- Acorda, Roberta! - Gritei pela terceira vez naquela manhã.
- Taá! - Sua resposta soou mais como um gemido, mas ainda assim, continuou sem mover-se na cama.
Aff! Roberta é um saco pela manhã. Não acorda de jeito nenhum.
Fechei a porta da geladeira com força e marchei em direção à cama.
- Acorda! - Berrei a centímetros de seu ouvido, fazendo-a pular e virar o braço para mim, quase acertando meu rosto.
- Caralho, Érika. - Soltou, depois de olhar de um lado para o outro, localizando-se. - Você é um saco de manhã, hein? Já não te aguento mais.
- Olha quem fala. - Voltei à cozinha - E de nada. Se não fosse por mim você não teria começado a sua missão até agora.
- Cala a boca. Se é assim, como que eu sobrevivi todos esses anos sem você, hein?
- Eu sinceramente não sei. - Bufei e continuei preparando os sanduíches para o café da manhã.
Depois de comer na bancada da cozinha, observando preguiçosamente o movimento externo pelo pano de vidro que cobria quase toda a fachada do flat, fui ao banheiro escovar meus dentes e maquiar-me. A este ponto, eu já havia descoberto os truques de beleza para o corpo e os realizava em tempo menor a cada manhã.
Usar blush e rímel, somente, pentear o cabelo e passar nele óleo para pontas, além de revesar entre formas de prendê-lo.
O prendi em um rápido rabo de cavalo, afinal, Roberta já havia me atrasado o suficiente e a temperatura estava alta demais para uma manhã.
Para minha surpresa, a preguiçosa se arrumou a tempo de sair junto comigo, mas logo adiantou-se ao sair como vento da garagem com seu Sandero branco.
- Exibida. - Bufei dela pela milésima vez aquela manhã.
Enquanto caminhava para a sala, já na escola, pensava nos meus planejamentos.
Eu havia marcado de estudar com Marcelo e uma garota chamada Lívia amanhã. Formamos um grupo de trabalho quando percebi que ela estava sozinha. O idiota de início não entendeu a boa ação repentina, mas logo evidenciei a beleza da pobre abandonada que babava a aula inteira por ele, o que o deixou finalmente animado.
Eu testaria os limites dele com a menina e daria um passo a mais em minha missão.
(Comecem a música, por favor) ▶
Ao chegar à sala, empurrei a porta, mas ela não abriu, e, ainda assim, fez barulho suficiente para as quarenta cabeças olharem para mim na expectativa do meu sucesso ao abrí-la, visíveis através da folha* de vidro.
Tentei novamente, mas ela estava emperrada, e emitiu um rangido estridente. Algumas expressões eram de agonia devido ao barulho. Outras eram de tédio pela cena ridícula.
Não é bem este tipo de atenção que eu procuro com meus atrasos, pensei.
Uma figura apareceu do outro lado da minha momentânea barreira inimiga e levantou-a com cuidado, evitando que o movimento da folha fosse impedido pelo contato com o chão e abrindo-a com calma e facilidade.
Papel de idiota. Reclamei da situação mentalmente.
- O calor fez o alumínio expandir. - Eu não sabia quem era aquele menino, mas ele definitivamente era novo ali.
Seu sorriso era largo e luminoso. Seus olhos, da mesmíssima cor dos cabelos castanhos, sorriam em harmonia, despreocupados e calorosos.
Analisei seu corpo rapidamente: altura mediana, ombros largos - que pareciam querer abrir caminho pelas mangas da blusa - e pele clara, mas sem exageros.
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Ascensão
FantasyPrimeiro lugar em Fantasia no concurso "The Óscar Literário" e finalista nas categorias "melhor protagonista" e "novos talentos" no segundo semestre de 2017. Segundo lugar em Fantasia no projeto "Uma Dose a Mais" em agosto de 2017. Vencedora nas cat...