06| Uma Nova - e Peculiar - Presa

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- Acorda, Roberta! - Gritei pela terceira vez naquela manhã.

- Taá! - Sua resposta soou mais como um gemido, mas ainda assim, continuou sem mover-se na cama.

Aff! Roberta é um saco pela manhã. Não acorda de jeito nenhum.

Fechei a porta da geladeira com força e marchei em direção à cama.

- Acorda! - Berrei a centímetros de seu ouvido, fazendo-a pular e virar o braço para mim, quase acertando meu rosto.

- Caralho, Érika. - Soltou, depois de olhar de um lado para o outro, localizando-se. - Você é um saco de manhã, hein? Já não te aguento mais.

- Olha quem fala. - Voltei à cozinha - E de nada. Se não fosse por mim você não teria começado a sua missão até agora.

- Cala a boca. Se é assim, como que eu sobrevivi todos esses anos sem você, hein?

- Eu sinceramente não sei. - Bufei e continuei preparando os sanduíches para o café da manhã.

Depois de comer na bancada da cozinha, observando preguiçosamente o movimento externo pelo pano de vidro que cobria quase toda a fachada do flat, fui ao banheiro escovar meus dentes e maquiar-me. A este ponto, eu já havia descoberto os truques de beleza para o corpo e os realizava em tempo menor a cada manhã.

Usar blush e rímel, somente, pentear o cabelo e passar nele óleo para pontas, além de revesar entre formas de prendê-lo.

O prendi em um rápido rabo de cavalo, afinal, Roberta já havia me atrasado o suficiente e a temperatura estava alta demais para uma manhã.

Para minha surpresa, a preguiçosa se arrumou a tempo de sair junto comigo, mas logo adiantou-se ao sair como vento da garagem com seu Sandero branco.

- Exibida. - Bufei dela pela milésima vez aquela manhã.

Enquanto caminhava para a sala, já na escola, pensava nos meus planejamentos.

Eu havia marcado de estudar com Marcelo e uma garota chamada Lívia amanhã. Formamos um grupo de trabalho quando percebi que ela estava sozinha. O idiota de início não entendeu a boa ação repentina, mas logo evidenciei a beleza da pobre abandonada que babava a aula inteira por ele, o que o deixou finalmente animado.

Eu testaria os limites dele com a menina e daria um passo a mais em minha missão.

(Comecem a música, por favor) ▶

Ao chegar à sala, empurrei a porta, mas ela não abriu, e, ainda assim, fez barulho suficiente para as quarenta cabeças olharem para mim na expectativa do meu sucesso ao abrí-la, visíveis através da folha* de vidro.

Tentei novamente, mas ela estava emperrada, e emitiu um rangido estridente. Algumas expressões eram de agonia devido ao barulho. Outras eram de tédio pela cena ridícula.

Não é bem este tipo de atenção que eu procuro com meus atrasos, pensei.

Uma figura apareceu do outro lado da minha momentânea barreira inimiga e levantou-a com cuidado, evitando que o movimento da folha fosse impedido pelo contato com o chão e abrindo-a com calma e facilidade.

Papel de idiota. Reclamei da situação mentalmente.

- O calor fez o alumínio expandir. - Eu não sabia quem era aquele menino, mas ele definitivamente era novo ali.

Seu sorriso era largo e luminoso. Seus olhos, da mesmíssima cor dos cabelos castanhos, sorriam em harmonia, despreocupados e calorosos.

Analisei seu corpo rapidamente: altura mediana, ombros largos - que pareciam querer abrir caminho pelas mangas da blusa - e pele clara, mas sem exageros.

AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora