O dia amanheceu frio, um conjunto de nuvens negras riscavam o céu como sinal de chuva. O uivo do vento forte fez meus pêlos se arrepiarem. Era um daqueles dias onde as nuvens engoliam os últimos resquícios de sol do dia anterior.O despertador tocou mais uma vez me fazendo levantar, pressionei o botão do relógio com força para que ele, enfim, desligasse. Minhas pálpebras estavam pesadas implorando para se fecharem.
— Bom dia New York! São exatamente seis da manhã e começamos nossa programação. – O Locutor gritou no rádio assim que eu o liguei.
Continuei ouvindo as informações sobre o trânsito e segui para o chuveiro, não podia delongar, era apenas a minha segunda semana na Thompson Engineering Company, depois do sucedido. O peso de ficar um ano descorçoada em casa agora pesava nas minhas costas. Após a morte do antigo dono da empresa e meu amigo, Aaron, filho dele, assumiu o controle e parece que foi enviado para me infernizar. A empresa sofreu mudanças no período que estive fora e eu, infelizmente, não pude acompanhar.
A calça jeans branca estava totalmente colada em minhas pernas, coloquei um suéter por cima da blusa amarela e arrumei meu cabelo, Matt deveria estar me aguardando e seria outro que me mataria se eu me atrasasse. Eu me sentia deslocada dentro da casa dos meus pais, tudo estava estranho agora, eu era monitorada nas vinte e quatro horas do dia pelo simples motivo dos meus pais sentirem medo de eu cometer alguma loucura. Eu estava sofrendo mas não ao ponto de me suicidar. Se era isso que eles achavam que eu faria.
— Bom dia filha. – Meu pai sorriu enquanto folheava o jornal.
— Bom dia. – Sorri.
Não enrolei muito com o café, eu precisava correr para o metrô e ir o mais rápido que pudesse para a clínica, eu sabia que as consultas eram importantes, me relaxavam, me faziam esquecer a tensão que a empresa me trazia e me livrava do turbilhão de sentimentos que me assombravam quando eu iniciava algum contato íntimo com qualquer pessoa. O metrô estava cheio como todos os dias apesar de ser bem mais fácil pegar um táxi eu gostava da maneira de como as pessoas circulavam, gostava de ver pessoas que exalavam humanidade, gostava até mesmo do caos. O céu estava cinzento e a neblina cobria o final da rua, senti o frio congelar minhas mãos enquanto atravessava as portas de vidro da clínica.
— Pontual. – Matt ergueu os olhos assim que eu abri a porta.
— Bom dia pra você também. – Falei ofegante.
— Então, pronta para mais um dia?
— Acho que sim, suas conversas deixam meus dias tranquilos. É difícil voltar a rotina depois de tudo. – Confessei.
— Eu sei o que Will te causou, mas não deixe que aquelas lembranças atrapalhem sua vida. Meiridi foi covarde quando fez aquilo com você. Summer, você é uma pessoa incrível, por favor me prometa que vai tentar.
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Doce Sedução
RomanceSummer Campbell sempre dispôs de tudo o que ambicionava porém ao sofrer uma dramática desilusão amorosa, ela acaba por se tornar uma mulher melancólica e amargurada. Após a morte do seu melhor amigo, Summer decide se esconder de todos, se privando d...