach.- Eu tinha que trocar de roupa mesmo.
Logo que Arthur foi para o quarto trocar de roupa, seu celular começou a vibrar na mesa de centro, Milene viu o identificador "MÃE", sim, estava em letras maiúsculas, gritantes, o coração dela pulou uma batida e sua boca ficou imediatamente seca, ela sabia que era errado mesmo assim pegou o aparelho nas mãos trêmulas e atendeu.
-Alô.- A voz do outro lado atendeu, era a voz que a acompanhara a vida toda, a voz sempre presente em suas visões, uma voz linda melódica em tons agudos como a voz de uma fada as lágrimas queimaram por trás dos olhos dela e ela não conseguiu responder porque aquela linda voz era a voz de sua mãe.- Arthur? - Ela parecia preocupada agora.- O que houve?
-Não é o Arthur.- Milene disse com um fiozinho de voz.
Sua mãe demorou para responder e quando voltou a falar sua voz estava embargada na garganta e demasiada aguda.
-Então quem é?
-Milene.- Respondeu baixinho se sentindo uma criancinha.
-Milene?
-Sim, sou eu mãe.
-Ah meu Deus. É você mesmo? Eu não consigo acreditar que finalmente encontramos você.
-Sou eu mesma, também não consigo acreditar que encontrei você.
Ela fungou ruidosamente do outro lado da linha e quando voltou a falar sua voz mostrava de alguma forma seu sorriso imenso.
-E como está Arthur? Ele está te dando trabalho aí?
Nessa hora Arthur voltou do banheiro com um camiseta nova, ele olhou para a garota chorosa no sofá e soube o que acontecia.
-Ele é o melhor irmãozinho do mundo.
Mãe e filha passaram horas no telefone contando sobre a vida que tiveram nos últimos dezesseis anos Milene contou sobre seus livros favoritos sobre a escola, seus pais adotivos e sobre Pietro, enquanto Bárbara contou tudo sobre Milênius sobre sua família, sobre a UMEE e sobre seu trabalho.
-Quando você vem para casa? - Bárbara perguntou.
-Enzo está nos ajudando com os preparativos, mas meus documentos da escola estão enrolados.
-Arthur disse que você quer chegar de surpresa.
Milene riu um pouco por estar muito nervosa de sua mãe não aprovar.
-Acho que é melhor assim, não quero criar espectativas, sabe?
-Entendo perfeitamente querida. Preciso ir agora o dever me chama.
-Tudo bem.- Respondeu e depois de um segundo de hexitação, completou com palavras verdadeiras.-Eu te amo, mãe.
-Eu te amo, querida.
Milene encerrou a chamada e se levantou procurando por Arthur para devolver seu aparelho celular ele e Pietro estavam juntos na sala de treino, a garota se sentou no banco perto da parede e observou ao irmão e ao namorado. Os dois estavam fazendo flexões Arthur do jeito normal com as mãos apoiadas no chão enquanto Pietro sustentava o peso do corpo apenas com seus poderes o que era impressionante de se ver. Depois de um tempo ele estendeu os braços e passou a levantar o corpo com força física, depois de uma série rápida Pietro levantou o rosto para observá-la e sorriu.
-Se quiser pode sentar nas minhas costas, anjo.- Sua voz nem sequer demonstrava cansaço.
Milênius de A a Z explicava que com a transformação os feiticeiros tendiam a ganhar muita força física.
-Estou bem aqui, obrigada.
Arthur se levantou e foi até a irmã pegando uma toalha pequena e secando o suor do rosto, sem falar nada Milene lhe entregou o celular e lhe ofereceu um sorriso tímido em agradecimento que foi amplamente retribuído.

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