Máscaras

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A caminho da inauguração, dentro do carro, estávamos Damien e eu. Meu pai estava ocupado demais sendo o Primeiro Governador deste estado, e todas as suas preocupações. Minha mãe, sempre tão orgulhosa, decidiu de última hora que não prestigiaria nossos antigos amigos. O que particularmente estranhei, pois presenciei do lado de fora do escritório do meu pai uma pequena discussão. Eu, passava pelo corredor, que dava acesso a biblioteca, onde tinha a intenção de mostrar ao meu irmão algumas peculiaridades sobre a minha profissão, quando uma voz se exaltou do silêncio do longo corredor. Não se compreendia bem, mas reconheci as vozes de minha mãe e meu pai. A porta encontrava-se entreaberta. Roger Evans foi mencionado.

· Tudo aconteceu a muito tempo, na época eu diria que não pensamos nas consequências. – Silêncio. – Eu estou com medo, fiz tudo por amor a você.

· Não diga besteiras, jamais me amou, amava o título, o dinheiro, e se ainda está comigo hoje e apenas por isso. – Meu pai, se levantou, preparou um drinque e completou. – Não existem provas, foi tudo descartado.

· Então me diga. Como depois de quinze anos, aqueles malditos herdeiros, voltam para esta cidade, querendo se reerguer.

· A pergunta não é como, mas sim porque. Roger sempre foi um desgraçado, teve dinheiro investido em diversos lugares. Muitas vezes me passou pela cabeça, que mesmo com o ato de traição dele, seus filhos estariam bem financeiramente.

O carro encostou, e eu acordei de meus devaneios. Damien pegou em minha mão e sorriu. Está tudo bem. Ele disse, com sua voz suave, seu hálito cheirava a hortelã. A porta do carro foi aberta, eu pego a calda do meu vestido e minha bolsa de mão, me apoio e saio. Um tapete vermelho mostrava o caminho a se seguir, junto de muitas luzes e flashes, a imprensa toda se encontrava aqui. Solto a calda do vestido, e Damien se põe do meu lado, cruza seus braços com o meu, e sorrimos.

Passei metade da puberdade, escondida, tive uma vida privada de tudo, por ser filha do Primeiro Governador. A família Harrins jamais teve um escândalo durante esses anos de mandato do meu pai, tentamos sempre nos comportar. Acredito que depositaram suas falsas esperanças em mim, a ovelha negra. Damien é o exemplo de pessoa a se seguir, assumiu novo os negócios da família. Eu, além de mulher, escolhi a área de medicina nuclear. Fierrer Harrins não permitiu de imediato, até hoje eu diria que ele não aceita, mas a grande diferença do meu irmão e eu, e que o Senhor Harrins me tem como predileta.

Ao chegar a porta de entrada, após diversas fotos, foi entregue a nós dois, máscaras, Damien ficou com a mais básica preta, e a minha, branca. Continuamos seguindo até o salão principal, o lugar era completamente magnifico, os arranjos de flores; lustres feitos de zircônia; candelabros com velas perfumadas coqueiros e arvores médias que mudavam do preto ao branco. Não havia assentos, nosso intuito era andar pelo nobre salão e socializar com os conhecidos da nossa sociedade.

Havia garçons servindo por todo salão, canapés de tomate seco; croquetes de frango; bombons de coco queimado; enroladinho de presunto e queijo; brigadeiro; mousse de limão em recipientes pequenos; casquinha de queijo parmesão com vinho branco; taças de vinho tinto e branco; champanhe; uísque; e por último, água mineral com e sem gás.

Eram poucos os convidados que não se serviam dos quitutes deste evento, a abundância do coquetel era notável. Damien e eu não fomos diferentes, ele se serviu de uísque, e eu de vinho branco.

· Tudo bem se eu perambular pelo lugar, e te deixar um momento a sós? – Damien me questionou, com um pequeno sorriso malicioso.

· Fica à vontade, sei me cuidar. – Sorri, e coloquei a mão na boca.

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